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A Reportagem – Doce Tentação

A Televisão
61 min leitura

A poucas horas da grande estreia, A Televisão apresenta novamente uma Reportagem com tudo aquilo que precisa de saber sobre a nova telenovela da TVI!

O início

Foi em meados de julho de 2011 que surgiram as primeiras notícias a propósito de Doce Tentação. Numa altura em que a televisão de Queluz de Baixo tinha três telenovelas em exibição, mas apenas duas a serem produzidas, questionava-se se, aquando do final de Sedução, chegaria aos ecrãs uma nova produção, o que acabou por não se confirmar.

Ainda assim, e depois de um intenso mês de setembro em que os atores se concentraram em preparar as diferentes personagens, começaram a gravar no início de outubro. Com argumento de Sandra Santos, autora de outros sucessos da TVI, como Espírito Indomável, Doce Tentação é a primeira grande aposta do canal para este ano. E narra uma história em tudo inspirada a magia dos contos Disney ou no universo encantador de Tim Burton.

Curiosamente, à semelhança de Espírito Indomável, também esta trama ficou com o mesmo nome de projeto, apesar de ter sido conhecida durante algum tempo por Escrito no Céu.

O enredo

Esperança caiu dos céus. Ninguém sabe quem é, de onde veio, nem porque está em Ribeira das Flores. Tiago nunca teve muito na vida. Desde pequeno que toda a gente lhe vira as costas e agora que já é um homem, todos aprenderam a receá-lo. Não tem motivos para confiar em ninguém, muito menos numa rapariga misteriosa que nem sequer sabe o próprio nome.

É na fictícia vila de Ribeira das Flores, durante a Festa da Santa Padroeira que se dá o insólito. Contra todas as previsões meteorológicas, rebenta uma enorme e violenta tempestade. No meio da tormenta, o povo refugia-se em casa e na igreja, pondo os bens a salvo, trancando tudo e receando uma catástrofe. Destemido, Tiago é o único que enfrenta a tempestade. No meio da floresta, um ruído ensurdecedor sobressalta-o. É surpreendido pela aproximação de uma avioneta que desafia a tormenta e com a queda do aparelho. Embrulhada num pára-quedas estragado, Esperança despenha-se sobre Tiago, atingindo-o com demasiada força. Ficam ambos inconscientes, como mortos.

O dia seguinte amanhece soalheiro e os ribeirenses saem finalmente à rua, ainda assustados com a intempérie da véspera. Todos se encaminham para a floresta, esperando ver o pior. E ninguém está preparado para encontrar uma bela e misteriosa rapariga nos braços de Tiago.

Esperança acorda sem saber onde está e sem saber de onde veio, ou como foi ali parar. Não se lembra sequer do próprio nome. Extremamente sensível, Esperança liga-se de imediato a Tiago. Mas ele é um homem arredio, quase selvagem, e por mais que ela tente aproximar-se, ele não confia nela.

Tiago Marques Flor é dono de um pequeno terreno que herdou dos pais e que trabalha com as próprias mãos, fazendo disso o seu sustento. Perdeu os progenitores aos 16 anos e, desde então, ficou sozinho no mundo. Tiago sabe que a vida dos seus pais era muito diferente do que aquela que herdou. Os seus antepassados fundaram Ribeira das Flores e os Marques Flor foram, outrora, uma família poderosa e influente. No entanto, de um dia para o outro, as coisas mudaram. Alvos de uma chantagem, que Tiago desconhece, os pais perderam tudo para a família Vieira da Silva.

Crescendo com a amargura dos pais, Tiago transformou-se num homem lutador, duro e desconfiado que culpa instintivamente os Vieira da Silva pelo marasmo que os arruinou. Nunca conheceu outra vida para além da que leva com bastante sacrifício. Na vila, os homens receiam-no e as mulheres desejam-no em segredo. Tiago é um homem de poucas palavras, imprevisível, que gosta de se manter à distância. Ninguém se atreve a faltar-lhe ao respeito, porém nas suas costas são incontáveis as calúnias que se inventam. Quando Esperança aparece em Ribeira das Flores, Tiago fica fascinado. Ela é de uma doçura que ele nunca conheceu e sente-se irremediavelmente atraído. No entanto, a sua natureza desconfiada esforça-se por lutar contra estes sentimentos. Tiago nunca teve nada de mão beijada e o amor que Esperança lhe oferece é demasiado bom para ser verdade.

Quem não gosta nem um bocadinho da chegada de Esperança é Francisca Vieira da Silva. É a primeira a assumir-se contra a presença de Esperança em Ribeira das Flores. Rica e nada escrupulosa, Francisca domina a vila. Ninguém fala sobre isso, mas quase toda a gente faz as suas vontades. O certo é que ela possui algo que lhe foi deixado pela sua defunta mãe (Antónia Santinho Vieira da Silva) que lhe permite reinar Ribeira das Flores, juntamente com o seu padrinho, o temido Ricardo Sequeira. Mas nem ele conhece o trunfo de Francisca, que sempre desejou Tiago. Apaixonou-se por ele quando era uma adolescente, tentou seduzi-lo, mas ele recusou-a. Isto feriu-a no seu orgulho de mulher e ela não o esquece até hoje. As persistentes recusas de Tiago só a fazem querê-lo ainda mais. Tenta convencê-lo de que a sua família nada teve a ver com a falência dos Marques Flor, mas Tiago não acredita, não quer nada com gente da “espécie” dela, e está determinado em descobrir a verdade. Contra tudo e contra todos.

Francisca percebe que Esperança é uma ameaça muito antes de realizar os sentimentos que Tiago começa a ter por ela. Mas quando se apercebe que Esperança está prestes a roubar-lhe o amor do homem que sempre quis, Francisca perde a cabeça e tenta afastar a rival de qualquer maneira. Está disposta a tudo, desde abusar da influência que tem sobre as pessoas da vila, a usar esquemas maquiavélicos e perigosos. Francisca jura que se Tiago não for seu, também nunca será de Esperança! Conta com o apoio de Miguel, seu irmão adoptivo, nesta luta hercúlea.

Miguel reconhece a beleza de Esperança assim que a vê. Altivo e habituado às atenções das mulheres mais belas, acha-a demasiado simplória e inferior a si. Quando Francisca o manda aproximar-se de Esperança e investigar de onde ela vem, Miguel “obedece” contrariado. Mas aos poucos percebe que ela é diferente das outras mulheres e isso cativa-o mais profundamente do que esperava. Começa então a tentar seduzi-la. Achando que ele é bem-intencionado, Esperança cede àquilo que considera ser uma amizade sem segundas intenções.

Quem se enfurece com a aproximação dos dois é Tiago, que faz de tudo para alertar Esperança para o verdadeiro carácter de Miguel. E se a rivalidade entre Tiago e Miguel já era lendária na vila, a partir daqui torna-se visceral.

Tem início uma luta sem tréguas pelo coração de Esperança.

Ribeira das Flores é também palco de outras histórias paralelas a este enredo. Desde o bêbado que é procurado pelo filho, e que afinal não é quem se pensa; das princesas falidas que tentam a todo o custo recuperar a riqueza perdida, com a matriarca a empurrar as filhas para um marido rico; do merceeiro que quis poupar a filha do desgosto de saber que foi abandonada pela mãe, que inventou que esta partiu numa missão humanitária e que agora terá que lidar com o regresso dela; do padre que esteve para casar e que vive às turras com a ex-noiva; da solteirona pudica que se vê disputada por dois homens; do rapaz simples e humilde que é rejeitado pelo pai e alvo fácil de gozo; até ao jovem activo e desportista que descobre que tem uma doença e terá de aprender a lidar com ela.

As primeiras imagens

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O ELENCO

«FAMÍLIA» ESPERANÇA

Esperança (Mariana Monteiro) – Esperança é uma rapariga delicada, lindíssima, dona de uma beleza etérea e angelical. Pura e de uma bondade interminável, tem uma alegria contagiante e quase infantil. Chega a Ribeira das Flores sem nada, apenas com a roupa que traz no corpo.
Uma poderosa tempestade estará na origem do aparecimento de Esperança na vila. Um acidente quase a mata a ela e a Tiago e a partir daqui, os dois ficam ligados para sempre. No entanto, para piorar tudo, Esperança perdeu a memória. Não sabe quem é, como se chama, de onde veio ou porque está ali. De uma franqueza e frontalidade desconcertantes, aparenta muita ingenuidade, nomeadamente no relacionamento com os homens, como se tivesse vivido isolada do mundo até à altura em que aparece em Ribeira das Flores. Parte da população atribui a sua forma de ser e estar ao trauma que ela sofreu durante o acidente que a deixou amnésica. Outros acham que ela está a fingir e que se esconde ali para escapar de algo, ou de alguém. Há quem também ponha a hipótese de ela ser uma criminosa. Extremamente sensível, Esperança pressente que o seu destino está ligado ao de Tiago e apaixona-se por ele. Esperança terá em Efigénia a sua mentora e em Ana Luísa a sua melhor amiga.
A sua principal inimiga será Francisca, coadjuvada por Ricardo.

Jeremias Vilaverde (Luís Vicente) – Jeremias é o padrasto de Esperança. Homem de negócios duro e implacável, gere uma rede de tráfico de diamantes e armas em África. Self-made man, enriqueceu à custa de transacções obscuras e sanguinárias. Tem pose de rei e veste fatos de corte requintado.
Tem em Gabriel o seu homem de mão e em Fausto o seu fiel assistente e guarda-costas. Criou-o desde a adolescência e vê nele um seguidor, embora goste de colocar o rapaz no seu lugar com frequência, não lhe admitindo qualquer tentativa de sobranceria.
Jeremias não confia em ninguém e é um homem perigoso, capaz de tudo. Mal suporta Esperança e manda-a matar quando ela descobre os seus negócios e ameaça denunciá-lo à polícia.

Fausto Nunes (Tiago Aldeia) – Fausto é o homem de confiança de Jeremias. Duro, nada escrupuloso e violento, fez do crime a sua forma de estar na vida. Cumpre cegamente as ordens do patrão, a quem venera. Planeia substituí-lo depois da sua morte, mas nunca lhe passaria pela cabeça acelerar esse facto da vida, ou traí-lo de alguma outra maneira. É-lhe completamente fiel. Viveu desde os três anos num orfanato, de onde fugiu por sofrer de maus tratos. Proveniente de uma família destruída (a mãe morreu de overdose e o pai foi abatido a tiro pela polícia depois de um assalto mal sucedido), cedo aprendeu a viver nas ruas e se dedicou a uma vida de delinquência. Começou por pequenos furtos, até que cresceu em ambição e perícia. Acabou numa casa de correção e foi libertado aos 18 anos.
Mas nada seria capaz de emendar Fausto e ele só não acabou numa sarjeta, porque Jeremias cruzou o seu caminho. Vendo potencial no pequeno criminoso, o “patrão” acolheu-o e treinou-o. E Fausto tornou-se no homem que é hoje, evoluindo dos assaltos para os assassinatos. Faz parte da cúpula de conselheiros de Jeremias e não se importa de sujar as mãos por ele.

Gabriel Ventura (Pedro Lima) – Gabriel é um homem bastante bonito e cativa a presença feminina à sua volta, apesar de inicialmente não parecer muito habituado a este tipo de atenções. Mas depressa se familiariza e até gosta disso. É divertido, jovial, bondoso, protector dos fracos e oprimidos. Aventureiro, tem como hobby a fotografia. Surge em Ribeira das Flores dizendo que é formado em Agronomia e tem um vasto currículo em fruticultura. Faz-se passar por um homem que Ricardo contratou e que não chega a Ribeira das Flores por motivos misteriosos.
É simpático, bem-falante, mas a realidade é que pouco fala sobre si, preferindo saber mais sobre os outros. Especialmente os que rodeiam Esperança.
Tudo o que diz sobre a sua pessoa é invariavelmente falso. Ele surge em Ribeira das Flores pouco depois de Esperança. Tem facilidade em ser aceite e em misturar-se com os ribeirenses, ao ponto de o julgarem um deles.

FAMÍLIA MARQUES FLOR

Carlos Marques Flor (Virgílio Castelo) – Carlos é um homem charmoso e de carácter forte, casado com Alice e pai de Tiago. A sua família fundou Ribeira das Flores e Carlos cresceu nos tempos áureos da família: Os Marques Flores eram influentes e poderosos, respeitados por todos na vila. Carlos sempre teve um espírito empreendedor e não se deitou à sombra da prosperidade da família. Pegou no negócio e proliferou-o além fronteiras. Foi assim que se tornou sócio de Jeremias Vilaverde durante muitos anos. Iniciaram juntos uma plantação de cana em Angola e transacionavam o açúcar. Uma desavença levou ao fim da sociedade. Mas esta ruptura não foi pacífica e Carlos nunca imaginou que o simples fim de um negócio viesse a mudar a sua vida. Jeremias vingou-se mas não conseguiu abalar o bom carácter de Carlos, que assumiu as consequências com hombridade e sem resposta. Afastou-se tanto quando pôde de Jeremias e casou com o amor da sua vida, Alice, sem ressentimentos e disposto a enterrar o passado. Sempre lutou pela sua família, nomeadamente pelo bem-estar de Tiago. Foi por ele que cedeu à chantagem de Antónia Santinho Vieira da Silva, quando esta descobriu a sórdida vingança de que Carlos e Alice foram alvo, e perdeu tudo o que a sua família construiu. Lutou sempre pelos direitos de Tiago, que amava incondicionalmente, e morreu a defendê-los.

Tiago Marques Flor (Diogo Amaral) – Tiago é o único filho de Carlos e Alice Marques Flor. É um homem bonito, orgulhoso e forte, de uma masculinidade crua e magnética. Perdeu os pais aos 16 anos e desde então que cultiva sozinho a pequena parcela de terra que eles lhe deixaram, fazendo disso o seu sustento. Estudou até ao 12º ano porque foi obrigado por Efigénia e pelo Padre Adérito, os dois adultos que cuidaram dele até atingir a maioridade. No entanto, sempre foi um rapaz independente e duro, capaz de tomar conta de si.
Vive num casebre como um eremita, tendo como amigo fiel o seu cavalo Zeus e Efigénia como vizinha mais próxima. Sobrevive vendendo na mercearia da vila os produtos hortícolas que cultiva e, apesar das dificuldades, não pede nada a ninguém.
Tiago sabe que a vida dos seus pais era muito diferente do que aquela que herdou. Os seus antepassados fundaram Ribeira das Flores e os Marques Flor foram, outrora, uma família poderosa e influente. No entanto, de um dia para o outro, as coisas mudaram. Os pais perderam tudo: a Quinta das Maçãs, a casa e o pomar para os Vieira da Silva. Só restou o terreno contíguo à grande quinta, que Tiago preserva e protege com a própria vida. Na vila, os homens receiam-no e as mulheres desejam-no em segredo.

Alice Marques Flor (Sylvie Rocha) – Alice é mãe de Tiago e é casada com Carlos Marques Flor.
É uma mulher bondosa e de coração puro, muito justa e correcta. Carrega uma amargura profunda, que tenta ao máximo não deixar transparecer. Todas as pessoas na vila a respeitam.
Apaixonou-se por Carlos e, juntos, fizeram projectos de vida. Alice acabou por se ver envolvida nos planos de vingança do sócio do futuro marido. Ainda assim, casou com Carlos e tentou sempre ser feliz, apesar de viver aterrorizada com o passado.
Quando o marido perdeu as suas propriedades – uma grande prova de amor por ela e pelo filho de ambos – manteve-se ao seu lado, apegando-se ainda mais à família que constituiram.
Teme que a paz e tranquilidade de Tiago sejam postas em causa, apesar de ter cedido a uma chantagem por parte de Antónia Santinho Vieira da Silva com o intuito de evitar isso mesmo.

FAMÍLIA VIEIRA DA SILVA

Antónia Vieira da Silva (Maria João Luís) – Antónia é a mãe de Francisca e madrasta de Miguel, irmã de Augusta e comadre de Ricardo. A sua família sempre foi modesta mas ela nunca se resignou com isso e resolveu servir-se do facto de ser amiga e confidente de muita gente de Ribeira das Flores para se apoderar de muitos segredos e registá-los num livro. Fria, calculista e muito ambiciosa, nunca hesitou em usar estes segredos para chantagear quem quer que fosse a fim de se apoderar de bens alheios. Usou também este conhecimento para influenciar os visados a cederem a todos os seus caprichos e assim foi prosperando. Foi através destes meios ilícitos que conseguiu ficar com a Quinta das Maçãs e com tudo o que era da família Marques Flor.
Uma vez rica e poderosa faltava-lhe um nome de família condizente à sua nova condição social. Foi assim que resolveu casar com o pai de Miguel, tornando-se uma Vieira da Silva.
Quis assegurar que o domínio da vila permanecia no seio dos Vieira da Silva e transmitiu o seu legado, tal como o seu carácter manipulador e interesseiro, à sua filha Francisca.
Após enviuvar pela segunda vez Antónia tornou-se íntima de Ricardo, que a ajudou nos seus planos maquiavélicos.

Augusta Santinho (Paula Neves) – Augusta é irmã da defunta Antónia Vieira da Silva, tia de Francisca e tia por afinidade de Miguel. Não faz distinção entre os dois, apesar de apenas Francisca ser do seu sangue. É uma mulher de bom coração, muito reservada e tímida, que esconde a sua beleza por baixo de óculos de massa e de golas abotoadas até ao pescoço.
Sempre foi a irmã frágil de Antónia, aquela de quem tinham de tomar conta. Dependente, nunca levantou a voz contra uma ordem. Deixa-se conduzir, por medo de tomar as suas próprias decisões. Odeia confrontos e está sempre a tentar pôr água na fervura. Tem um tique nervoso: mexe incessantemente nos óculos sempre que perde o controlo das situações. Odeia sair de casa e foge a sete pés quando um homem se torna mais atrevido. Há o mito de que ainda seja virgem. Se é mito ou verdade, ela não revela a ninguém.
Anda sempre com a Bíblia Sagrada debaixo do braço, mas os textos que estão dentro daquelas capas são tudo menos sagrados. Augusta adora literatura de cordel cor-de-rosa, mas tem vergonha de ser apanhada a lê-la. Por isso, disfarça estes livros, escondendo-os sob a capa das sagradas escrituras. São estas as histórias que a fazem sonhar com o seu príncipe encantado e ter desejos como qualquer mulher.

Miguel Vieira da Silva (Pedro Barroso) – Miguel é enteado da defunta Antónia Vieira da Silva e irmão adoptivo de Francisca. É um rapaz bem-parecido, conquistador nato, frívolo, habituado às coisas boas da vida. Nunca completou o Curso de Agronomia que estava a tirar e não está interessado em trabalhar.
Gosta de dinheiro e do status que a sua família tem em Ribeira das Flores. Age como se não tivesse medo de nada, pois sabe que na vila ninguém se atreverá a contrariá-lo.
Miguel esconde uma personalidade egoísta. Sabe que a mãe de Francisca casou com o seu pai por dinheiro e sempre que pode espeta essa farpa. Finge-se subalterno à irmã e a Ricardo e deixa-se manipular, pois sabe que só tem a ganhar com isso.
Miguel reconhece a beleza de Esperança assim que a vê. Altivo e habituado às atenções das mulheres mais belas, acha-a demasiado simplória e inferior a si. Quando Francisca o manda aproximar-se de Esperança e investigar de onde ela vem, Miguel obedece, contrariado. Mas aos poucos percebe que ela é diferente das outras mulheres e isso cativa-o mais profundamente do que esperava.
A sua rivalidade com Tiago vem desde tenra idade. Achando-se superior, Miguel sempre se esforçou por humilhar Tiago, mas a falta de medo deste deixa-o furioso.

Francisca Vieira da Silva (Sofia Ribeiro) – Francisca é a filha mais nova de Antónia Vieira da Silva, sobrinha de Augusta, afilhada de Ricardo Sequeira e irmã adoptiva de Miguel.
Tem educação superior, é uma mulher rica, lindíssima, sofisticada e nada escrupulosa. Quando jovem, possuia alguns sentimentos bons; mas à medida que foi crescendo, tornou-se altiva e demasiado parecida com a sua mãe. Apenas dois sentimentos restaram no seu coração: a paixão obsessiva que tem por Tiago e a ambição pelo poder. Para ter estas duas coisas, Francisca é capaz de tudo.
Francisca domina a vila de Ribeira das Flores. Ninguém fala sobre isso, mas quase toda a gente faz as suas vontades. O trunfo de Francisca ninguém conhece. Está relacionado com algo que a sua mãe lhe deixou quando morreu e que lhe permite reinar em Ribeira das Flores.
Francisca apaixonou-se por Tiago quando ainda era adolescente, mas ele sempre a recusou. Marca Esperança como uma ameaça muito antes de perceber os sentimentos que Tiago começa a ter por ela. Mas quando se apercebe que Esperança está prestes a roubar-lhe o homem que sempre quis, Francisca tenta afastar a rival de qualquer maneira. Está disposta a tudo, desde abusar da influência que tem sobre as pessoas da vila, a usar esquemas maquiavélicos e perigosos. Se Tiago não for seu, também nunca será de Esperança.

Ricardo Sequeira (Marco Delgado) – Ricardo é padrinho de Francisca e antigo amante da defunta Antónia Vieira da Silva. É um homem bonito e sedutor, mas maquiavélico, frio e calculista. Advogado de formação, é ele quem administra os bens da família Vieira da Silva. Provém de uma família modesta, mas que lutou para que Ricardo pudesse ter uma vida melhor. Assim que se formou, saiu de casa e esqueceu que os pais existiam. O que ele mais quer é esquecer as suas origens humildes.
O desejo de Ricardo é casar com Augusta e assim obter a maioria dos bens dos Vieira da Silva. Também a deseja, mas os seus sentimentos são puramente egoístas. Quere-a não só pelo dinheiro, mas porque ela representa um desafio, algo puro e intocado.
Encara Francisca como uma adversária à altura e age com cautela perto dela. Serão cumplices na maioria das vezes, mas cada qual terá a sua própria “agenda”. Sabe que Tiago representa um perigo maior, em especial quando ele souber a verdade sobre a aquisição da Quinta das Maçãs. Nessa altura, não terá quaisquer problemas em fazê-lo desaparecer e assim assegurar o seu património.

MERCEARIA «SEMPRE NOBRE»

Evaristo Nobre (João Didelet) – Evaristo é pai de Filipa, marido de Dora e dono da Mercearia Sempre Nobre. Homem trabalhador e honesto, criou a filha desde bebé, altura em que foi abandonado pela mulher. Super protector, tem orgulho na filha e apoia-a em tudo o que ela faz. A pior coisa que lhe poderia acontecer seria perder o amor e a admiração de Filipa.
É um homem pacato e, tirando a mercearia, tem poucas ambições. Nunca quis sair de Ribeira das Flores e foi o lado aventureiro de Dora que o atraiu. Casou com ela e assentou, pensando que a mulher iria fazer o mesmo. Mas não foi isso que aconteceu e Evaristo acabou por ser deixado por ela, com uma filha nos braços.
Durante estes anos todos, Evaristo nunca soube do paradeiro de Dora. Os sentimentos que tinha por ela acabaram por se transformar em raiva e ele tornou-se num homem desconfiado com as mulheres em geral. Por isso, nunca voltou a casar. A única mulher que ele permite aproximar-se é São, sua amiga de longa data que o ajudou a criar Filipa. Apesar do interesse dela, Evaristo deixou sempre bem claro que a relação deles nunca iria para além da amizade.
Para proteger a filha, inventou uma história heróica acerca da mãe, mas quando esta regressar irá viver sentimentos contraditórios.

Dora Nobre (São José Correia) – Dora é mãe de Filipa e mulher de Evaristo. Nasceu e foi criada em Ribeira das Flores, mas sempre quis mais. É uma mulher muito bonita, de espírito aventureiro e ambicioso. Não tem mau carácter, mas é egoísta, pondo-se a si própria sempre em primeiro lugar. Casou-se demasiado nova com Evaristo, um homem sete anos mais velho, e engravidou logo a seguir. Estava demasiado iludida com sonhos cor-de-rosa quando decidiu casar e por isso pôs de parte o seu lado aventureiro. Mas depressa descobriu que a vida doméstica não era para si e, sentindo-se sufocada, decidiu fugir, deixando tudo para trás.
No entanto, esta fuga não foi tão fácil como imaginou. Com o passar dos anos, os remorsos tomaram conta dela. Dora correu mundo como sempre quis, mas também houve alturas em que comeu o pão que o diabo amassou. Teve trabalhos de que não se orgulha, mas que aceitou para sobreviver. Agora, numa altura da sua vida em que já não pode continuar a aceitar qualquer trabalho, decide finalmente enfrentar os medos e regressar a casa. Não faz ideia da farsa que Evaristo inventou para a proteger, mas assim que toma conhecimento, aproveita-se para obrigar o marido a aceitá-la de volta, usando como argumento o bem da filha.

Filipa Nobre (Lia Carvalho) – Filipa é a única filha de Evaristo e Dora, amiga de Núria e Ruben. É uma rapariga confiante, muito “girl next door”, trabalhadora, esforçada e certa do que quer na vida. Estuda no primeiro ano de Comunicação Social e fundou “O Clarim” nas traseiras da mercearia da família. O jornal local é motivo de grande orgulho de Filipa e ela trabalha com afinco para o tornar num meio de comunicação de referência. Quer ser jornalista de investigação, portanto leva tudo demasiado a sério.
Foi criada unicamente pelo pai, a quem ama incondicionalmente. A mãe fugiu quando ela era bebé, mas esta não é a versão que Filipa conhece. O pai quis poupá-la ao sofrimento de ser abandonada pela mãe e isso levou-o a esconder-lhe a verdade. Filipa está convencida que a mãe lhe escreve religiosamente todos os meses, mas as cartas são forjadas por Evaristo e por São.
Por tudo isto, Filipa cresceu a achar que a mãe era o máximo e que apenas não está junto da família por motivos de força maior. Quando Dora voltar e quiser recuperar o seu lugar no lar dos Nobre, Filipa fica felicíssima achando que finalmente vão ser uma família normal.

JORNAL «O CLARIM»

Núria Freitas (Catarina Gouveia) – Núria é namorada de Ruben e amiga de Filipa. É uma rapariga muito atraente, popular, que costuma estar rodeada de rapazes. Está habituada a ter atenção masculina, o que a torna convencida. É muito segura de si e está sempre sexy. Rapariga activa, costuma fazer rapel. Estuda no primeiro ano de Comunicação Social, mas ainda não tem grandes certezas quanto ao futuro. Simplesmente, quer ser famosa. Apresentadora de televisão ou modelo, são as duas saídas profissionais preferidas.
Núria é amiga de Filipa e trabalha com ela n’ “O Clarim”. Porém, a sua dedicação ao jornal da vila não tem a menor comparação com a da amiga. Fá-lo porque pensa que lhe dá algum status e currículo, mas na maior parte das vezes acha o trabalho uma “seca”.
Namora com Ruben porque ele é o rapaz mais bonito de Ribeira das Flores. Preocupa-se mais com a aparência do que com o “conteúdo”. Por isso, despreza Tomé, apesar de saber perfeitamente que ele gosta dela. Não gosta sequer de ser associada ao rapaz e a simples presença dele deixa-a embaraçada.

Ruben Moreira (Rui Andrade) – Ruben é namorado de Núria e amigo de Filipa, com quem estuda no primeiro ano de Comunicação Social. É um rapaz muito bonito, confiante e bastante físico. Está habituado a liderar. Costuma fazer rapel e trabalha n’ “O Clarim”, o jornal local de Ribeira das Flores. Veste jovialmente, sempre cheio de estilo.
Ruben é um rapaz convencido, que tem um prazer especial em humilhar os mais fracos. Tomé costuma ser a sua brincadeira favorita. Sabendo que não tem retaliação, Ruben persegue-o até à exaustão e embaraça-o publicamente.
Tem particular orgulho na namorada, por ela ser bonita e popular. Gosta dela, mas também é um troféu que ele exibe. Não gosta que Tomé fale com ela, nem a olhe, mas não lhe passa pela cabeça que os sentimentos do gago sejam mais profundos. Quando Ruben perceber que Tomé gosta a sério de Núria, vai divertir-se e humilhá-lo ao ponto deste querer desaparecer da face da terra.

MANSÃO DA FAMÍLIA BRITTO

Manuela Britto (Carla Andrino) – Manuela é mãe de Diana e Ana Luísa, mas tem uma preferência clara pela primeira, por ser mais parecida consigo. É uma mulher bonita, fútil e interesseira que finge ser mais nova do que na realidade é. Tem educação superior, mas nunca trabalhou. Veste de forma sofisticada, esforçando-se por imitar modelos de alta-costura, mas que são comprados na feira e depois adaptados. Tem um impulso que não consegue controlar: a cleptomania.
Casou com Britto por dinheiro. Provém de famílias brasonadas, mas que já estavam na falência. Casou, engravidou e teve um matrimónio satisfatório até as dívidas de jogo do marido começarem a acumular-se. E tudo piorou com a morte de Britto. Começou a ter os cobradores à perna, que lhe levaram tudo o que restava. Foi obrigada a desbaratar até a decoração para pagar as dívidas e sobreviver. Só sobrou a casa e… São.
Mas nem as vicissitudes da vida fizeram Manuela engolir o seu orgulho aristocrático. Faz questão de continuar a manter as aparências e nunca admitirá já não ter dinheiro. Usa jóias falsificadas, inventa viagens fabulosas que faz com a sua filha mais velha e cirurgias plásticas.
Recentemente, Manuela encontrou o esquema perfeito para sobreviver: sob a capa de caridade, alberga em sua casa três órfãos e recebe os respectivos cheques da Segurança Social por cada um deles.

Maria da Conceição, «São» (Sofia Nicholson) – Desde os vinte anos que São é empregada e cozinheira na casa da família
Britto. É uma mullher simples e despachada, franca, que diz o que quer sem pensar nas consequências. Pouco vaidosa, nunca se preocupou muito com o aspecto físico, mas isso vai mudar. Há anos que as Britto não lhe pagam o salário, mas leal à família (sobretudo a Ana Luísa), São não quer deixar aquela casa. Acha que Manuela e Diana são demasiado fúteis, mas gosta delas. Tem a certeza que aquela família desmoronar-se-ia se ela se fosse embora. Além do mais, também não tem casa própria. Por isso, por mais ataques de mau feitio que tenha, permanece sempre perto delas.
Amiga de Evaristo, ajudou-o a criar Filipa, de quem é madrinha. Também é apaixonada por ele e já o assumiu no passado, mas Evaristo deixou bem claro que não queria ir além da amizade com ela e São nunca mais voltou a tocar no assunto. É sua cúmplice na farsa das cartas, embora sempre tenha deixado claro que não concordava.
Quando Dora regressa, tudo muda para São. Ela que até aqui sempre se conformou em desfrutar de um amor platónico, vê subitamente a sua posição na família Nobre ameaçada e as duas vão tornar-se inimigas. Apesar de tudo, São tem consciência de que não pode competir com Dora. Ela é mais nova, mais bonita, moderna e sofisticada.

Diana Britto (Jéssica Athayde) – Diana é filha de Manuela e irmã de Ana Luísa. Bonitinha, delicada e fútil como a mãe, é uma autêntica princesa.
À imagem e semelhança da mãe, Diana usa roupa comprada na feira, mas adaptada de forma a fingir que é alta-costura. Não quis estudar além do 12º ano e acha que um casamento rico irá resolver todos os seus problemas.
Não é má rapariga, apenas é mal orientada. E um pouco histérica. Não é dona de uma grande inteligência, por isso deixa-se influenciar pela mãe em tudo. Para ela, Manuela é um modelo a seguir. A mãe decidiu que ela haveria de casar-se com Miguel Vieira da Silva, por isso Diana quer casar com ele mesmo que ele não queira casar-se com ela. Diana não se dá bem com a irmã Ana Luísa, acha que ela tem a mania de que é mais esperta do que ela (e é!).
Tal como Manuela, Diana esforça-se por manter as aparências junto da população de Ribeira das Flores. Despreza os pobres e adora os ricos, mas nem sempre é bem sucedida, o que dá azo a comentários maldosos.
Quando Esperança aparece em Ribeira das Flores e Miguel começa a interessar-se por ela, Diana passa a vê-la como sua rival e despreza-a ostensivamente.

Ana Luísa Britto (Laura Galvão) – Ana Luísa é a filha mais nova de Manuela, completamente diferente da mãe e da irmã. Rapariga prática, proactiva e algo irrequieta, não sonha com o que não pode ter, detesta ser apelidada de Princesa Falida e quer algo mais da sua vida além de futilidades e aparências. É bonita, calorosa e pouco preocupada com a aparência, embora se vista com gosto.
Estuda Direito na faculdade. Para se financiar, trabalha em part-time como caixa num hipermercado de uma cidade vizinha.
Ana Luísa é a única que ajuda São nas tarefas domésticas, achando que Manuela e Diana abusam da boa vontade da empregada. E por isso é tratada como uma cinderela. Mas ela não se importa. Não tem medo de trabalho honesto e arranjaria um na vila se não fosse a terminante oposição da mãe.
Tem uma relação amor/ódio com Diana. Não compreende como é que a irmã pode ser tão “tapadinha” e esforça-se por lhe abrir os olhos para a vida. Não acredita em casamentos por interesse e acha que Diana vai ser muito infeliz se continuar a seguir cegamente os conselhos tresloucados da mãe.
Tanto Ana Luísa como Diana têm conhecimento do problema de cleptomania da mãe, mas Ana Luísa é a única que tem coragem de devolver o que a mãe rouba, mas sem levantar suspeitas sobre a sua progenitora.
Ana Luísa vai ser a melhor amiga de Esperança.

Clarinha Silva (Beatriz Laranjeira) – Clarinha é órfã de pai e mãe e está institucionalizada desde bebé. Como tal, não se lembra da sua família. É uma menina esperta, meiga, mas muito carente por nunca ninguém a ter amado como uma filha. A coisa que mais quer na vida é ter pais. Estuda no 4º ano do ensino primário e vive com Simão e Pedro em casa das Britto. Apesar de ter ido para aquela casa com a ilusão de que ia ter uma família de verdade, cedo percebeu que Manuela não se interessava por ela. Mas não faz mal. Ela encontrou em São, Ana Luísa e sobretudo nos amiguinhos Pedro e Simão o conforto que nenhum outro lar lhe deu até agora.
Neste momento, Clarinha já perdeu a esperança de ser adoptada. Acha que é muito crescida e que os “pais” só querem bebés. E tem razão. Mas no fundo, ela já se habituou àquela casa, à vila e aos amigos e o seu maior receio é ser afastada deles.
Clarinha encontra em Tiago um grande apoio. Sabe que ele a compreende por também ser órfão.

Simão Dias (Simão Santos) – Simão é órfão de pai e mãe e está institucionalizado. É um menino traquina e brincalhão, pode ser um pequeno diabrete, mas também tem muito amor para dar. Estuda no 5º ano do segundo ciclo e é muito aplicado. Quando crescer quer ser rico, para poder cuidar de todos os meninos órfãos. Vive com Clarinha e Pedro na casa das Britto e detesta lá morar. Só gosta de São e Ana Luísa (as únicas que dão afecto às crianças) e adora pregar partidas a Manuela e Diana juntamente com os amiguinhos. Tal como Clarinha, Simão já não tem ilusões de ser adoptado. Simão encontra em Tiago um grande apoio. Sabe que ele o compreende por também ser órfão.

Pedro dos Anjos (Bernardo Vasconcelos) – Pedro, ao contrário de Simão e Clarinha, não sabe se é órfão. Foi abandonado à nascença à porta da Igreja de Ribeira das Flores e institucionalizado. O padre Adérito conseguiu trazê-lo de volta à vila quando soube que as Britto se tornaram numa família de acolhimento. Estuda no 5º ano do segundo ciclo, mas são mais as vezes que falta às aulas do que as que vai.
Os seus melhores amigos são Clarinha e Simão, com quem partilha o quarto e o destino na casa das Britto.
Pedro é um rebelde, pois não aceita aquilo que lhe fizeram. Desconfia de quase todos os adultos e, embora goste de São e Ana Luísa, não as deixa aproximar muito. A única pessoa adulta em quem confia verdadeiramente é em Tiago. Detesta Manuela e Diana e é sempre o primeiro a ter ideias para as infernizar.
É o líder do grupo de miúdos, um autêntico Peter Pan. Na sua imaginação criou um mundo mágico, onde não são necessários adultos. Tenta transpor esse mundo para a sua realidade, mas isso nem sempre é fácil. Não quer, em hipótese alguma, ser adoptado.
O Padre Adérito suspeita que Pedro é filho de uma das senhoras da vila, mas até hoje nunca conseguiu nenhuma informação nesse sentido. Nem sequer em confissão.

OUTRAS PERSONAGENS

Bernardo Coutinho (Cristóvão Campos) – Bernardo formou-se em gestão para seguir as pisadas do pai e gerir o património da família. Homem inteligente e determinado, Bernardo dirige com pulso de ferro a cadeia de hipermercados que o pai deixou nas suas mãos quando desapareceu.
O pai desapareceu há uns anos e Bernardo não se conforma e faz de tudo para o encontrar. Ele era o seu ídolo, o homem que admira desde pequeno, e Bernardo recusa-se a perder as esperanças, apesar de a mãe tentar demovê-lo por acreditar que o pai estará morto e não gostar de ver o filho consumir-se daquela maneira. Mas Bernardo é persistente e contrata detectives atrás de detectives para percorrerem mundo atrás do pai, apesar de as notícias nunca serem satisfatórias. Vai acabar por se instalar em Ribeira das Flores, na mansão das Princesas Falidas, e inesperadamente encontrar um outro sentido para a sua vida…

João Pingas (Miguel Guilherme) – Pingas é o bêbedo da vila de Ribeira das Flores. Ninguém conhece o seu passado. Não tem casa, não tem família e dorme na rua. Apenas nos dias mais frios encontra refúgio na igreja ou no casebre de Tiago. Tem aspecto de sem-abrigo, raramente toma banho e não possui nada seu. Pede esmola e é assim que consegue comprar alguma comida, mas sobretudo bebida. É um homem frágil, que não aguenta a pressão. Há anos que Pingas percorre as ruas de Ribeira das Flores de garrafa de vinho na mão, cantoria pronta e língua afiada. O seu alvo favorito é Manuela Britto, por quem está caidinho. Gosta de atazanar o juízo à Princesa Falida, mas também gostava muito de lhe aquecer os pés. Ninguém conhece a verdadeira história de Pingas, nem o Padre Adérito, nem Tiago.

Elias Pereira (Nuno Melo) – Elias é viúvo e pai de Tomé Pereira. Trabalha como motorista na Quinta das Maçãs, é um homem duro, que veste formalmente habituado a executar os trabalhos sujos dos patrões sem fazer perguntas.
É o guarda-costas de Francisca, conhece-a desde criança e tem o maior orgulho nela, protegendo-a com a própria vida. Gosta dela como se fosse sua filha, tem-lhe uma lealdade canina e faz-lhe todas as vontades. Despreza Miguel por achar que é um oportunista que vive à custa da irmã e por ser um dos poucos a perceber que a lealdade dele não passa de fachada.
Elias perdeu a mulher ainda novo e foi obrigado a criar sozinho o filho de ambos, Tomé. A mãe de Tomé morreu no parto e Elias, que a amava profundamente, nunca superou esse trauma, culpando o filho sempre que pode. Além disso, o rapaz é gago e Elias tem vergonha dele. Como forma de compensação, dedica-se a Francisca, pois a personalidade dela está mais de acordo com a sua. Elias não defende o filho e mesmo quando o vê humilhado, prefere magoá-lo ainda mais do que estender-lhe a mão. Isto merece-lhe as críticas da população, mas ele não quer saber. Não é homem de ter amizades. Fala com algumas pessoas da vila, incluindo o padre Adérito, mas a única pessoa que ouve realmente é Francisca.

Tomé Pereira (Ricardo Sá) – Tomé é filho de Elias e órfão de mãe desde nascença. É um jovem humilde, inseguro, sensível e tímido, que detesta confrontos. Estudou até ao 12º ano, mas nunca teve ambições profissionais. Trabalha na Quinta das Maçãs como jardineiro, pois a sua pouca confiança não lhe permite ir mais além. Veste jovialmente, embora as suas roupas não estejam tão na moda como a dos restantes jovens da vila. Dá pouca importância ao seu aspecto físico e acha que nenhuma mulher olhará para ele com agrado. É um rapaz que não tem um pingo de maldade dentro de si, o que faz que seja um alvo fácil de gozo e implicâncias. Isto, aliado à rejeição aberta do pai faz com que a sua auto-estima seja quase inexistente.
A mãe de Tomé morreu no parto. Elias faz questão de o culpar pela perda da esposa e, após anos a ouvir acusações, o próprio Tomé acredita nisso. Durante toda a sua vida esforçou-se por ser invisível, para evitar confrontos com o pai. E esforçou-se tanto, que isso acabou por acontecer. Poucas pessoas lhe dão a devida importância. Tomé é apaixonado por Núria, mas a sua timidez não o deixa aproximar-se. A rapariga é namorada de Ruben, que não perde uma oportunidade para gozar com Tomé, fazendo-o sentir-se inferior a tudo e a todos. Quem se torna sua amiga desde o primeiro instante é Esperança.

Efigénia (Elisa Lisboa) – Efigénia é uma mulher mística, de coração grande, sincera, leal, amiga do seu amigo. É possuidora de uma grande sabedoria, mas raramente se gaba disso.
Já era vizinha de Tiago quando os pais dele morreram num terrível acidente de viação. Por isso, tomou em mãos a tarefa de velar por ele com discrição. Já sabia que o rapaz, demasiado orgulhoso, nunca aceitaria um auxílio directo. Mas ao fim destes anos todos, foi ela que tomou conta dele, mesmo quando ele não tinha consciência disso. Tiago tornou-se no filho que Efigénia nunca teve. O que mais quer na vida é que ele deixe de lado a amargura que o consome e seja feliz.
Efigénia é a primeira a ficar do lado de Esperança. De alguma forma, ela pressente que a rapariga será importante no destino da vila e do próprio Tiago, por isso acolhe-a e ajuda-a no que pode.
Nascida e criada naquela vila, todos estranham que Efigénia nunca tenha tido homem. Apenas os mais velhos sabem que ela teve um relacionamento intensamente apaixonado com Adérito, antes de ele se tornar padre. Mas Adérito decidiu trocá-la pelo sacerdócio e nada na vida a magoou mais do que isto. Nesse dia, Efigénia morreu para o amor. Também nesse dia, nasceu a grande rival de Adérito.

Padre Adérito (Orlando Costa) – Adérito é o padre de Ribeira das Flores. Homem sábio, caridoso e distinto, é demasiado impaciente para seu próprio bem. Sempre sentiu a vocação para o sacerdócio, mas ainda vacilou quando em jovem se apaixonou por Efigénia. Os dois viveram um tórrido e intenso romance, mas o apelo para servir a Deus acabou por falar mais alto e ele deixou-a, escolhendo ser padre. No entanto, não há dia que passe sem que ele se interrogue se fez a opção certa.
Quando os pais de Tiago faleceram, Adérito chamou a si a missão de tomar conta daquele rapaz sozinho no mundo. No fundo, acabou por se tornar num pai substituto, papel que lhe agrada. Ao enveredar pelo sacerdócio, Adérito sabia que estava a abdicar de ter uma família, mas a verdade é que sempre sonhou ser pai. Tiago preenche essa lacuna de forma saludar na sua vida e Adérito é capaz de qualquer coisa por ele. A dedicação que Adérito e Efigénia têm a Tiago faz com que a relação de ambos funcione um pouco como a deuma família desfuncional. Raramente se entendem, mas estão de acordo numa coisa: querem o melhor para Tiago. É nesse ponto (e só nesse ponto) que os dois concordam. A picardia de ambos é tão conhecida na vila, que costuma ter honras de destaque n’ “O Clarim das Flores”.

 

O primeiro episódio

Há doze anos atrás na Ribeira das Flores, o casal Carlos e Alice decide ir a casa de Antónia com intuito de recuperar a Quinta das Maçãs que outrora lhes pertenceu. Antónia mostra-se uma mulher altiva e muito fria que não está disposta a entregar os bens que Carlos a acusa de ter roubado. Antónia ordena que Elias, o motorista da quinta, expulse o casal. Francisca assiste a tudo, o que a deixa com a ideia que a mãe fez algo de errado.

Furioso, Carlos segue a grande velocidade, na estrada da Ribeira, disposto a contar toda a verdade à Vila. O carro entra no largo e, apesar do alerta de Alice para travar, os travões não respondem. Mais tarde, o Padre Adérito comunica a Tiago que os seus pais, Carlos e Alice, faleceram num acidente de viação.

Após o funeral Tiago relembra Antónia que Alice e Carlos morreram depois de terem estado com ela. Antónia desculpa-se, afirmando que os pais dele morreram num lamentável acidente e que não teve qualquer culpa. Tiago acusa Antónia de ter cortado o cabo dos travões do carro de Carlos e jura que o irá provar.

Passados doze anos…

Esperança, uma rapariga delicada e dona de uma beleza angelical, avisa Jeremias, seu padrasto, que ele nunca a irá tratar como tratou a sua mãe. Jeremias pede ao seu guarda-costas, Gabriel que leve Esperança dali. Fausto, homem de confiança de Jeremias, sugere “calarem” de uma vez a enteada, pois poderá arranjar-lhe sérios problemas.

Gabriel propõe a Esperança fugir para a Suíça, pois é perigoso fazer frente a Jeremias, mas a jovem diz ter provas que incriminam o padrasto.

Durante as Festas da Nossa Senhora das Flores, no largo da vila, Efigénia, uma senhora mística e de grande coração, que ajudou Tiago quando os pais deste faleceram, é empurrada sem intenção pelo Padre Adérito. Nesse momento, sente-se uma enorme tensão entre os dois.

Mais tarde, Esperança retira do bolso uma carta que a sua mãe lhe deu antes de morrer com um código. Diante de um cofre Esperança insere esse mesmo código e abre o cofre, retirando do seu interior uma pasta com fotos de Alice, Carlos e Tiago. Fausto entra e surpreende a enteada de Jeremias.

Fausto arrasta Esperança, encapuzada, para uma avioneta onde já se encontra Gabriel à espera. Jeremias dá ordem a Gabriel para eliminar Esperança, que entra em pânico. Gabriel mostra-se reticente, mas Fausto avisa-o que não pode falhar.

Francisca pede desculpa a Tiago e este aproveita o momento para perceber o que a jovem pretende dele. Francisca afirma que ele sabe muito bem, mas Tiago afirma que nunca vai querer nada com ela. Francisca, exasperada, afirma que a família dela não teve nada a ver com a morte dos seus pais, mas Tiago não acredita. Tiago tenta evitar Francisca, mas esta afirma que o ama e beija-o apaixonadamente. Tiago liberta-se de Francisca e, nesse instante, abate-se sobre eles uma tempestade e o dia transforma-se em noite.

Tiago está a tentar trazer Zeus, o seu cavalo, para um local mais seguro, quando ouve um barulho ensurdecedor e olha para o céu onde passa uma avioneta. Tiago assiste a um corpo cair do aparelho, até que é atingido por Esperança.

Na manhã seguinte, Tiago acorda com Esperança debaixo do pára-quedas e recorda-se do que aconteceu. Fica fascinado com a beleza da jovem ao ponto de não conseguir parar de a admirar. Francisca e Adérito lideram o cortejo que procura por Tiago e, ao entrarem na clareira, deparam-se com os restos do pára-quedas. Tiago dá sinal de vida, mas Esperança afirma não se lembrar de nada, nem mesmo do seu nome.

Efigénia trata de Esperança e diz-lhe que ela pode ficar em sua casa até recordar quem é e de onde vem. Esperança pergunta porque é que Efigénia está a ajudá-la e esta afirma que sente que ela é uma boa rapariga. Efigénia, sem saber que nome chamar à jovem, decide baptizá-la de Esperança.

Tiago surpreende um ladrão em sua casa, mas ao tentar detê-lo, este atira-lhe um objecto à cabeça, conseguindo fugir. Tiago apercebe-se de um restolhar na floresta e pensando ser o ladrão que está de volta, atira uma faca que acerta em Esperança.

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