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O “Remédio Santo” da TVI

A Televisão
68 min leitura

Foi na noite de 23 de Novembro de 2010 que o nome de António Barreira, da ficção portuguesa, feita no nosso país, se tornaram conhecidos além-fronteiras. Hoje, quase seis meses depois, chega aos ecrãs da TVI uma nova produtora com a assinatura do mesmo autor.

Com um elenco de luxo, cenários verdadeiramente apaixonantes do interior do país, nomeadamente de Viseu, uma dose de humor fora do comum em produções de Queluz de Baixo, Remédio Santo tem depositada em si expectativas bastante elevadas. Mas, mais do que isso, tem uma dura missão pela frente: ser igual ou melhor do que Meu Amor e conseguir manter, ou aumentar, os resultados feitos pela antecessora, Espírito Indomável. Será capaz? Irão os portugueses reagir bem a tanta qualidade?

A algumas horas da sua estreia, fique a par de tudo o que tem que saber sobre a nova telenovela da televisão de Queluz de Baixo.

O nome

Assim que Meu Amor chegou ao fim nos ecrãs da TVI, e se soube da nomeação para os Emmy’s, logo a imprensa começou a especular sobre o próximo projecto de António Barreira. Se, inicialmente, estava previsto que uma nova telenovela com a sua assinatura começasse a ser rodada somente em Setembro próximo, cedo a TVI decidiu avançar já com a história do autor de outros sucessos, como Fascínios, em detrimento da de Tozé Martinho.

E, como em qualquer nova produção, mais do que actores, argumentistas, cenários, qual o primeiro pormenor que se escolhe? O nome, claro está. Se, Espírito Indomável sempre foi conhecida por esta denominação, bem como Anjo Meu, o primeiro nome desta nova produção de António Barreira foi Diamantes. Exactamente, embora tenha durado pouco tempo, uma vez que em meados deste ano passou a denominar-se Eclipse. Pelo seu lado mais místico, por ter um seriall killer, foi este o nome pelo qual foi conhecida nos últimos três meses.

Todavia, este não era, de facto, um exemplo semelhante ao de Espírito Indomável ou Anjo Meu e a 21 de Abril último, o Diário de Notícias anunciou, em primeira mão, que a última escolha dos responsáveis da TVI, em consenso com a produção da telenovela era mesmo Remédio Santo. Os motivos, esses, são simples: “A escolha deste nome prende-se com a componente de humor que vai ter”, adiantou uma fonte ao referido jornal.

Alguns dias depois, a confirmação oficial: Remédio Santo era a nova telenovela da estação de Queluz de Baixo.

A História

Falta menos de uma semana para a grande estreia da novela que promete por os portugueses a rir. Conheça, agora, a história de Remédio Santo:

Há trinta anos, Violante (Margarida Marinho) estava de casamento marcado com o ambicioso Daniel (Almeno Gonçalves), inconformado com a pobre vida que tinha. Sequioso de ascensão social, Daniel não hesitou em trocar a namorada pobre e que esperava um filho seu, pela milionária Eugénia Monforte (Sílvia Rizzo). Eugénia e Violante eram amigas e a traição aconteceu da pior maneira possível. No dia do casamento, Daniel fugiu com Eugénia, deixando Violante no altar.

Trinta anos depois, Violante vê-se obrigada a regressar de Espanha – para onde foi viver e onde casou por conveniência – para Portugal. Nesse regresso, mata acidentalmente o marido, descobrindo posteriormente que este lhe escondera um filho bastardo durante toda a vida. Sentindo-se enganada, Violante entra em guerra aberta com Armando Ferreira (Adriano Luz), o filho bastardo do marido, com quem tem que disputar a herança do falecido, ao mesmo tempo que reencontra Daniel, o homem que mais a fizera sofrer.

Na origem desta reviravolta total da vida de Violante, está a sua filha Helena (Rita Pereira), cuja rebeldia e inconsequência não têm limites. Helena está envolvida com Gonçalo Monforte (João Catarré), um dos filhos do antigo namorado da mãe. Tal como o pai fizera no passado, Gonçalo abandona Helena e esta, enlouquecida de amor, inventa que está grávida e vem atrás dele para Portugal, para o obrigar a ficar com ela. Mas Gonçalo não a ama, nem quer saber dela. O seu coração vai pertencer a Aurora (Sara Barradas), sem saber que esta é uma mulher proibida para ele e para todos os homens, pois foi erigida à condição de santa praticamente desde o seu nascimento. Gonçalo e Aurora terão sempre Helena entre eles, disposta a fazer a vida negra a quem se atravessar no seu caminho para impedir o seu casamento com o rapaz.

Em Viseu e na aldeia de Mundão, circulam tipos pitorescos com quem as duas “espanholas” se vão cruzar: Hortense (Sofia Alves), conhecida como “Viúva Branca”, por já ter despachado três maridos, mas ter esperança no quarto; Evangelina (Patrícia Tavares), uma aristocrata falida, que recorre a uma série de disfarces para ganhar dinheiro; as irmãs Muleta NegraMaria Polícia (Rita Loureiro), Maria Coveira (Anabela Brígida) e Maria dos Caixões (Julie Seargent) – sempre a lidarem com a vida e com a morte, desde a agência funerária Conforto Eterno até aos bailes das viúvas, divorciadas, solteiras e mal casadas que organizam em sua casa; ao falso coxo Renato (Rodrigo Menezes), o maior “pintas” da região, que se aproveita duma suposta deficiência para viver à custa da mulher, Sara (Paula Lobo Antunes), que se mata a trabalhar em prol da família; o pastor Ângelo (Pedro Carvalho), cuja flauta tem poderes mágicos, provocando boas sensações em quem a ouve; até a uma figura misteriosa, vestida de preto, encapuzada e munida de um cajado, que atravessa o rio durante a noite numa jangada, deixando cartas à porta de pessoas a avisá-las que morrerão no dia seguinte, mortes essas que se concretizam.

Amor, romance, humor, fantasia, ódios, traições e invejas, santos e demónios, misturam-se num ambiente místico e quase mágico, em que cada um procura um remédio santo para todos os seus males. Basta apenas descobri-lo… A não perder, segunda-feira, dia 16 de Maio, Remédio Santo, na TVI!

O Elenco

BORGES

Violante Coelho Borges – Margarida Marinho / Eva Barros

É uma mulher elegante, refinada, excêntrica, que gosta de usar roupas caras e jamais sai à rua sem estar maquilhada. De personalidade firme e vincada, raramente se deixa abater e enfrenta os seus inimigos com frieza e determinação. Aparenta estar sempre de bom humor e usa a extroversão como forma de disfarçar a amargura e tristeza que a consomem por dentro. Criou esta capa para tentar apagar a mulher que foi no passado.

Há trinta anos, era pobre e foi abandonada no dia do casamento por Daniel, que a trocou pela melhor amiga, Eugénia. Desesperada, foi levada para Espanha por Álvaro Borges. Perdeu a criança que esperava do ex-noivo e jurou que jamais aMaria alguém ou voltaria à sua terra natal. Cortou relações com a família, à excepção do pai. À mãe nunca perdoou a preferência que manifestava pela amiga Eugénia, desde a infância.

Casou com Álvaro, com quem tem uma relação de respeito, mas sem afecto. A sua ascensão social fez dela uma presença obrigatória nas festas mais badaladas de Salamanca, onde reside com o marido e os filhos. Mãe de Helena e Miguel, nunca deu grande atenção a nenhum dos dois, até ao dia em que Miguel sofreu um acidente, que o deixou surdo. Sentindo-se culpada, é, desde então, muito protectora em relação ao filho, mas vive em constante atrito e tensão com Helena.

Álvaro Borges – Nicolau Breyner / Ricardo Castro

É um homem distinto, um dos mais renomados professores universitários de Medicina na Universidade de Salamanca, onde fixou residência em criança, quando os seus pais, de origem portuguesa, para lá se mudaram. Possui uma grande fortuna, proporcionando à família uma vida luxuosa.

Desde cedo que se apaixonou pela região de Viseu, onde comprou terras e gado, além de financiar negócios de outras pessoas, aos quais cobra juros elevados. Era ainda estudante quando se envolveu com Nazaré, uma mulher casada que engravidou dele e deu à luz Armando, que foi assumido pelo marido dela. Álvaro e Nazaré fizeram um pacto de só revelar a verdade ao rapaz quando Álvaro decidisse que era o momento certo. Após levar Violante consigo para Espanha, casou com ela e proibiu Nazaré de contar a Armando que ele era o seu pai. Entre Espanha e Portugal, acompanhou o crescimento dos seus três filhos: o bastardo, que tornou no homem da sua confiança, aquele que conhece os seus negócios, e os legítimos, Helena e Miguel.

O casamento com Violante sempre se pautou pelo respeito mútuo, sem grande afecto entre os dois. Nunca lhe contou que já tinha um filho quando caSaram. Tem uma ligação muito forte com a filha, Helena, a quem satisfaz todos os caprichos. Morre num acidente de carro e o seu testamento vai deixar a família legítima em pé de guerra com o filho bastardo.

Helena Coelho Borges – Rita Pereira

Filha mais velha de Violante e Álvaro, é deslumbrante e chama a atenção de todos. Muito ligada ao pai, sente falta do amor que a mãe nunca lhe deu. Foi mimada em excesso, o que lhe permitiu fazer sempre tudo o que quis.

É impulsiva, determinada e obsessiva em tudo o que faz. Não sabe lidar com o final seja do que for, o que a faz criar uma realidade paralela àquela em que vive. Anda quase sempre com uma máquina, fotografando coisas variadas e díspares, que depois organiza num quarto onde ninguém entra. É uma pessoa algo desequilibrada, que envereda por situações de altíssimo risco para se acalmar. Nesses momentos de total descontrolo, perde a noção da realidade e de tudo o que a rodeia. Quando se acalma, a frieza, o pragmatismo e o maquiavelismo tomam conta de si.

Estuda na Universidade de Salamanca, mas é pouco aplicada. Foi para enfermagem, como poderia ter ido para outro curso qualquer. Nasceu rica e vive do que o dinheiro lhe pode proporcionar.    Ao perder o pai de forma súbita e depois de acusar a mãe de ser uma assassina, torna-se uma pessoa descrente e sem fé. Já teve muitos namorados, mas sempre os usou e deitou fora como bem entendeu. Gonçalo foi o único que amou e o único que a rejeitou, despertando nela um desejo doentio de tê-lo para si.

Miguel Coelho Borges – Lourenço Ortigão


Filho mais novo de Violante e Álvaro, é um rapaz pacato e inseguro, mercê da sua deficiência auditiva, provocada por uma queda na piscina da casa de Salamanca. Tem poucos amigos, mas todos o adoram por ser generoso, abnegado e um verdadeiro coração de ouro. Por isso, nunca culpou a mãe pelo acidente que sofreu.

Estuda música no Conservatório de Salamanca. É esforçado, com os outros sentidos mais apurados do que a audição e com uma noção de ritmo fora do vulgar. Quer singrar na música popular e nos ritmos mais batidos. E, apesar de surdo, poucos têm o sentido de musicalidade apurado como ele. Fica afectado pela morte do pai, mas jamais acusará a mãe, ficando incondicionalmente do lado desta.

Pouco ligado a coisas materiais, é um amante da Natureza e do misticismo que rodeia a aldeia, mas tem pavor da água e evita aproximar-se do rio que corre ali perto. Estabelece uma ligação quase de irmão com Ângelo, o pastor filho do seu irmão bastardo. Como Ângelo também toca flauta, os dois formam um duo musical de sucesso.

FERREIRA

Nazaré Ferreira – Delfina Cruz


Típica mulher do campo, nunca saiu da aldeia onde nasceu. É amarga e desgostosa com a vida, marcada pelo tempo e pelo desgosto de nunca ter ficado com o homem que realmente amou, Álvaro. No auge da sua juventude, deixou-se encantar por ele. Era casada com um homem simples, mas traiu-o com o seu grande amor. Não sentiu remorsos da traição. E, mesmo sabendo que o filho que carregava era de Álvaro, permitiu que o marido assumisse Armando como seu filho. No entanto, nunca escondeu a verdade a nenhum dos dois e permitiu que Álvaro desfizesse qualquer dúvida sobre a paternidade com um teste de ADN. Quando Álvaro casou com Violante, viu-se apagada da vida dele e viu-se remetida à condição de governanta da casa deste em Viseu. Engoliu o orgulho, porque precisava de trabalho e cumpriu a promessa de não revelar a verdadeira paternidade de Armando, mas nunca se conformou, vivendo revoltada com o destino que traçou para si.

Trata da casa de Álvaro como se fosse sua. Também cuida do filho, Armando, e do neto, Ângelo. Escondendo um vazio sentimental terrível, apegou-se à religião. Ou melhor, ao mito da Santinha da Luz, devido à relação de amizade que possui com Jacinta. Transformou-se numa beata, daquelas que criticam todas e quaisquer atitudes que possam ofender a moral e os bons costumes. Habilidosa, encarrega-se de fazer as lembranças alusivas à Santinha da Luz, sendo ludibriada por Jacinta.

Armando Ferreira – Adriano Luz


Homem do campo, criado na terra, à qual tem grande apego. Veste roupas de qualidade e apropriadas a um homem que exerce as suas funções – controlar todos os negócios de Álvaro em Viseu. É firme, decidido, sabe como se trata da terra e gosta de dar o exemplo aos outros. Não manda fazer sem primeiro ensinar, deitando mãos à obra sempre que é preciso dar o exemplo. Estudou até ao 12º ano e só não fez um curso superior porque preferiu começar a trabalhar. Não quis sobrecarregar a mãe, nem aceitar a ajuda do homem que julga ser apenas um patrão e não seu pai. É orgulhoso e teimoso. Intermediário nos negócios de Álvaro na região, sempre ganhou comissões com esses negócios, mas jamais roubou quem lhe paga o salário. Tem um lado machista acentuado. Foi abandonado pela mulher, que o deixou com um filho nos braços, Ângelo. Mas sofre em silêncio por não ter sido correspondido no amor que sentia pela mulher. Esconde, porém, essa fraqueza e o orgulho ferido de macho atrás da brutalidade. Até do filho, que trabalha no campo como pastor e que ele trata como um outro trabalhador qualquer da propriedade. Filho bastardo de Álvaro, herda uma grande fortuna com a morte deste.

Ângelo Ferreira – Pedro Carvalho

Filho único de Armando, é a simplicidade em pessoa. Nunca teve vocação para os estudos e, por mais que o pai o obrigasse, fugia da escola para se dedicar ao rebanho. Chumbou sucessivamente de ano, até que o pai se viu obrigado a tirá-lo da escola e a pô-lo a trabalhar como pastor, que é o que realmente gosta de fazer. Passa os dias no campo a guardar o gado, sempre acompanhado do seu fiel cão e da sua flauta. Tudo faz de bom agrado e está sempre disposto a ajudar o próximo. Não reclama das exigências paternas nas questões de trabalho, nem da falta de afecto do pai. Mas sente isso na pele, tal como sente a falta da mãe, que abandonou a família e nunca mais quis saber dele. Evita pensar muito sobre esse assunto, concentrando-se no trabalho e nos afazeres do dia-a-dia. Nada o intimida, a não ser a água, da qual tem pavor, pois não sabe nadar e vive com receio de cair ao rio.

No amor não tem muita sorte. Tem uma paixão platónica por Aurora, mas nunca teve coragem de lhe declarar o seu amor. No entanto acabará por disputá-la com Gonçalo. Torna-se muito amigo de Miguel, a quem verá como um autêntico irmão. Nessa altura, e apesar da surdez de Miguel, os dois descobrem grandes afinidades musicais e decidem formar um duo musical de sucesso. Dá-se bem com toda a gente e gosta de ajudar o próximo.

ROSÁRIO

Jacinta Do Rosário – Manuela Maria


Mulher rústica, de personalidade forte, ficou sozinha no mundo, quando um terramoto na aldeia levou toda a sua família, à excepção da neta, Aurora, cujo nascimento foi considerado um milagre. Tinha acabado de se mudar para a zona, após reformar-se, quando tudo sucedeu e aproveitou-se do fenómeno natural para criar o mito da santidade em torno da neta.

Veste com austeridade e continua a viver na pobreza, embora tenha dinheiro amealhado, graças à expansão do mito da Santinha da Luz, que alimenta de todas as maneiras. Conta com a ajuda de um grupo de beatas, liderado por Nazaré. É espertalhona, sagaz e negociante nata, que lucra com a fé do povo. Em dias de roMaria, tem uma banca montada à porta de casa, onde se vendem lembranças alusivas à neta, que as beatas criam com devoção, ficando com a maior parte do lucro para si. Apesar de tudo, é temerosa a Deus, a quem pede perdão por alimentar uma mentira, justificando-se com a necessidade de sobrevivência.

Aurora Do RosárioSara Barradas

Dona duma beleza angelical, veste de modo simples e despojado, com ar de menina feita mulher, meio traquina e meio ingénua, típico de quem nunca saiu daquela aldeia para conhecer mundo, nem teve uma vida plena de liberdade. É pura, doce, meiga e bondosa, conformada com a sua santidade, que não questiona.

Desde praticamente o seu nascimento que é considerada santa, a Santinha da Luz, aquela que fez da noite dia ao acabar com um eclipse do sol e um terramoto que se abateu sobre a aldeia no dia em que nasceu. Perdeu os pais e toda a família no terramoto. Sobreviveu-lhe a avó, Jacinta, que a criou desde então, incutindo-lhe sempre a sua santidade. Não teve uma infância como a das outras crianças. Teve lições em casa, porque, na escola, os miúdos ou tinham medo dela, ou gozavam com o facto de ser santa. O único que a protegia era o pastor Ângelo, o único amigo que tem.

Vive sob o jugo da avó, enclausurada em casa, longe do contacto com os outros, a não ser nos momentos em que foge e se escapa para a montanha, para se refugiar do peso que lhe foi incutido. Mas regressa sempre para desempenhar o papel de santa na perfeição. Cura doentes, abençoa pessoas, salva gado e pastagens… Tudo com uma simples bênção, reza e um sinal da cruz.

Ao conhecer Gonçalo, apaixona-se pelo rapaz, o que a deixa confusa, pois desconhece o que seja o amor. Além de o seu estatuto de Santa a impedir de viver um amor carnal.

MONFORTE

Graça Monforte – Simone de Oliveira

Mulher bonita, bem conservada, cheia de classe, que aprendeu a ser quem é. Nasceu pobre, mas fez um excelente casamento e subiu na vida, entrando para uma das mais tradicionais e ricas famílias de Viseu. Aprendeu a ser uma senhora e a comportar-se como tal. É austera, conservadora, severa e exigente.

Mãe de Eugénia, António e Hortense, sempre quis determinar o futuro dos filhos, sem sucesso. Cortou relações com Hortense, quando esta engravidou, ainda em solteira; foi obrigada a acostumar-se ao facto de António se ter tornado padre; e colocou todo o peso da família nos ombros de Eugénia e do genro Daniel, com quem se identifica, por ter vindo também de baixo. Pôs todos os negócios nas mãos de Daniel, que quase arruinou financeiramente a família. Exige-lhe que recupere tudo o que perderam e hipotecaram. Também quer controlar a vida dos netos, nomeadamente Gonçalo.

Embora tenha horror à pobreza e à vida simples que levava, não consegue desligar-se das suas origens. Por isso, às escondidas da família, frequenta os bailes das viúvas em casa das irmãs Muleta Negra, onde dança noite fora.

Daniel Tavares Monforte – Almeno Gonçalves / João Catarré


Nasceu pobre, mas nunca se conformou com a vida que a família lhe tinha destinado. Percebendo o interesse da milionária Eugénia Monforte em si, abandonou a noiva Violante no dia do casamento, apesar de a amar. Fez do dinheiro o seu objectivo de vida, esquecendo os sentimentos. Usa a sobranceria e a arrogância como armas de defesa para esconder as suas fraquezas.

Cortou relações com toda a sua família, adoptando o sobrenome da família da mulher e renegando o seu. É um pau mandado nas mãos da sogra, Graça. Ao assumir os negócios dos Monforte, colocou a família numa situação de crise financeira. Para sair dela, endividou-se junto de Álvaro, sem sequer imaginar que este é casado com a mulher que abandonou. Dominado pela ânsia de conseguir provar à sogra que consegue recuperar o património, colocou tudo nas mãos da sua inimiga número um.

Vive uma relação de tensão permanente no casamento e só se mantém casado para não perder o estatuto que alcançou. Pai de Fernando e Gonçalo, hostiliza o filho mais velho, tratando-o quase com desprezo. Gonçalo é o seu preferido, até por ser a sua cara chapada. Preparou-o para ser o seu substituto nos negócios da família. Permitiu que o filho se licenciasse em Medicina, desde que não descure as obrigações que sobre ele impendem.

EUGÉNIA MONFORTE – Sílvia Rizzo / Diana Nicolau

Bonita e elegante, é uma mulher obcecada com a juventude perdida. Por isso, passa a vida a fazer plásticas. Quando era jovem, roubou o namorado à melhor amiga, para casar com ele. Sempre foi apaixonada por Daniel e, na iminência de o perder, não se coibiu de lhe oferecer tudo o que possuía. Não perde uma oportunidade de atirar à cara do marido que a sua conta bancária pesou sempre mais que o coração em todas as decisões que ele tomou. Sofre com o vazio que é a sua vida.

O casamento com Daniel está mais que esgotado, mas o que ainda sente pelo marido fá-la permanecer ao seu lado. A sua relação com a mãe é de tensão constante, já que é criticada pela educação que deu aos filhos, pelo pouco apoio que dá ao marido, pelo dinheiro que gasta… por tudo. Vale-lhe o apoio e o carinho sem limites de Brígida, a sua ama, que sempre a tratou como a sua menina querida.

No que toca aos filhos, é uma leoa a defender tanto Fernando como Gonçalo. Ao contrário do que conseguiu para si, deseja que os filhos sejam felizes e incita-os a lutarem, embora ela própria não seja capaz de o fazer.

Fernando MonforteRenato Godinho

Educado, culto e refinado, é daqueles que sabem estar e falar. Por detrás da sua calma aparente, esconde-se um homem revoltado, invejoso, manipulador, maquiavélico e frio.

Filho mais velho de Daniel e Eugénia, cresceu hostilizado pelo pai, a quem faz tudo para agradar, tal como a todos os outros membros da família, nomeadamente à avó, Graça, a quem dá graxa para que seja tido por ela em consideração. Nunca percebeu porque razão os negócios da família não lhe foram destinados. Licenciou-se em Gestão apenas para agradar a Daniel, mas nem assim conseguiu a atenção do pai, sempre voltada para o irmão. Por isso, odeia Gonçalo, ainda que disfarce esse ódio de morte com a capa de melhor amigo. A mãe é a única que o entende e acarinha. Mas quem ele queria que lhe dedicasse atenção era o pai. Por causa deste perdeu o seu grande amor. Apaixonado pela sua prima Amélia, pertencente ao lado da família com quem o pai cortou relações, preferiu sofrer e separar-se da rapariga do que desagradar ao pai. Ambicioso, quer controlar o império da família e tudo fará para descredibilizar o irmão. É carente e solitário, acabando por atraiçoar, com o seu carácter falso, quem se aproxima dele. E acaba por ficar sempre sozinho.

Gonçalo Monforte – João Catarré


Bonito e atlético, faz sucesso entre as mulheres. Estudante de Medicina em Salamanca, fez o curso nos anos que eram previstos, mas não deixou de aproveitar o lado boémio da vida universitária. É honesto, bom carácter, empenhado e empreendedor. Filho mais novo de Daniel e Eugénia, é o preferido de toda a família, em especial do pai, por ser a cara chapada deste quando era novo. Foi designado pelo pai e pela avó como aquele que irá assumir, um dia, o comando dos negócios da família. Aceitou essa obrigação para não desagradar a quem sempre o mimou. Apesar de querer abrir um consultório onde possa exercer e ajudar os mais necessitados, sabe que os negócios dos Monforte estarão sempre em primeiro lugar. O peso que se permitiu incutirem-lhe leva-o, muitas vezes, a desistir dos seus verdadeiros sonhos. Mantém laços secretos com a família do pai, sem que este saiba. Às escondidas, visita o avô Zé Tavares e, em Salamanca, o seu melhor amigo é o primo Celso, estudante de Medicina como ele. Também se dá com a tia Hortense e o primo Sebastião, embora o faça de modo discreto, pois sabe a irritação que isso provoca na avó, a quem não quer decepcionar. É um rapaz que tem tudo para ser feliz, mas que aceitou imposições externas das quais não se consegue libertar para alcançar a felicidade que tanto almeja. Quando abandona Salamanca, abandona também a obsessiva Helena, encontrando em Aurora, a Santinha da Luz, o seu verdadeiro amor. Mas terá sempre a sombra do passado e o mito de Aurora a impedirem a sua felicidade.

António Monforte – MarcAntónio Del Carlo


Homem bonito, de porte, com charme e distinção, é padre em Mundão, uma das aldeias do concelho de Viseu. É rezingão, rabugento, intransigente e muito conservador no que concerne às questões religiosas.

Filho do meio de Graça, nunca foi apegado à religião. Pelo contrário. Quando era jovem passava o tempo em copos, relações fugazes e noitadas com os amigos. Até que, um dia, sofreu um grave acidente e apegou-se a Deus. Prometeu que Lhe dedicaria a sua vida se conseguisse sobreviver sem sequelas e assim aconteceu. Contrariando a vontade da mãe, foi ordenado Padre, embora hoje seja um dos maiores orgulhos da matriarca dos Monforte, que assim viu o filho endireitar a vida.

É o maior opositor do fenómeno da Santinha da Luz, criticando aqueles que consideram a rapariga santa, mas não tem remédio a não ser cruzar os braços diante do mito. Procura a harmonia de toda a família, nomeadamente que a mãe Graça e a irmã Hortense façam as pazes e se entendam de vez. Tem adoração por todos os sobrinhos e a todos quer ver felizes.

É um desportista nato e adora correr, exibindo os seus músculos. Mas é firme e fiel nas convicções que tem e nada abala a sua relação com a Igreja.

“VIÚVA BRANCA”

Hortense Monforte – Sofia Alves

Muito bonita, distinta e com classe, tem uma personalidade muito forte, cheia de determinação e coragem, sendo uma mulher a quem ninguém cala.

Filha mais nova de Graça, cortou relações com a família, quando engravidou de Sebastião, ainda em solteira, sem nunca ter revelado quem era o pai do filho. É dona do bar Viúva Branca, o que condiz com a sua condição. Já perdeu três maridos, mas ainda tem esperança no quarto. Por isso, veste sempre em tons claros, como se fosse uma noiva, por estar sempre pronta para o casamento e para o funeral. Guarda religiosamente as cinzas dos tês maridos em pequenos potes, dos quais ninguém se pode aproximar.

Tem pavor da solidão e, por isso, faz questão de controlar todos os passos do filho, de forma quase doentia. Para não se sentir sozinha, hospeda a amiga Evangelina em sua casa. Tem um coração de ouro, gosta de ajudar toda a gente, mas também é extremamente exagerada em tudo. Gere o seu bar com sucesso, que é o ponto de encontro dos homens de negócios e das mulheres de classe alta da região. Sempre que está no bar, procura algum homem que possa interessar-lhe. Desde que se chame

Sebastião Monforte – Pedro Caeiro

Animado, bem-disposto e sedutor, faz as raparigas suspirarem por ele. É aventureiro, amante de desportos radicais e do perigo. Tudo isto quando está longe da mãe, Hortense, que faz questão de o controlar. Foi criado com uma protecção excessiva, o que, em nada, reforçou a sua personalidade. Está a tirar um curso na área da gestão hoteleira, que não lhe agrada. Fê-lo apenas por vontade da mãe. Fora de portas, é firme e determinado, mas basta chegar ao pé da mãe para se tornar noutra pessoa. É incapaz de dizer-lhe que não e isso fá-lo sentir-se revoltado consigo mesmo e achar-se um fraco. Sente-se sufocado, incapaz de ter uma vida normal como os outros rapazes da sua idade. Acontecem-lhe coisas estranhas em todos os seus relacionamentos amorosos.

Desabafa frequentemente com a amiga da mãe, Evangelina, que reside em casa deles. Sabe que a mãe convive mal com a solidão e não tem coragem de deixá-la. Também é conhecedor dos boatos que circulam sobre Hortense acerca da morte dos seus três maridos e teme que a mãe possa estar envolvida na morte deles.

Evangelina Bettencourt Resende – Patrícia Tavares

Oriunda duma família aristocrática e com uma linhagem de mais de quatrocentos anos, é educadíssima, elegantíssima, cheia de classe e compostura. Mas a verdade é que está completamente falida. Esbanjou toda a herança que os pais lhe deixaram, ao ponto do velho casarão da família estar quase a cair por dentro. Para sobreviver, não teve outro remédio a não ser recorrer à sua amiga Hortense e pedir-lhe abrigo, enquanto iria fazer umas supostas obras no casarão.

É esbanjadora, impulsiva, esperta e não tem medo do trabalho. Mas também depende do trabalho, porque uma mulher como ela não estraga as unhas com trabalho braçal. Dona duma imaginação muito fértil, teve que arranjar uma solução para ganhar dinheiro rápido e de forma fácil, já que está habituada a um elevado padrão de vida e não consegue apagar esse lado consumista. Criou uma firma de eventos, a «Lágrimas de Sangue, Sociedade Unipessoal», fazendo trabalhos secretos. Está associada às irmãs Muleta Negra, em casa das quais organiza os bailes das viúvas. Com Maria dos Caixões tem um acordo para serviços de carpideira em funerais, aos quais vai disfarçada, toda vestida de preto, com um pequeno buço postiço, chorando «lágrimas de sangue» pelos defuntos. Muitas vezes, tem dificuldade em receber as quantias pelos serviços que presta, mas, mal se vê na posse do dinheiro, gasta-o todo.

Nunca casou nem se lhe conhecem casos amorosos, já que é muito ciosa da vida privada.

MULETA NEGRA

Maria Dos Anjos Muleta Negra – Rita Loureiro

Conhecida por «Maria Polícia», é Sargento da Guarda na aldeia. Tem um ar austero, anda quase sempre fardada e é obcecada com armas. Aos poucos, transforma o seu roupeiro num autêntico arsenal bélico. Para ela, a segurança está acima de tudo e de todos.

Vive com as irmãs Maria de Deus e Maria de Jesus, partilhando tudo com elas, até o mesmo quarto. As três criaram os sobrinhos, Edgar e Clarinha, como se fossem seus filhos. Foi apaixonada pelo pai dos sobrinhos, que casou com a entretanto falecida irmã mais velha, Maria do Espírito Santo. Não pode ver um homem em tronco nu, que imediatamente sente fortes calores.

A casa onde mora com as irmãs serve de hospedaria e abriga a agência funerária da irmã. Além disso, o enorme salão da casa serve ainda para fazer os interrogatórios, já que o Posto está em obras; serve de bar, como ponto de encontro dos habitantes da aldeia; e, uma vez desviados os móveis, serve de salão de baile, para os bailes das viúvas. Nesses eventos, embora dê o seu pezinho de dança, está sempre mais preocupada com a segurança dos presentes.

Fala sempre em diminutivos e está sempre a trabalhar, seja por ordem de comandos superiores, seja por iniciativa própria.

Maria De Deus Muleta Negra – Julie Sergeant

Conhecida por «Maria dos Caixões», é dona da Agência Funerária «Conforto Eterno». É muito dedicada ao trabalho. Gosta de tecnologia e passa horas a pesquisar novas gamas de artigos fúnebres, de modo a poder oferecer uma paleta de serviços única e ampla. Anda sempre com material da agência atrás de si. De noite, por dormir no mesmo quarto que as irmãs, torna-se incomodativa pelas horas que passa na cama a fazer pesquisa, sempre de luz acesa, quando as outras querem descansar. É a mais feminina das três. Gosta de se arranjar bem, com sobriedade para as ocasiões fúnebres e com excentricidade para as ocasiões festivas.

Fala com os mortos enquanto os arranja e faz-lhes todas as queixas da vida. Está habituada a vestir e despir homens, mas também é invadida por calores, mal vê um homem vivo em tronco nu. Não sendo mística, vê a morte como um negócio.

Prática e decidida, faz a gestão das contas da família e estabelece orçamentos que devem ser rigorosamente cumpridos e executados.

De tanto conviver com a morte, é uma mulher cheia de vida e, por isso, adora os bailes das viúvas em sua casa. Adora os sobrinhos, Edgar e Clarinha, tal como adora as irmãs.

Maria De Jesus Muleta Negra – Anabela Brígida


Conhecida por «Maria Coveira», é a mais forte e masculinizada das três irmãs. Pratica exercício para não estar enferrujada e quer despachar os enterros o mais depressa possível. Mas é uma forma de não mostrar a sua fraqueza e o quanto esses momentos a afectam, já que, quando fica a acabar o serviço, acaba por verter uma lágrima e de ter algum medo de permanecer no cemitério sozinha.

É brusca e rude na maneira de falar, gostando de beber o seu copinho de aguardente para lhe dar coragem para enfrentar o dia-a-dia entre campas. É obcecada com limpezas, tal como por aquilo que se passa na sua rua. Todas as manhãs, está na varanda de casa, observando o que se passa cá em baixo e reclamando com quem estaciona em cima do passeio. É um pouco mística, muito respeitosa no que concerne aos assuntos da vida e da morte, embora não o demonstre. Acima de tudo, não quer dar provas de fraqueza.

Apesar deste feitio, é muito carinhosa com os sobrinhos, sendo talvez a mais cúmplice das três com Edgar e Clarinha. Sempre que vê um homem em tronco nu tem tremeliques.

Gosta dos bailes das viúvas, embora não tenha a mesma paciência das irmãs para se arranjar. Prefere o pós baile, em que pode dar vazão ao seu lado maníaco pela limpeza.

Edgar Muleta Negra Baldé – Sabri Lucas

É um rapaz bonito, mulato, com o corpo bem definido. Anda sempre impecavelmente vestido, de modo formal e clássico, mesmo quando não está em trabalho. Presidente da Junta de Freguesia local, foi eleito por ser o único candidato ao cargo. Teve quatro votos a seu favor e um contra. Diz que um dia ainda descobrirá quem votou contra si. É um político honesto, íntegro e trabalhador. Inteligente, usa uma linguagem algo pomposa e rebuscada.

Competente na sua função, é um verdadeiro desastre no que toca aos assuntos do coração. Raramente percebe quando uma rapariga gosta dele, tal como não se pode falar de doenças à sua frente, pois tem a mania que sofre de todas.

É o verdadeiro «Ai, Jesus!» das tias Muleta Negra, que foram apaixonadas pelo seu pai. Faz questão de marcar presença em todos os bailes das viúvas que se realizam em casa das tias, onde dança com senhoras solteiras, divorciadas, viúvas e mal casadas como um verdadeiro príncipe sempre com a maior das composturas e o maior cavalheirismo. No entanto, é suspeito de andar a vender o seu esperma a mulheres que não podem ter filhos, mas querem engravidar.

Clarinha Muleta Negra BaldéSara Santos

Bonita e cheia de vida, é um autêntico poço de sensualidade. Gosta de usar roupas garridas, que dêem nas vistas e chamem a atenção para o seu lado dançante. Obstinada em conseguir o que quer, raramente desiste de alguma coisa. Ao contrário do irmão que estudou e se dedicou com afinco ao trabalho, a música é a sua prioridade. Ajuda as tias no bar que têm na hospedaria familiar, onde tenta familiarizar os clientes com a sua música de eleição: o kizomba. Odeia os bailes das viúvas já que sonha transformar o grande salão numa danceteria de kizomba. Por causa dessas suas ideias, vive em atrito constante com as tias, das quais leva valentes raspanetes, aos quais liga pouco.

É apaixonada pelo pastor Ângelo, mas não tem nenhuma sorte, já que o rapaz só tem olhos para a Santinha da Luz.

Animada e cheia de energia, só vê o lado bom da vida e acha que os negócios das tias são altamente depressivos, nomeadamente o da agência funerária.

COELHO

Brígida Coelho – Carmen Santos / Sílvia Balancho


É uma mulher amarga e azeda. Tem origens humildes e, apesar duma vida de trabalho, não conseguiu singrar. Trabalhou muitos anos em casa dos Monforte, como governanta, apesar de ter sido apaixonada pelo velho Monforte, que preferiu a sua amiga Graça a ela própria. Apesar de ser amiga da antiga patroa até hoje, não perdoou nem a ela nem ao falecido o facto de ter sido preterida. É austera, seca e despachada. Mãe de Violante e Renato, não perdoa a Violante o facto de ter ido embora e de ter cortado relações com a família, embora tivesse ficado contente com o facto de Daniel ter trocado a sua filha para ficar com Eugénia. Aliás, tem uma adoração especial por esta, a quem criou desde bebé e a quem quer como uma filha. Em relação a Renato, sabe que o filho finge que não pode trabalhar, mas acaba por ser cúmplice. Aproveita-se da nora que se farta de trabalhar, a quem ainda destrata. Apesar de toda a sua austeridade, vai a todos os bailes das viúvas. No quesito religioso, é devota da Santinha da Luz.

Renato Coelho – Rodrigo Menezes

É um autêntico vigarista, convencido, de elevadíssima auto-estima, embora se faça de coitadinho. Anda sempre bem arranjado, para que as mulheres reparem nele, embora não seja infiel à mulher. No entanto aproveita-se dela. Tal como se aproveitou do facto de ter sofrido um acidente que o deixou coxo para nunca mais trabalhar. Sempre que vai ao médico, e por mais que este lhe diga que já está curado, dadas as suas lamúrias, acaba por receber mais uns meses de baixa.

Casado com Sara, vive em constante discussão com esta, que se mata a trabalhar para sustentar a família. Alega que não tem culpa de ter ficado aleijadinho e de não poder trabalhar. Tem um enorme ascendente sobre a filha, que considera a sua princesa e a quem, às escondidas, satisfaz todos os caprichos. Consegue manipular a criança e tê-la sempre do seu lado.

Está sempre pronto para qualquer coisa divertida, desde que não implique trabalho. É um oportunista nato, que gosta de se dar bem na vida sem o menor sacrifício.

Sara Trindade Coelho – Paula Lobo Antunes

É uma mulher bonita e elegante, embora toda essa beleza esteja escondida pelo cansaço que acumula de tanto trabalhar. Doce, meiga, bondosa, carinhosa e extremamente trabalhadora, é a “mula de carga” da família Coelho, já que sustenta a casa desde que o marido, Renato, sofreu um acidente e ficou coxo. Sabe que ele mente, que já está curado e está prestes a perder a paciência para aquele casamento e para as implicâncias da sogra. Só não avançou ainda para o divórcio porque sabe que perderia a filha, Dora, que é louca pelo pai. A sua vida sofreu um revés há catorze anos atrás, quando engravidou da filha. Na altura, era apaixonada por Celso e cortejada por Renato. Mas o primeiro decidiu partir em busca de aventura no dia em que ela queria ter uma conversa séria com ele, conversa essa que ficou por acontecer. Acabou por engravidar e casar com Renato, mas nunca esqueceu o que Celso lhe fez. Trabalha como empregada doméstica em casa dos Monforte, faz limpezas em casa das Irmãs Muleta Negra, trata das limpezas da Junta de Freguesia e ainda passa a ferro para fora. É uma mulher de armas, que se desdobra em mil trabalhos e que é estimada por toda a gente, sendo considerada um anjo de bondade.

Dora Trindade Coelho – Ana Marta Contente

Filha única de Renato e Sara, é uma rapariga linda, bastante vaidosa e que gosta de dar nas vistas. É a princesa do pai, a quem faz todo o tipo de exigências, que ele compensa com medo que a filha se afaste dele, caso a mulher queira a separação por causa das suas vigarices. Mas ela própria já é uma vigarista em ponto pequeno, que arma uma data de esquemas para conseguir algumas vantagens. Afinal, quem sai aos seus, não degenera. Finge que é uma estudante aplicada, mas os seus interesses são outros que não a escola.

TAVARES

Zé Tavares, «O LATINHAS» – José Eduardo / Bernardo Vaz

É um homem solitário, conformado com a vida que tem, mas não resignado com a sua sorte. Bondoso, faz tudo para ajudar os outros. Foi, durante quase toda a vida, pastor e, aproveitando o facto de ter essa profissão, foi atravessador de emigrantes clandestinos para Espanha. Hoje, vive da pequena reforma e, para conseguir mais algum dinheiro, faz objectos em lata, desde cântaros a pequenos funis, o que lhe valeu a alcunha de «Latinhas».

É pai de Daniel, com quem está de relações cortadas, desde o casamento do filho com Eugénia. Foi renegado pelo filho, que até mudou o seu sobrenome, o que lhe causa grande mágoa. Perdeu a filha também muito nova e ficou com dois netos para criar, Celso e Amélia. O rapaz emigrou há alguns anos e ficou só com Amélia, que pouco lhe liga. As suas distracções são os serões passados no bar da casa das irmãs Muleta Negra ou os bailes das viúvas em casa das mesmas. Mas é um autêntico pé de chumbo a dançar.

Sábio e autêntico contador de histórias, diz que escondeu uma coisa na fronteira dos tempos em que ainda fazia travessia de emigrantes e que não há-de morrer sem a recuperar. É uma coisa que pode mudar a sua vida. Mas não sabe onde tem o mapa com o sítio exacto onde essa coisa está escondida. As pessoas da terra, mais que habituadas a esta história, acham que é delírio de velho quase senil.

Celso Tavares Cardoso – Jorge Corrula

Bonito, de corpo definido e sorriso cativante, é generoso, dedicado às pessoas de quem gosta e faz as mulheres suspirar, embora evite grandes envolvimentos amorosos. Nasceu e cresceu em Mundão, mas nunca se conformou com as limitações do lugar. De espírito aventureiro, largou Sara, a sua namorada na altura, para ir conhecer mundo. Acabou por estabelecer-se em Salamanca. Trabalhou, amealhou dinheiro e acabou o curso de Medicina ao mesmo tempo do seu primo, Gonçalo, de quem é o melhor amigo. Mas decide ficar por Salamanca, até ao dia em que comete um erro médico e é despedido da clínica em que trabalha. Sem alternativa, resolve regressar a Portugal, para abrir um consultório em sociedade com Gonçalo, mas tem dificuldades em voltar ao exercício da profissão depois do erro que cometeu.

Amélia Tavares Cardoso – Marta Melro

Deslumbrante e sedutora, encanta os homens à sua passagem com o seu andar bamboleado. Mas eles que fiquem encantados, porque, depois de sofrer um desaire amoroso com o seu primo, Fernando, jurou que mais nenhum homem daquela região lhe havia de tocar. Sente-se sufocada pela interioridade e quer sair dali, mas apenas casada e com um forasteiro. Por isso, seduz tudo o que seja homem de fora que por ali passa, na esperança de que algum a leve. É ingénua, sonhadora e facilmente manipulável. No entanto, sempre que se cruza com Fernando, é dura e fria, embora saiba que o seu coração ainda bate por ele.

Vive com o avô e trabalha no bar de Hortense, onde conhece a maior parte dos homens com quem se deita na cama e que não ama.

Os que não entraram

À semelhança do que vem acontecendo ao longo dos últimos tempos nas diferentes telenovelas, quer da SIC, quer da TVI, há sempre nomes de actores que são anunciados pela imprensa e que por um ou outro motivo acabam por não se confirmar. Remédio Santo não foi excepção foram vários os exemplos desta telenovela:

Directamente de Espírito Indomável, a imprensa especulou que Melânia Gomes, Mariana Monteiro e Sara Prata integrariam o elenco desta nova história. Todavia, acabaram por não ser anunciados quais os motivos que levaram a que não estivessem presentes em Remédio Santo, sendo de esperar que tudo não passou de pura especulação.

Não de Espírito Indomável, mas de Mar de Paixão, também Jéssica Athayde chegou a ter “um pé” na nova trama de António Barreira, todavia, tal acabou por não se confirmar, uma vez que a TVI optou por “guardá-la” para a próxima produção, onde, ao que tudo indica, terá à sua espera a primeira protagonista da sua carreira. Também da última trama de Patrícia Müller no canal de Queluz de Baixo, Pedro Teixeira chegou a ser parte integrante de Remédio Santo, contudo, à última hora acabou por ser chamado para Anjo Meu, onde substituiu José Carlos Pereira na pele do protagonista Matias. Embora não seja oficial, especula-se que a personagem que lhe estava guardada nesta nova telenovela era a que acabou por ser concedida a João Catarré. Já Mafalda Pinto, também foi sondada para Remédio Santo, mas acabou por declinar o convite por querer apostar na formação e numa carreira além-fronteiras, em terras de Vera Cruz.

Joana Solnado, para quem estava reservado o papel que agora é de Sara Barradas, também foi desde o primeiro instante um dos nomes mais falados para esta nova história de António Barreira, todavia, por querer permanecer mais alguns tempos afastada dos ecrãs (o seu último trabalho foi Sentimentos), acabou por dar lugar à vilã de Espírito Indomável.

Por fim, e por motivos de saúde, embora em dois casos bastante diferentes, também Núria Madruga e Francisco Nicholson tiveram que recusar o convite para entrar em Remédio Santo. Se a actriz descobriu estar grávida de gémeos recentemente e acabou por se ter que ausentar dos ecrãs, o conceituado actor, pai de Sofia Nicholson, devido a vários problemas de saúde (foi sujeito a duas operações nos últimos tempos), teve que declinar a abordagem da TVI para regressar às telenovelas do canal.

O primeiro episódio

Em Salamanca, Violante desperta, subitamente, de um pesadelo. Senta-se na cama com a respiração agitada e sem fôlego. No entanto, recompõe-se de imediato, levantando-se da cama e desvalorizando o sonhou que teve. No salão da casa, Miguel, filho de Violante, toca uma música animada ao piano, com alguma desafinação. Está muito compenetrado, até que se apercebe que está a ser observado pela mãe, que se prepara para sair.

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Numa praça em Salamanca, Helena, filha de Violante, e o namorado Gonçalo tiram fotografias juntos. Estão sentados no chão, com ar de quem passou a noite em claro. Helena diz a Gonçalo que quer que a sua família o conheça. Mas este, desconfortável, tenta arranjar uma desculpa para se descartar.

Violante conduz, enquanto pinta os lábios. Arregala os olhos, ao ver o carro de Gonçalo entrar na estrada e larga o batom, levando o pé ao travão. O seu carro acaba por embater no de Gonçalo. A mãe de Helena sai, furiosa, do carro, porém fica estupefacta ao ver a figura de Gonçalo, pois é muito parecido com Daniel, o homem que tanto a marcou no passado. Violante diz que não quer nada do rapaz e o melhor é ele esquecer tudo o que aconteceu. Gonçalo dá-lhe um cartão seu e vai-se embora. Num misto de ódio e mágoa, Violante rasga o cartão em mil pedaços. Ela recorda Daniel e a humilhação porque este a fez passar ao abandoná-la no altar. Há trinta anos atrás, Daniel fugiu com a sua amiga, Eugénia, que seria a madrinha de casamento dele com Violante. Abalada com as recordações, Violante não consegue conter as lágrimas.

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Em casa, em Viseu, Eugénia vê as fotografias do seu casamento com Daniel. Sara, de uniforme, arruma um canto da sala. Daniel e Graça entram, vindos da rua e Daniel mantém uma postura quase subserviente diante da altivez de Graça, mãe de Eugénia. Daniel e Graça conversam sobre a vinda de Álvaro a Viseu para investir na fábrica.

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Hortense, irmã de Eugénia, está em casa inconformada a olhar para três potes com cinzas e a lamentar-se por ter perdido três maridos.

Na igreja de Mundão, o padre António agradece a Evangelina pelo apoio que esta tem dado à sua irmã, Hortense. Os dois olham-se com cumplicidade, pois são amigos de longa data. Contudo, o olhar do padre muda ao ver as três beatas Nazaré, Deolinda e Ludovina. As três levam cestas com lembranças alusivas à Santinha da Luz. O padre fica bastante irritado porque vê naquelas lembranças, apenas uma forma de ganhar dinheiro por uma Santa que não existe para ele.

Nazaré vai a casa de Jacinta, avó de Aurora, levar as lembranças. Esta diz-lhe que depois da romaria fará contas com ela. Nazaré esboça um sorriso triste e diz que não era dinheiro que queria da Santinha, mas o amor de Álvaro.

Jacinta entra no quarto de Aurora, a Santinha. Aurora reza, ajoelhada, diante da Cruz de Cristo. Jacinta mostra duas velas com a imagem da Santinha que as beatas fizeram para a romaria. Aurora não liga aos objectos, pois é contra a avó fazer dinheiro à custa do seu dom.

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Em Salamanca, vários estudantes estão num salão de baile de graduação da Faculdade. Gonçalo vem acompanhado por Celso, seu melhor amigo e finalista de curso. No parque de estacionamento, Álvaro abre a porta do seu carro a Helena que vem deslumbrante e olha-a com carinho. Helena vai até ao salão de baile e puxa Gonçalo para vir à rua, porque tem algo para lhe mostrar. Gonçalo deixa-se levar, um pouco confuso. Helena apresenta Gonçalo ao pai. Este tenta disfarçar o nervosismo.

Gonçalo e Helena dançam. Helena, ao ouvido de Gonçalo, fala-lhe de casamento e este solta-a de imediato. Gonçalo ganha coragem e diz a Helena que aquela foi a última dança deles, pois como já terminou o curso irá embora de Salamanca no dia seguinte. Helena fica em choque e começa a discutir com Gonçalo, que lhe vira costas e sai. Helena começa a olhar em volta, sentindo-se humilhada, diante do burburinho dos estudantes, que ouviram a discussão. Ela ainda corre atrás de Gonçalo, mas não consegue alcançá-lo. Celso aproxima-se dela, contudo esta está enlouquecida.

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No dia seguinte, Gonçalo prepara-se para se ir embora. Entra para o seu carro e encontra Helena, ainda com a roupa da noite anterior. Gonçalo grita com Helena e diz que o que eles tinham acabou e que nunca mais a quer ver. Helena, com um olhar maquiavélico, diz-lhe que estão ligados para toda a vida porque está grávida dele. Ele fica sem reacção, mas depois percebe que é mentira e expulsa-a do carro, arrancando. Helena grita com todas as suas forças, que Gonçalo será dela, só dela! Parte para casa, arruma as malas, arranja um teste de gravidez falso e segue para Viseu, atrás de Gonçalo.

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Violante vê uma fotografia de Helena e Gonçalo juntos e percebe que o rapaz que ia no carro onde bateu é o filho de Daniel. Decide então seguir a filha até Viseu.

Gonçalo está próximo de Viseu e cruza-se com Aurora. Esta repara na matrícula espanhola, que povoou um sonho que teve com um acidente. Aurora avisa Gonçalo para não pegar mais no carro, pois algo de mal pode acontecer. Os dois trocam um olhar muito intenso, como que enfeitiçados um pelo outro. Aurora desvia o olhar e começa a correr, afastando-se na direcção da serra. Gonçalo decide, a medo, entrar dentro do carro. Contudo, Helena atravessa-se à sua frente. Gonçalo percebe que Helena o seguiu e que a sua loucura começa a ser desmedida. Helena entrega a Gonçalo um teste de gravidez positivo e diz que está ali a prova de que está grávida. Gonçalo, já sem paciência para a conversa, arranca e Helena fica a vê-lo ir-se embora.

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À noite na aldeia, Aurora reza em conjunto com as pessoas que ali estão a adorá-la. Helena está mais afastada, impressionada com tudo. Aurora pára de rezar, como se estivesse a pressentir algo, mas tenta disfarçar.

Violante conduz nervosa e acaba por ter um acidente, fazendo com que outro carro se despiste.

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Na romaria, Aurora desmaia, sendo agarrada por Jacinta e outras pessoas. O choque é geral. Mais tarde, Aurora recupera os sentidos e diz que a morte já chegou.

Curiosidades:

Remédio Santo marca o regresso de vários actores à antena da TVI. Sílvia Rizzo, Simone de Oliveira, Pedro Caeiro, Rita Loureiro e Sabri Lucas são alguns deles.

Depois de terem vivido um romance fugaz em Espírito Indomável, Sara Barradas e João Catarré voltam a fazer parte romântico.

Tal como faz em todos os seus trabalhos, António Barreira já elegeu os amuletos de Remédio Santo. O perfume Fahreneit 32 Christian Dior e um par de chinelos azuis de ganga.

Nos documentos disponibilizados à imprensa depois da apresentação oficial da telenovela, existiam vários que em vez de conterem o nome Remédio Santo, tinham escrito Eclipse, a antiga denominação desta produção.

Deixamos-lhe agora alguns vídeos sobre esta nova produção da televisão de Queluz de Baixo:

http://www.youtube.com/watch?v=Mlh7wMuk8nw&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=5Hp6-lfAzeE&feature=player_embedded

http://www.youtube.com/watch?v=HWxBBGq-XpA&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=h8sP8JDn1Y4&feature=player_embedded

O trailler:

http://www.youtube.com/watch?v=d0RI6zfKEMw&feature=player_embedded

Remédio Santo, Será que a traição tem remédio? Não perca, a partir de hoje, na TVI!

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