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A Entrevista – Pedro Tochas

A Televisão
13 min leitura

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Abandonou os estudos em Engenharia Química para ingressar nas artes performativas. Passou pelo Celebration Barn Theory nos Estados Unidos e pela Circomedia em Inglaterra, onde aprendeu teatro físico e artes circenses. Quem nunca riu com Pedro Tochas? Prepare já a barriga para umas valentes gargalhadas, porque ele é o convidado especial do A Televisão. Uma boa oportunidade para conhecer o percurso ascendente do humorista, desde o início da sua carreira até aos dias de hoje, enquanto hilariante jurado do Got Talent Portugal.

1 A Entrevista - Pedro Tochas

Que balanço fazes do Got Talent Portugal?

Está a ser espetacular. Temos estado a ver talentos maravilhosos.

Este é um formato de programa em que, de facto, tudo pode acontecer. Foi essa adrenalina que te fez aceitar o convite?

Eu venho do circo, do teatro de rua, do teatro de variedades… E um programa que vai mostrar ao país tudo o que é feito nessa área, eu achei interessantíssimo quando me convidaram para ser jurado. Ainda por cima sou fã da versão inglesa.

Achas que estamos ao nível das edições internacionais?

Eles têm muito mais gente do que nós. Mas o que tenho visto, olha… não envergonha ninguém!

Ficas confortável neste papel de avaliar os outros?

Dizer que não é uma autêntica facada no coração. Custa-me! Mas muitas vezes é importante as pessoas perceberem que o «não» é temporário. Tu estás a dizer «não» ao que viste naquele momento. E a pessoa pode pensar: «Ok, então posso ir para casa trabalhar, fazer melhor e para o ano (quando houver outra edição), venho mais preparado».

E há pessoas que é a primeira vez que estão num palco tão grande.

Isso tu só consegues superar com experiência, a fazer várias vezes, a estar em palco, a passar por esta situação. Todos nós que estamos nesta área já passámos por situações «não, não, não».

Já te arrependeste de alguma decisão que tomaste no programa?

Não. O que acontece é: o teu critério vai evoluindo. No primeiro dia dizes «Epá, isto é espetacular» e se calhar no terceiro já dizes «Epá, isto ainda é mais espetacular!». Se calhar no terceiro dia o primeiro já não era tão espetacular, mas é uma evolução.

Se fosses um concorrente, que tipo de concorrente serias?

Nervoso [risos]! Também me ia custar.

Quando estás a ver os concorrentes, revês-te neles, naquilo que eles passam?

Há uma coisa que as pessoas se esquecem: o que tu estás a sofrer em palco passa para o público. Tu podes ficar nervoso, mas tens de fingir que não estás. Eu já faço espetáculos há quase 24 anos e estou sempre nervoso, mas agora já sei fingir…

Consideras-te um jurado convencional ou emocional?

Eu sou muito emocional. Quando estou a ver um espetáculo, estou a viver o espetáculo. Gosto que me levem para o mundo do que está a acontecer – seja um filme, um espetáculo ou um concerto. Eu não percebo aquelas pessoas que estão lá a ver e estão com um ar assim «Ah, já vi tudo». Eu estou lá para viver, para curtir, para dançar, para sentir! A vida para mim é para ser vivida, não é para ser analisada.

Frases como «Vai encher-te de moscas» ou «Vales zero» são facilmente associadas ao teu colega Manuel Moura dos Santos. Ficas «chocado» com esta postura agressiva?

Todos nós temos opiniões diferentes e todos nós dizemos o que achamos. E tudo o que o Manuel diz é o que o Manuel acha. Ele não diz nada para magoar ninguém. E às vezes custa, porque tu pensas que estás a fazer bem. Às vezes faço um espetáculo e «Epá, correu muita bem!», vou ver o vídeo e «Eish… Afinal aquilo não estava tão bem como eu pensava». Mas eu acho que o Manuel é honesto, é coerente e é boa pessoa. E quando se é honesto e frontal…

E acaba por ser a personagem dele também.

Eu acho que todos os jurados lá são [personagens].

Por considerar o mundo da televisão «muito violento», Rui Massena preferiu não deixar o seu filho concorrer ao Got Talent. Achas que estes concursos são muito violentos para os participantes?

Tu já viste como é que é o mundo? O mundo é violento, constantemente para toda a gente! Não acho que este programa seja o exemplo da violência. Se uma criança quer participar, está no seu direito. As crianças participam em concursos de ginástica, fazem corridas… Quando as crianças correm, não há umas que ganham e outras que ficam atrás?

Mas a arte acaba por expôr as pessoas de uma forma diferente…

A arte é um bocado subjetiva. O importante é não alimentar falsas esperanças. E mais uma vez voltando ao Manuel, é uma pessoa que não alimenta falsas esperanças. Ele diz «Olha, tu não tens jeito para isto» e a pessoa pensa «Mas eu tenho jeito». Se calhar não tem. Para uma criança pode ser duro, mas até pode ser bom. O mundo não é só isto. Se logo de início tu perceberes que este não é o caminho, abrem-se logo outras possibilidades.

E a Sofia Escobar, já tinhas trabalhado com ela?

Eu não conhecia ninguém (pessoalmente). Mas é curioso que nós conhecemo-nos agora e a química foi instantânea.

Tu e a Sofia são muito cúmplices.

Estamos um ao lado do outro! No programa passa isso, mas nós somos todos muito cúmplices.

Vocês os dois acabam por ter o lado mais emocional.

Esse lado é devido ao nosso trabalho. Trabalhos em palco e estamos mais habituados a mostrar com a cara o que sentimos. E isso se calhar passa mais. Há uma certa cumplicidade nesse aspeto.

Não vão tanto pela parte técnica, mas também por toda a parte envolvente.

Nós temos a parte técnica, ainda por cima estudámos os dois em Inglaterra. Nós quando estamos a ver o espetáculo, estamos a deixar-nos levar. É muito mais fixe tu deixares-te levar e analisares no fim do que logo a analisar, porque assim nunca curtes espetáculo nenhum. Houve uma altura que eu fazia isso. Estava a ver espetáculos de comédia e estava sempre a analisar… e deixei de curtir!

Deixaste o papel de crítico.

Já não estava a curtir nada. Só estava a ver a técnica, a «planta» da obra e não estava a ver a obra final. Então treinei-me: «Não, agora estou a ver o espetáculo». Agora curto o espetáculo e no fim é que analiso.

Quando tu conheces os segredos da magia, a magia deixa de acontecer, não é?

É isso. Eu tenho imensos amigos que são mágicos e nunca tento estar a perceber como é que se faz. É tão espetacular deixares-te deslumbrar pelas coisas, descobrir coisas bonitas! E neste programa eu estou a deixar-me deslumbrar e ver lá o entusiasmo das crianças, o entusiasmo das pessoas que estão a mostrar o que elas estiveram a trabalhar.

Qual é a fórmula secreta para se vencer o Got Talent? É a paixão em estar no palco a mostrar talento?

É fazer uma atuação que vai deslumbrar as pessoas em casa, porque esses é que vão votar. Tu tens que deslumbrar. Deslumbra e ganhas o Got Talent.

Tens consciência da importância das audiências?

Eu acho que está a correr bem. Disseram-me que estão para aí mais de dez pessoas a ver isto, o que não é mau. Mais de dez! Só na minha família são sete, por isso acho que estão três vizinhos também. Para os dez que nos estão a ver… Obrigado!

Gostavas de ganhar à Teresa Guilherme?

Vou-te ser sincero… É-me completamente indiferente [risos]!

Temos talent shows, mas também temos reality shows. Qual é a tua opinião sobre a Casa dos Segredos?

Eu gravei o Got Talent e estou a ver aquilo em loop 24 horas por dia. Não sei o que se passa nos outros canais.

Quem é o Pedro Tochas, para além dos palcos e das câmaras?

Eu sou um artista de rua, que ando pelo mundo a fazer palhaçadas. Costumo andar neste parque [Parque das Nações] a passear os meus cães…

Quando puseste a mochila às costas para ser artista de rua, nunca te passou pela cabeça que podia correr mal?

Tu tens é que fazer. O futuro? Não podemos pensar muito sobre isso. Tens é que gostar do processo. Se tu gostares do processo e não andares preocupado com o estatuto (a fama), é tudo muito mais simples. Queres ser cantor, tens que gostar de cantar. Queres ser escritor, tens que gostar de escrever. Queres ser jornalista? Tens que gostar de entrevistar as pessoas! Não te preocupes se és famoso, então depois tudo o resto vai ao sítio.

O que é que a Frize te trouxe?

Trouxe-me um carregamento de água. Foi assim que eu fui pago, em água.

[risos] Aqui em exclusivo para o A Televisão

Pagaram-me quatro grades de água. Não, mentira! Opá, as pessoas conheceram-me. Como tudo, há pessoas que gostaram de mim, outras que passaram a odiar-me.

Foi uma fase muito importante na tua carreira. Foram vários anos de gravações, de várias campanhas publicitárias.

Eu faço palestras e vou falar a universidades, e o mais giro foi uma miúda que me perguntou: «Pedro, qual é a sensação de ter o sucesso do dia para a noite?» Eu disse: «É espetacular. “Só” demorou 13 anos». E eu acho que isso é que é a mensagem que eu gostava de passar. Isto não é um sprint, é uma maratona. Um «sim» ou um «não», o que é preciso é continuar. Eu ando nisto há 24 anos e continuo a fazer formação, continuo a fazer espetáculos. Há uns que correm bem, outros correm mal, mas continuo a fazer constantemente. O meu objetivo é amar o processo.

Além do Got Talent, em que projetos estás envolvido atualmente?

A fazer espetáculos ao vivo (stand-up, espetáculos de rua…). Se quiseres saber onde eu é que eu ando, está tudo na minha página do Facebook e no meu site.

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