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O mau exemplo da RTP

A Televisão
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Falar Televisão

Uma das queixas que mais se repete sobre as estações de televisão são as relativas a mudanças de horário. Mesmo que se tratem de programas que tiveram desempenhos de audiência fracos, há sempre quem fique indignado, e com razão. Hoje, com a maior presença das boxes e dos gravadores esse problema é mais fácil de contornar, mas a importância do respeito pelo telespectador mantém-se. O serviço público tem a obrigação de ter um comportamento exemplar neste aspecto. Nas últimas semanas ocorreram 2 casos de trocas de horário: da série Os Filhos do Rock e da novela Os Nossos Dias.

Como se sabe, Os Filhos do Rock transitaram, ao fim de apenas 2 episódios, do horário nobre de domingo para o final da noite de sábado. As audiências modestas terão ditado esta transferência de uma das principais apostas da estação pública, cuja estreia foi intensamente promovida, para um horário com menor visibilidade (e num dia que parte do público mais jovem escolhe para sair à noite). Um triste exemplo dado pela RTP, ainda para mais tendo em conta que a mudança de horário foi pouco divulgada. Isto para não falar do absurdo que foi a RTP comunicar no site oficial da série que não sabia ainda se a mudança seria definitiva ou não. Acabou por se confirmar como definitiva.

Quanto a Os Nossos Dias, embora me pareça que a mudança de horário não prejudica tanto os espectadores (boa parte do público que via a novela ao meio-dia também pode ver a novela às 14 horas), trata-se novamente de um caso de falta de aviso prévio. Os espectadores souberam na sexta-feira, através do rodapé, que na próxima segunda a novela daria num outro horário. Quem não viu aquele episódio provavelmente foi apanhado desprevenido. Mas aqui a explicação para esta decisão «em cima do joelho» pode ser outra: esta mudança de horário deverá ter sido a reação da RTP a uma outra mudança de horário na SIC, da novela Senhora do Destino das 18h para as 14h30, anunciada na véspera durante a noite. Em poucas horas a RTP foi a jogo e trocou as voltas à concorrência. Uma prática de contra-programação que, embora dentro do limite legal das 48 horas de antecedência, fica muito mal à estação pública.

São medidas como estas que infelizmente dão argumentos aos detratores do serviço público de televisão. É legítimo questionar-se sobre a utilidade de uma RTP que replica as piores práticas de gestão de programação das privadas. O espectador do serviço público merece respeito, até porque é igualmente contribuinte (e acionista) da RTP. A pressão para recuperar as audiências pode ser grande, mas estas medidas podem ter danos na imagem da estação pública.

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