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A Entrevista – Oceana Basílio

A Televisão
8 min leitura

Destaque2 Oceana%2520Bas%25C3%25Adlio A Entrevista - Oceana Basílio

É uma das protagonistas da série da RTP1. Grava onze horas por dia. Cinco dias por semana. Mas diz que se diverte com o temperamento impulsivo da sua personagem. Entrou em Beirais para uma época mas já grava a quarta. Prestes a completar 36 anos, a atriz que dá vida a Clara em Bem-vindos a Beirais revela-se ao A Televisão. Garante que sempre quis representar, diz que gosta de fazer personagens diferentes, que sente a crise e critica o estado do país. Eis Oceana Basílio, a nu.

1 A Entrevista - Oceana Basílio

Tornaste-te conhecida do público em 2005 com a Carla dos Morangos com Açúcar. Sentes que teres participado nos Morangos foi a chave do sucesso que tens hoje?

Foi um ponto de partida muito importante, um projeto de sucesso. Foi o meu primeiro trabalho, onde tive de aprender toda a parte técnica e outros detalhes fundamentais para um ator trabalhar em televisão. Tive a sorte de ter nessa altura duas excelentes diretoras de atores. E melhor do que isso, adorava a minha personagem.

Chegas a protagonista aos 34 anos, em Bem-Vindos a Beirais. Esta personagem foi um presente na tua carreira?

Nunca pensei muito no facto de ser ou não protagonista, e não penso. Gosto sim de ter a oportunidade de fazer personagens muito diferentes. E de trabalhar com prazer! Todas as personagens são um presente por descobrir e trabalhar. Desejo sempre ter oportunidades que possam desafiar o meu percurso.

Ser protagonista é muito absorvente?

Não posso dizer que não se manifeste algum cansaço e que não seja absorvente. É absolutamente normal. Mas penso que no caso de Beirais, isso se reflete em quase todo o elenco. Normalmente, são histórias onde quase todos os atores participam. Não existe uma grande divisão de núcleos de trabalho. No entanto, o bom ambiente entre toda a equipa mantém esta força e também o facto de termos o privilégio de trabalhar no que gostamos faz com que trabalhemos motivados.

Como foi humanizar e criar a Clara?

Foi e é um prazer. A Clara foi construída juntamente com as diretoras de atores Rita Lello e Inês Rosado e continuo a ter o apoio delas. Também descobri muito da personalidade da Clara nos ensaios juntamente com os meus colegas. É uma personagem impulsiva, leve, solta e, por vezes, sentimentalista.

Revês-te em alguma dessas características da tua personagem?

Não me revejo nada. Por vezes nas brincadeiras, sim. A parte impulsiva e mimada, não, de todo. Sou muito diferente da Clara.

A Clara é uma mulher da cidade que por estar desempregada foi obrigada a começar de novo no campo. Numa altura de crise, essa tem sido a única saída de muitos portugueses…

Concordo plenamente. Para quem o trabalho não está apenas nas grandes cidades acho que vale arriscar, a qualidade de vida é maravilhosa. No entanto, eu sou muito citadina e adoro o ambiente urbano e cosmopolita de cidades como Lisboa.

Com a chegada de Água de Mar, Bem-vindos a Beirais transitou para a faixa das 22h. Entretanto, regressou ao horário inicial. Como vês estas mudanças?

Acho que o nosso projeto está no horário ideal para o nosso público. No entanto, faço apenas o meu trabalho e compete aos responsáveis decidirem o que acham melhor para o canal.

Estava prevista apenas uma temporada e já vamos na quarta. Achaste que ficaria apenas pela temporada inicial?

Não pensei realmente nisso, pensava apenas que queria fazer um bom trabalho. O resto foi acontecendo. Só posso fazer um balanço positivo, as expetativas foram ultrapassadas. Um projeto de três meses que passa para dois anos é fantástico.

A que se deve este sucesso?

Acho que é uma série ligeira sem grandes dramas, com alguma realidade, mas sempre com uma mensagem positiva, como podemos ver sempre na última cena de cada episódio que termina sempre na rádio. Muitos telespetadores identificam-se com as vivências da aldeia, principalmente os mais velhos e os imigrantes, tal como as crianças que se divertem com as personagens. Acho que identificam sempre alguma personagem com alguém que realmente conhecem ou conheceram.

A história faria sentido sem ti e o Pepê Rapazote?

Penso que sim, pois Beirais vive de todo o elenco e principalmente das histórias que vão acontecendo na aldeia. Não é o típico projeto que dependa apenas de um enredo central.

No teu currículo recente consta a participação numa comédia romântica norte-americana, Body High, de Joe Marklin. E estiveste quase a entrar no novo filme de James Franco, As I Lay Dying. Fazer carreira lá fora é um sonho?

Não é propriamente um sonho, é apenas a hipótese de não deixar de lado a oportunidade de trabalhar e experimentar outras formas de trabalho e outros registos. É sempre um prazer ter bons e novos desafios.

Conhecendo outras realidades, como é que vês o meio artístico em Portugal?

Estamos numa fase crítica, sem apoios no teatro e muito pouco no cinema. Os bons produtores de teatro e que tanto têm contribuído para a nossa cultura estão a perder os meios de trabalho, e isso é revoltante. Basta dizer que o meio artístico não é reconhecido, nem tem leis decentes para se perceber o estado do país. Espero estar cá quando mudar. Porque ser artista não é só receber medalhas e palmas, é fazer parte do crescimento inteletual e trabalhador do país.

Sentes-te uma mulher de sorte pelas medalhas que já conquistaste na tua carreira?

Sinto-me com sorte de conseguir viver do que gosto neste momento. As medalhas sabem bem, é um reconhecimento do público, pois sem ele nada do que fazemos faria sentido.

Desde muito cedo que saíste do conforto dos teus pais à procura do sonho da tua vida. Que conselhos dás a adolescentes que venham em busca de sonhos semelhantes?

Sejam sempre lutadores, leais e responsáveis. E, principalmente, nunca se deslumbrem com a fama, pois na realidade não é nada. Tudo é efémero, menos a nossa consciência. E ser artista é maravilhoso, de uma entrega fantástica, mas é um trabalho duro, irregular. Nunca ponham em causa a vossa felicidade e a verdade, é sempre o mais importante.

O que é que ainda gostavas de fazer profissionalmente e nunca foi possível (ou ainda não tentaste)?

Tanta coisa… Muitos personagens por viver!

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