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A Entrevista – Rui Drumond

A Televisão
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Na noite de todas as emoções foi o público o grande responsável pela escolha do vencedor desta edição do The Voice. Rui Drumond é oficialmente a nova Voz de Portugal. Onze anos depois da sua passagem pela Operação Triunfo e de fazer da música a sua vida, decidiu arriscar de novo. O cantor, de 33 anos, mostrou-se emocionado no momento em que o seu nome foi proferido e não conseguiu conter as lágrimas. Num dia em que acordamos cinzentos e desanimados, o Rui dá um bom exemplo de como vale a pena acreditar e lutar. «Temos sempre de acreditar e lutar, se não chegamos a um ponto em que não há retorno», frisou o jovem.

Está encontrada a Voz de Portugal. Já te caiu a ficha?

Cair a ficha, ainda não caiu (risos). Mas está quase a cair! Vai cair a ficha, porque a sensação claro que é… bem, é uma coisa do outro mundo. É normal. Claro que vai cair, e agora é saber o que é que vou fazer. Vou começar a trabalhar, eu quero é começar a trabalhar.

Eu emocionei-me com a tua vitória, porque foi completamente transparente: isto era algo que querias muito.

Era principalmente o objetivo do concurso, ou seja, o prémio (chegar a um contrato com uma editora, seja ele qual for o CD). E é bom entrar nesse meio agora, nesse patamar, que é o que eu mais queria; e a única maneira era chegar ao fim. E daí eu ter «explodido» daquela forma, que ainda estou para ver as imagens que não vi. Tenho mesmo de ver…

Que sabor é que este prémio tem?

Sei lá, é o melhor que se pode ter, porque neste momento – e nos últimos anos para cá (depois da Operação Triunfo) –, foi a melhor situação que eu posso ter, foi no The Voice Portugal. É uma sensação que não tem explicação: no momento em que dizem o nosso nome, e o reconhecimento todo do público, e o apoio do público todo. E no outro dia de manhã nem tenho mãos sequer para o Facebook e tudo, para responder aos «parabéns» (que são centenas de mensagens); e é fantástico para nós, é o melhor.

Tu desacreditavas muito, dizias que ias morrer na praia. Porquê tanto negativismo?

Porque isso já tinha acontecido uma vez, e a pessoa tem sempre medo que aconteça outra vez. Portanto, o receio é sempre esse. E a gente também não tem confiança a mais nem confiança a menos. Portanto, é bom estar ali de pé atrás, a fazer as coisas com o pensamento positivo (mas nem de mais nem de menos). E aí, eu estava com medo de ficar a meio do caminho outra vez.

«Ele acha que os outros são todos muito melhores», disse a tua mãe. Mas a verdade é que os portugueses consideram-te a ti «o melhor». Não tens noção das tuas capacidades?

Não, é assim… Eu tenho noção, só que como passado tantos anos nunca consegui passar para o outro lado da linha… [pausa] Se fosse por vontade das pessoas que me ouvem e que me apoiam, eu se calhar já estava cheio de discos. Agora, claro que como as coisas não estavam a acontecer, uma pessoa acaba por chegar a um ponto que começa a pensar «Será que vou conseguir?», «Será que falta alguma coisa?», não é? E afinal agora ficou provado que não, que as pessoas tinham razão em acreditar. E eu confiei e acreditei.

Como foi passar por essa fase menos positiva, esse «ponto» em que começas a questionar «Será que vou conseguir»?

Acho que acontece a toda a gente. Temos que levantar a cabeça e lutar, e foi o que eu fiz: arriscar, chegar a um programa como o The Voice e acreditar que poderia dar resultados positivos (e deu mais do que positivos). E temos sempre de acreditar e lutar, se não nunca conseguimos o que queremos; se não, chegamos a um ponto em que não há retorno. Toda a gente tem de arriscar (mesmo).

Sentias necessidade de provar que ainda estás cá?

Sim, e a mim próprio também e a todas as pessoas que se calhar já se tinham esquecido… Tinha de ser.

É preciso ter muita coragem para voltar a concorrer a um programa e, consequentemente, começar tudo do zero.

Claro, claro. É preciso ter coragem, é preciso correr o risco e saber que as coisas podiam correr completamente ao contrário, não é? Mas pronto, claro que a coragem compensou.

E se voltares à fase menos positiva?

Isso agora só depende de mim, do trabalho que desenvolver. E vai haver, claro, fases altas e fases baixas. Eu só queria era agora entrar neste percurso, e depois logo se vê. Dia a dia é que as pessoas fazem as coisas e os planos eu faço dia a dia, para que esteja sempre focado a 100%. Portanto, isto agora foi muito bom e só tenho de pensar no positivo e naquilo que aconteceu ontem, e trabalhar nisso.

A tua participação foi uma grande surpresa para o público em geral. Não tiveste receio de ser criticado por já teres participado em programas de televisão?

Claro, claro que sim. Isso era um dos riscos. Nós temos que correr riscos para conseguirmos aquilo que queremos. É preciso lutar, e por acaso o resultado foi mais positivo do que eu estava à espera (muito mais mesmo). E, portanto, fiquei super contente com a reação do público.

Os críticos das redes sociais dizem que já tiveste a tua oportunidade e roubaste o lugar a quem é, de facto, inexperiente no meio musical.

Se agradássemos a gregos e troianos, éramos os melhores em tudo. Isso não é assim, não podemos agradar a toda a gente. Claro que há sempre aquelas pessoas que ficam revoltadas, outras ficam muito contentes. Eu estou tão contente com o número de pessoas que me apoiam e que estão do meu lado, portanto, não podem ser esses comentários menos positivos que me afetam. Respeito a opinião das pessoas, mas esses comentários não me vão influenciar. Percebo às vezes as pessoas pensarem assim, mas é também porque as pessoas não sabem da vida das pessoas (não estão dentro da vida da pessoa, não sabem como é que isto funciona realmente).

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Lá fora, no estrangeiro, até vemos artistas super conceituados a participarem em concursos.

Sim! O Jermaine Paul, que ganhou o The Voice dos Estados Unidos, é backup singer da Alicia Keys, quer dizer… E ninguém o criticou. Temos de ser coerentes. E eu tive o apoio dos meus colegas, portanto, eles viram isto como algo muito positivo (eu estar a concorrer) e disseram-me que eu fiz bem; e aí já fico contente. E outra coisa: eu não cheguei a lançar CD nenhum, portanto, não estava propriamente num patamar superior a ninguém.

Porquê a escolha de «Wrecking Ball», a versão acústica de James Arthur?

Eu gosto de tocar em coisas que sejam diferentes do original, à partida. E aquele tema chamou-me à atenção por isso mesmo. Mas também adoro o James Arthur, acho que é um cantor fantástico e sempre fui muito fã dele. Portanto, foi mais por aí a decisão.

O apoio do teu mentor foi fundamental nesta jornada?

Sim, foi ótimo. O Anselmo foi mais do que um mentor, foi sempre um amigo, foi sempre uma pessoa que nos apoiou imenso, e que nos deixava soltos também. Não nos prendia num estilo, gostava que estivessemos à vontade com o que estávamos a fazer. Portanto, foi fantástico.

O Anselmo tem uma comunidade de fãs muito grande. Achas que isso poderá ter ajudado nos votos?

Eu acho que não foi por aí. O único «favorzinho» que o Anselmo me fez no Facebook sobre o apoio da equipa dele foi ontem [domingo]. Pôs uma foto e falou. Já os outros mentores promoveram durante a semana toda; o Anselmo não o fez. É uma pessoa que está sempre a trabalhar, nem tem tempo (coitado) para fazer metade das coisas que os outros fizeram. Portanto, não foi por aí. Se ele tivesse feito isso desde o início, talvez… [pausa] Mas não, ele sempre foi parcial nesse sentido e foi fantástico. Tentou ajudar ontem, pronto, mas se fez diferença ou não – não foi de ontem à noite a maior diferença. Acho que não.

Vamos até à gala final. O facto de apresentarem o status das votações ao longo do programa não torna a «coisa» mais stressante?

Claro que sim, mas toda a gente sabe que é um programa de televisão. Têm que criar esse nervosismo, essa pressão, esse jogo. Não deixa de ser um jogo, não deixa de ser um programa em que precisam de audiências… Isto tudo dá audiências, e percebo o porquê de eles fazerem isso. Claro que para os concorrentes não é bom, porque entramos em stress, mas temos de ser fortes psicologicamente. Temos que acreditar e não pensar nos resultados e focarmo-nos nas canções. Eu sei que é complicado… É fácil falar, mas fazer é complicado.

Quando viste o teu nome em primeiro lugar, começaste a acreditar na vitória?

Não, não. Só quando fui para o palco com o Luís Sequeira, aí é que pensei que tudo podia acontecer. Portanto, era 50/50.

Vais agora assinar um contrato para a gravação de um CD com a Universal Music. Sei que ainda é cedo para falar, mas já tens alguma coisa pensada?

Estamos a decidir o que é que vai acontecer. Hoje foi a primeira «aparição», portanto, vamos ver…

Com o Denis (vencedor da primeira edição), o processo foi bastante demoroso. Esperas que contigo seja mais rápido?

Vai ser, de certeza! O objetivo é esse. As coisas vão ser feitas agora, rapidamente. Esta semana já estamos a trabalhar nisso, portanto, as coisas vão ser muito mais rápidas e com um impacto grande. Independentemente do conceito, estamos com grande fé em relação a toda a projeção das coisas.

Chegaste a pensar em concorrer a outros concursos de música, como Rising Star ou Factor X?

Não, não. Nunca pensei.

Quanto te inscreveste na Operação Triunfo, esperavas que o programa se revelasse um sucesso, que o público aderisse em massa?

Epá, não sei. Não. Éramos miúdos, estávamos fechados lá dentro (na escola), portanto, não, claro que não.

E sentes que há agora uma aproximação de pessoas que já não mantinham contacto contigo?

Não, não. Eu acho que as pessoas que me apoiaram são aquelas que aparecem, e as outras pessoas que aparecem são só nas páginas oficiais (são o público que viu, que também não me conheciam). Mas aquela história dos amigos que desapareceram e depois apareceram, não. Eu estou muito contente com as pessoas que sempre tive ao meu lado, e sei quem são as pessoas que me apoiam. Eu sei quem são. Mas não tenho desses casos assim, não. Os meus amigos que sempre me apoiaram, apoiaram-me sempre – independentemente do que é que aconteceu.

O quão difícil é não teres o teu pai cá para te apoiar e para te dar «aquele abraço»?

O meu pai está sempre a apoiar-me – não fisicamente, mas está sempre. Portanto, essa fase tem de ser superada desta maneira… É pensar sempre positivo, que ele está sempre a meu lado. E vai estar sempre a meu lado, sempre.

Há dias em que o sol não brilha, mas há outros em que pode brilhar. Esta frase aplica-se a ti?

Eu acho que se aplica a todos os artistas e cantores. Tudo o que envolva artes, temos que estar sempre prontos para uma coisa e para a outra. E lutar para que o sol sempre brilhe, portanto, isso aplica-se a todos. Eu acho que é assim, no mundo das artes.

Portanto, terminada esta aventura no The Voice, é caso para dizer: vale a pena esperar?

Claro, claro que vale a pena esperar. Vale a pena esperar e vale a pena arriscar. Portanto, aí valeu a pena: 11 anos depois – esperar, arriscar e ter coragem.

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eduardo.lopes@atelevisao.com

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