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A desgraça alheia

A Televisão
2 min leitura

Falar_Televisao 2012

Não lembra ao diabo as constantes capas de revistas de televisão que nos aparecem à frente todas as semanas. É o Zé que teve um passado tenebroso, a Joana viveu na miséria durante séculos, o João foi abandonado pelos pais e pelo cão aos cinco anos de idade, a Maria matou uma mosca que lhe estava a incomodar, o pai do Pedro vendia roupa às bolinhas na feira popular, a Maria não sabe quem é o pai da criança, o Ricardo foi traído pelo gato que decidiu ir morar para a casa do vizinho e, por fim, a Sofia tocou no casaco de um famoso qualquer e agora também é celebridade. Bem, há com cada novela mexicana…

Questiono-me: estes assuntos ainda vendem? Se calhar sim, caso contrário não continuaríamos a “bater” com a cara nestas publicações. A polémica sempre deu e sempre dará boas receitas, é certo. A desgraça alheia desperta uma imensa curiosidade entre nós, está claro. Mas não existirão tantos outros temas (bons temas, excelentes temas) que também atraiam o público? Sinceramente, acho que as coisas positivas também podem ter sucesso na imprensa. O que é preciso é arrancarmos da nossa mente que o que faz disparar as vendas é somente (e apenas) o lado negro dos outros. Isso está tão, mas tão errado.

Dou por mim, num quiosque ou numa papelaria, e nem sequer tenho aquele estímulo para ler o título da capa. Já sei que ali está desgraça da boa. Da grossa. Não é preciso ler, a sério. De certeza que o protagonista é o pai do Pedro que vendia roupa às bolinhas na feira popular. Apostam comigo? As coisas chegaram a um ponto que já ninguém se surpreende. O povo começa a ficar tão habituado a cenários terríveis, que nem dá por nada. Nem sente a “picada”. À noite, enquanto estamos a jantar, assistimos às notícias mais horripilantes e macabras na televisão. E continuamos a comer, como se nada fosse…

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