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Já vimos melhor

A Televisão
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Suicídios em massa e um miúdo que visto por trás parece uma velha, «no fim ganham as tetas». O primeiro episódio de Melhor do que Falecer, emitido ontem na TVI, dividiu opiniões, tal como o especial A Solução que os Gato Fedorento fizeram para a SIC em dezembro. Depois de anos de uma aparente unanimidade em torno dos Gato Fedorento (centrada principalmente na figura de Ricardo Araújo Pereira), a longa pausa televisiva parece ter elevado bastante a fasquia de alguns fãs, ou então originou uma predisposição para mostrar alguma desilusão pelo regresso ao pequeno ecrã. É certo que não se trata de um regresso dos Gato mas sim de um quarto dos Gato (acompanhado no primeiro episódio pelo brilhante Miguel Guilherme).

Confesso que não entendo algumas das críticas que vi por aí ao primeiro episódio de Melhor do que Falecer. Além da questão do formato de curta duração (já explicadas pelo autor e pela estação), vi muitos estranharem o facto de um dos sketches ser adaptado de uma rábula feita por RAP na Mixórdia de Temáticas da Rádio Comercial. Essas pessoas certamente não perceberam qual o propósito do programa: levar o espírito da rubrica radiofónica para o pequeno ecrã. Percebo a deceção que alguém que espera ver material novo possa ter ao reconhecer o sketch que já tinha ouvido, mas essa é uma premissa do programa que faz todo o sentido. A rádio é o melhor laboratório (ou Tubo de Ensaio, para citar o espaço de Bruno Nogueira e João Quadros na TSF) para experimentar novas ideias e rábulas. Não é por acaso que os mais brilhantes momentos de Herman José na TV foram sketches «repescados» à rádio.

Outra crítica que ouvi era mais simples: não teve piada. Não entendo esta crítica vinda dos fãs dos primórdios dos Gato, pois acho que qualquer um dos sketches do primeiro episódio poderia perfeitamente estar presente nas primeiras séries dos Gato Fedorento (e aí certamente já seriam geniais e revolucionários). A única coisa que separa estes sketches de alguns dos feitos na SIC Radical são dez anos – talvez seja esta a razão do desencanto. Além disso, o auge dos Gato Fedorento foi a fazer humor colado à atualidade e à sátira política e desportiva. Os momentos mais brilhantes dos Gato podem ser no nonsense, mas foi o Diz que é uma espécie de Magazine que lhes deu grandes audiências, e é essa a referência de boa parte do público.

Em suma, já vimos melhor que o Melhor do que Falecer, mas o primeiro programa não foi assim tão mau. Não teve audiências brilhantes, mas também não foi o fracasso que por aí se diz. Veremos se consegue continuar a pôr pessoas em frente ao ecrã para um programa de cinco minutos que pode facilmente ser visto pouco tempo depois na internet.

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