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As vilãs fazem a novela

A Televisão
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Desde sempre o fruto apetecido sempre foi o mais apetecido, quer seja ele a maçã, referindo-me à famosa história de Adão e Eva, o morango, remetendo-me ao tema do genérico da primeira série da famosa produção Morangos com Açúcar ou o dinheiro, exponente máximo da ambição de grande parte das vilãs.

Já dizia o grande Vilhena que «Uma história é tão boa quanto o seu vilão», e eu sublinho e subscrevo por completo. É óbvio que existem outros condimentos indispensáveis para esta grande salada que é a telenovela, entre os quais o doce romance, a agridoce traição, o bem salgado ódio e uma boa pitada de mistério, mas as vilãs FAZEM a novela.

Os Dotes Incondicionais duma Veterana Atriz (DIVA), a par da Vaidade Inerente à Limitadora Ambiciosa (VILÃ) deixam-nos colados à televisão, deixam-nos enjaulados na sua mente diabólica, calculista e maliciosa, deixam-nos engaiolados nas suas tramas e com vontade de saber o que elas vão fazer a seguir. Elas transformam-nos em Crôs, que sabem das maldades da vilã, mas, ainda assim, continuam a gostar dela.

As vilãs ficam cravadas na nossa memória. Podemos esquecer-nos do nome da novela, da música do genérico ou até do nome do protagonista, mas o nome das vilãs, esse, não abandona a nossa memória, e a prova disso é ainda nos dias de hoje estarem alojadas no nosso livro de recordações (o cérebro).

Flora, de A Favorita, Nazaré, de Senhora do Destino, Carminha, de Avenida Brasil ou, no panorama nacional, Diana, de Laços de Sangue, Luiza Albuquerque, de Ninguém como Tu destacaram-se brilhantemente, roubando as atenções para si mesmas; mas serão elas memoráveis o suficiente para ultrapassar a célebre Perpétua, de Tieta, e a rainha de todas as vilãs, Odete Roitman, de Vale Tudo?

As audiências ganham voz própria e dizem-nos, comunicando por números, que Tieta, Vale Tudo, Ninguém como Tu, Avenida Brasil foram das novelas mais vistas de sempre, com últimos episódios obtendo resultados arrebatadores, provando assim o impacto que a «mazinha» tem na história e consequente desenlace. Já Laços de Sangue …só arrecadou um mísero Emmy (mais pura das ironias).

Quer queiramos quer não, a vilã, uma BOA vilã, passa por cima de todos os outros nossos gostos. Perante uma vilã esquecemo-nos da história de amor impossível, da viúva cómica, do rapaz musculado da novela, da rapariga atiradiça, da típica beata,… que são obviamente importantes para sustentar a novela; mas o que nos faz realmente estar sentados no sofá sem nos levantarmos, sem sequer desviar o olhar para ver a mosca que nos passa ao lado, é a ânsia de ver a próxima piada de humor negro dela, a próxima maldade, a próxima monstruosidade.

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