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A Entrevista РPaulo Vint̩m

A Televisão
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Destaque Paulo%2520Vint%25C3%25A9M A Entrevista - Paulo Vintém

É o realizador do programa Dança com as Estrelas – Bastidores, apresentado por Rita Pereira no +TVI. Multifacetado, Paulo Vintém tem-se dedicado ao vídeo e feito diversos trabalhos de grande qualidade e sucesso, o que levou a TVI a convidá-lo para assumir a realização deste programa. O ex-DZRT está agora empenhado num novo projeto – uma produtora de audiovisuais.

1 A Entrevista - Paulo Vintém

És um rapaz multifacetado: ator, músico, bailarino… E agora estás dedicado a esta produtora, que é tua, onde tu queres trabalhar essencialmente imagem, como também publicidade e videoclipes.

Agora estou muito dedicado à parte de realização e estou a desenvolver muito essa área. É uma área que me está a dar muito prazer. Tenho também adquirido material novo para conseguirmos fazer todo o tipo de produção. E surgiu a oportunidade de realizar o programa com a Rita Pereira e, pronto, tem corrido bem. Tem sido muito interessante.

E chegaste a desenvolver uma produtora com o ator Pedro Teixeira, a TGV Productions.

Sim, com o Pedro Teixeira e com o Guilherme, que é nosso amigo. Só que depois entretanto o Pedro começou a gravar a novela [Destinos Cruzados], a personagem dele «rebentou»; foi para o Dança com as Estrelas… Portanto, a TGV foi um princípio de produtora que nós tentámos criar, que neste momento já não existe. Começámos cada um a ter os seus trabalhos individuais e foi impossível continuar.

Sempre tiveste a sensibilidade de editar coisas e de imaginar imagens, filmes e sequências?

Sim, sim… Aliás, eu antes de entrar para os Morangos e de ser ator e músico, eu já estava nessa área – da parte de gravação, de câmaras (de televisão, de backstage). Muitas das coisas que nós temos hoje dos D’ZRT fui eu que gravei na estrada – making of, porque andava sempre com uma câmara atrás. E sempre fui desenvolvendo e editando os meus próprios vídeos. E agora estou a tornar isso tudo muito mais profissional, a ir para outro nível, e a fazer coisas já profissionais, neste caso.

O trabalho de edição de vídeo é um trabalho assim, digamos, mais isolado, mais solitário…

É das coisas que mais gosto de fazer. Então, se estiver a editar alguma coisa que tenha a ver com música (que é quase sempre isso que faço), dá-me muito gozo mesmo fazer o trabalho de edição: colar as imagens e os cortes ao tempo da música. E, lá está, o vídeo quando se junta à música é uma coisa que não há limites. Quase que dá para fazer 1001 coisas que são possíveis ali. É interessante toda essa parte de chegar ao produto final. E é um bocadinho isso que eu tenho feito também nas VT’s que temos apresentado nos bastidores com a Rita Pereira.

Qual é o espírito que define o Dança com as Estrelas – Bastidores? Este não é um programa de bastidores igual aos outros.

Sim, não é igual. Nós andamos aqui à vontade, em todo o backstage e ensaios do Dança com as Estrelas. Para já, a linguagem é muito informal, porque todos nós nos conhecemos e somos amigos, e as brincadeiras surgem naturalmente. A Rita Pereira dá um olhar muito dela e uma opinião muito crítica também àquilo que vê e aos ensaios e às histórias, porque todos nós temos uma parte ativa também no programa. E depois fazemos todas as semanas uma VT mais tipo videoclip, onde há uma preocupação maior de imagem, e temos feito coisas interessantes.

Como é que surgiu a ideia para o programa? Sei que não vos deram um caminho a seguir, foi algo do género «Façam o vosso programa de bastidores pelo vosso olhar».

Foi simples, foi seguir o vento… e as coisas correram normalmente. Foi fácil, foi chegar aqui e começámos a gravar, porque também já tínhamos estado no programa (tanto eu como a Rita) e já sabíamos como é que funcionavam os ensaios e as galas e tudo isso. A Rita também parecia que já fazia isto há muitos anos, por isso as coisas correram logo bem no primeiro.

A Rita Pereira disse logo que não queria entrar pelo politicamente correto, isto é, não fazer as perguntas «normais» e «usuais». Achas que o público já está cansado de clichés?

Eu acho que sim, é necessário fazermos algo diferente. Estamos a tentar fazer alguma coisa diferente nas VT’s que apresentamos e isso, sim, é aquilo que se calhar não se costuma ver em televisão – para um programa de televisão, neste caso. Mas tudo o que é bastidores e backstage, tentamos fazer algo diferente, para não ser aquela pergunta normal e usual. A Rita conhece todos muito bem e eu acho que assim as conversas são muito mais naturais, muito mais espontâneas. As picardias e as brincadeiras surgem naturalmente, e isso é mais bonito do que uma coisa estudada e com perguntas certas (e politicamente corretas). Acho que funciona melhor.

Vocês divertem-se, não atropelam as pessoas, que é uma coisa muito importante. Antes das galas, por exemplo, os concorrentes estão nervosos, muito concentrados. E vocês são assim porque sabem o que eles sentem…

Exatamente. Aliás, se algum concorrente vai entrar, nós não vamos lá falar com ele nessa altura porque sabemos que não vai adiantar nada. Se calhar vamos ter alguma reação, mas também não é aquela reação que nós queremos. Portanto, tentamos respeitar o espaço dos outros, claro.

Ouvi dizer que és muito cuidadoso na edição. Fazes como se fosse para ti. Dás ao público aquilo que o público quer, mas obviamente também respeitando a pessoa que estás a filmar.

Eu sou incapaz de editar alguma coisa que eu não passasse como se fosse para mim. Tento defender ao máximo, e aquilo que ponho e os planos que ponho, e as pessoas que estão nesses planos, tenho de estar a fazer alguma coisa interessante e bonita. E se não estiver, eu na edição tento sempre ao máximo dar a volta a isso. Portanto, é uma preocupação minha, lá está, e o trabalho fica sempre melhor no final.

Sei que a Rita entrevistou alguns jornalistas numa gala do Dança com as Estrelas. Como é que correu este episódio, que não chegou a passar na televisão?

Ah, foi uma coisa muito rápida. Ela lembrou-se de entrevistar as pessoas que se calhar a entrevistam há muito tempo e falam aquilo que lhes apetece. Portanto, ela chegou lá e foi engraçado. Foi um momento diferente. Eles [jornalistas] estavam todos preocupados se as imagens iam passar ou não. É claro que não. Mas foi um momento, para nós, muito interessante.

Relativamente às constantes polémicas que se desenrolam no Facebook da Rita, as pessoas exageram ou ela tem realmente uma faceta de diva?

Pá, eu conheço a Rita há muitos anos… Somos amigos. E cada um de nós tem o seu feitio, a sua personalidade. A Rita, para quem gosta e para os amigos dela, é cinco estrelas. Agora, muitas dessas atitudes que ela tem é porque se calhar está alguma coisa por trás, e nomeadamente a imprensa e tudo mais. Obviamente que ela tem que se resguardar até certo ponto, certo? É assim, eu não tenho razão de queixa. As pessoas que gostam dela, e de quem ela gosta, não existe nada disso de «diva» nem de «pessoa especial».

2 A Entrevista - Paulo Vintém

Este é um formato que podia perfeitamente ser transmitido na TVI generalista, não concordas? Assim até chegava a mais pessoas…

Eu acho que sim, mas também estão lá as pessoas para avaliar isso. Não somos nós que temos que estar a querer. Eu acho que é importante estarmos no +TVI, que é um canal que tem que crescer (e tem tudo para isso). E acho que se o programa servir para alavancar o +TVI, melhor ainda. Se o programa é diferente, tem que estar num canal diferente também. E o +TVI é um canal bom para isso.

Em 2013 substituíste a Rita Pereira no Dança com as Estrelas. Não achas que esta coisa de «substituir pessoas» é muito ingrata?

Sim, mas era esse o objetivo também. Eu fui, porque da parte da TVI me pediram muito, porque eu num dia consegui, com a Rita Spider, preparar duas coreografias para ir apresentar na gala de domingo. E a TVI sabia que eu era umas das pessoas que iria conseguir fazer isso. Porque a Rita Pereira lesionou-se a meio da semana, e para a substituir tinha que fazer duas coreografias num dia e fazer a gala no domingo. E então, depois de muitos pedidos, aceitei e foi uma experiência interessante.

Gostavas de ter participado na segunda edição?

Eu estou a fazer o programa com a Rita nos bastidores, mas eu pensei muito nisso. E foi uma opção profissional, e a pensar um bocadinho a médio/longo prazo no que é que eu tinha de dedicar agora o meu tempo para fazer aquilo que eu quero realmente. Não vou mentir quando digo que estou lá nos ensaios e estou nas galas e apetece-me muito dançar. Estou a roer-me todo por dentro porque gostava muito de estar ali a dançar. Agora, foi uma opção que eu tive de tomar para o rumo que eu queria seguir. E ia ser muito interessante lá estar, mas ia perder tempo com aquilo que eu realmente quero.

Então, não participaste não por falta de convite mas porque escolheste não o fazer?

Sim, mais ou menos. Isso tinha ficado logo apalavrado quando eu lá fui. A Cristina [Ferreira] até disse isso em direto. Mas foi opção… Falou-se e eu falei inclusive com o Cifrão e ele passou a informação de que eu não estaria assim tão interessado. É uma questão de opções, e temos de tomar opções em certos momentos da nossa vida. E foi mesmo uma opção que eu tomei.

No meio disto tudo, ainda há lugar para a representação? Gostavas de regressar às novelas?

Sim… Quer dizer, eu faço muitas coisas, e ando sempre a saltar de umas para outras. Portanto, não dá para fazer tudo ao mesmo tempo. Neste momento estou a adorar trabalhar com a minha produtora. Estou desenvolver ideias criativas em relação a vídeos, edição e imagem. Tenho feito muitos videoclipes também. A representação, quando chegar a altura, isso vai surgir naturalmente. Não faço muita pressão, deixo as coisas correrem naturalmente.

Estreaste-te como ator na série Morangos com Açúcar. Curiosamente, o filme dos Morangos foi a longa-metragem portuguesa mais vista em 2012. Foi um erro a TVI acabar com a série?

Não. Eu acho que a série tinha que ser reestruturada. As primeiras séries foram claramente as melhores.

A tua temporada foi a que teve maior impacto.

Foi a dois e a três, sim. Foram as melhores fases dos Morangos, modéstia à parte. Mas, enfim, deveriam ter havido reestruturações a longo. E houve algumas, só que eu acho que não resultaram tanto.

Ainda te chamam Tópê na rua?

Sim! É raro o dia em que não me chamam Tópê [risos].

Não sentes borboletas na barriga quando recordas os bons tempos dos Morangos e pensas «Isto não vai voltar a acontecer, o tempo não volta atrás»?

Não. Nem sequer é necessário voltar atrás, porque esses tempos já foram vividos (e bem vividos). Agora, todos nós crescemos e temos que fazer outras coisas, temos outros objetivos. E as coisas são boas assim. Se fossem permanentes e constantes, não tinham tanto interesse.

No ano passado fizeste um musical, o Aladino e a Gruta Mágica. Foi uma boa experiência?

Foi muito bom, aliás, o teatro musical é um teatro onde tu juntas várias áreas artísticas: o canto, a dança e a representação. Eu adoro, adoro fazer isso. E é bom cada vez mais termos artistas polivalentes em várias áreas, e que sejam bons a fazer várias coisas. Em Portugal isso ainda não é muito bem aceite ainda, porque parece que só consegues ser respeitado quando fazes uma coisa bem. Quando fazes duas coisas bem, é logo «Será que ele é isto ou aquilo?». Não é bem assim.

Sentes-te bem em várias áreas, portanto.

Sim, eu sinto-me bem em várias áreas e gosto de fazer várias coisas. Agora estou muito na parte de realização e produção de vídeos com uma produtora que tenho com alguns amigos. São várias coisas que eu gosto de fazer, é bom irmos saltando de área em área e fazer coisas diferentes.

E a música? Vamos ter novidades em breve?

Lá está, é mais ou menos como a representação. Quando chegar a altura, vai sair naturalmente. Quando se faz só uma coisa, dedica-se o tempo todo a isso. Eu felizmente, ou infelizmente – porque há pessoas que não lidam muito bem com isso (mas eu por acaso lido) –, faço muitas coisas em várias áreas. E tem que haver momentos para cada uma delas, e neste momento é mais para a minha parte de realização, de criação de novas ideias.

Está completamente posta de lado a hipótese de vermos o Paulo Vintém, o Edmundo e o Cifrão a voltarem a pisar o mesmo palco? Quem sabe numa homenagem ao Angélico…

É assim, nunca se diz nunca, mas é pouco provável. Estamos muito distantes disso.

Mas não faria sentido uma homenagem?

Sim, mas se existir, e quando existir, irão saber. Estarmos agora a falar sobre isso acho que é um bocadinho supérfluo.

Em algum momento da tua carreira passaste por uma fase menos positiva?

A vida é como um batimento cardíaco: tem as batidas e se olharmos para a onda do bater do coração, tem altos e baixos. E a vida tem que ser assim, porque se for só altos, não tem interesse. Nós só damos valor aos altos quando vamos para os baixos. E eu acho que se a vida for sempre assim, com altos e baixos, é maravilhosa.

Então diz-me lá, que conselhos darias a um aspirante a realizador?

Hoje em dia tens muitas ferramentas na mesa, há muitos tutoriais. Acima de tudo, o mais importante é o feeling que se tem, não é a parte técnica. A parte técnica é importante, claro, mas é importante ter feeling. Feeling é o que tu sentes e imaginas quando fechas os olhos e estás a imaginar algum vídeo, algum videoclip para uma música ou alguma publicidade para uma marca. É aquilo que tu consegues imaginar, ver e sentir. E depois é muita edição também, mas é trabalhar. É tentarem ir buscar esse feeling e começarem a fazer os seus próprios vídeos.

O que é que ainda te falta fazer?

Falta-me fazer um filme [risos]. Um filme como realizador! Eu ia projetar uma série também, muito alternativa e diferente. Ainda me falta fazer muitas coisinhas, mas isso vai lá com o tempo.

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