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A Entrevista – Mariana Mestre

A Televisão
9 min leitura

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Mariana Mestre nasceu no Algarve, mas rumou cedo para a capital em busca do sonho de ser atriz. Pode dizer-se que viveu o chamado «American Dream» à portuguesa. Após uma Odisseia na RTP, transitou para Belmonte da TVI, onde deu vida à vilã Nina – filha de um assassino profissional que tinha com objetivo terminar o serviço do pai: assassinar Sofia Belmonte [Manuela Couto]. Agora, agenciada pela Karacter, a jovem Mariana pretende continuar a deslumbrar o público com a sua arte… no palco, na televisão ou no cinema.

Como é que surgiu o convite da TVI para participar em Belmonte?

Eu conheci o Paulo Ferreira (do departamento de elencos da Plural) e o Artur Ribeiro em 2013 enquanto estava a fazer a peça Cinderela a Dias, no Teatro Rápido. Ambos pediram-me para ir fazer um casting na Plural. Claro que aceitei o convite e recentemente voltaram a chamar-me para fazer o casting para a Nina.

E como descreve o percurso da sua personagem?

A Nina é uma assassina profissional, com grande controlo das suas emoções e afetos. O seu principal objetivo é vingar a morte do pai. É uma pessoa que não olha a meios para atingir os seus fins, sem medo de ser cruel, fria ou injusta. A Nina não desperdiça tempo com questões de ética e moral e para ela a consciência pesada não existe. Acho que a Nina foi crescendo ao longo da novela, até porque o objetivo fulcral dela levava a que se envolvesse cada vez mais na história e se ligasse a outros personagens.

Quais foram as fontes de inspiração para construir a Nina, que aos olhos de muita gente não tem escrúpulos?

Inspirei-me em vários filmes, nomeadamente o Hanna e o Léon: The Professional. Li alguns artigos e notícias sobre serial killers, fiz pesquisas sobre vários tipos de artes marciais, vi alguns documentários sobre o tema e falei com várias pessoas que praticavam maioritariamente Jiu Jitsu. E não posso deixar de salientar o grande apoio e profissionalismo do David Chan, da equipa de duplos Mad Stunts, que foi quem coreografou as cenas de lutas e quem me ensinou as bases técnicas das mesmas.

É mais desafiante dar vida a uma personagem «fria e sem coração» ou ser a «boazinha da história» tem mais vantagens?

Eu penso que ambas têm vantagens. Uma vilã desafia-me imenso porque me obriga a sair da minha zona de conforto e confronta-me com emoções, sensações e reações que até então desconhecia em mim. Já a «boazinha da história» pode ser bastante interessante se o desafio for contrariar o cliché.

Teve a oportunidade de contracenar com nomes como Manuela Couto. Como é trabalhar ao lado de atores consagrados?

Bem… É uma sensação quase inexplicável! A Manuela Couto é uma atriz por quem eu tenho uma grande consideração e foi um prazer enorme trabalhar com ela, embora ficasse muito nervosa, admito. Às vezes pensava: «Não acredito que estou aqui, ao lado desta senhora». É muito produtivo e gratificante trabalhar com atores deste calibre. Aprende-se imenso com eles em vários aspetos. A Manuela é uma excelente colega, deu-me o melhor que ela tem e ajudou-me sempre que precisei… Vou sempre guardar o que aprendi com ela.

A Nina foi ganhando relevância na história dos irmãos Belmonte. Que feedback é que tem recebido junto do público?

Para minha surpresa, uma vez que estive a fazer uma vilã, o público tem-me recebido com muito carinho. O feedback tem sido muito positivo.

Porém, a vilã morreu. Para si foi o melhor final que a personagem poderia ter?

Acho que foi um final justo. Mas de um ponto de vista mais intimista, tendo em conta as características e profissionalismo da Nina, creio que ela não se deixaria «apanhar» assim tão facilmente e de uma forma tão desprevenida.

Preocupa-se com as audiências?

Sim, preocupo-me. É sempre mais motivante estar num projeto onde sinto que faço parte da vida do púbico, porque no fundo eu trabalho para ele e é muito bom sentir que a história que eu estou a contar chega às pessoas e que a «mensagem» está a ser transmitida.

Antes de Belmonte, teve a oportunidade de participar na série Odisseia. Que lembranças traz desse projeto?

A minha participação na série Odisseia foi muito curta, mas diverti-me bastante porque trabalhei ao lado da minha amiga e colega Beatriz Mendonça, o que tornou a cena mais fluída e dinâmica. E é sempre um prazer trabalhar com o Tiago Guedes, que é um excelente profissional e um realizador/encenador que eu estimo muito.

Faz sentido este género de ficção na nossa televisão?

Sim, acho que nós precisamos de ideias, géneros e registos novos e diferentes.

Portanto, a sua carreia em televisão é recente. O pequeno ecrã é algo que a fascina ou prefere representar para uma pequena plateia (teatro)?

Ambos me fascinam imenso por motivos muito diferentes, mas são os dois muito estimulantes para mim.

Já teve a oportunidade de singrar no cinema. Como avalia o cinema português? Acha que há uma certa desvalorização por parte do público?

Acho que o cinema português tem vindo a crescer e a melhorar a sua qualidade nos últimos anos, principalmente a nível técnico e de produção. Infelizmente há uma certa desvalorização desta arte. Se houvesse mais reconhecimento por parte do público, este mercado teria a oportunidade de crescer. É um caminho a percorrer!

É formada na Escola de Atores (ACT). Para si, é essencial a formação ou basta o talento?

O talento pode ajudar, mas a essência não está só no talento. A formação é muito importante: dá-nos «bagagem», noções técnicas, métodos de trabalho, conhecimento e autoconhecimento, entre muitas outras coisas.

Sempre quis singrar no mundo da representação?

Quando era criança não me lembro de alguma vez ter pensado «Quero ser atriz!». No entanto, sempre estive muito ligada ao teatro e gostava muito de ver novelas. Cheguei a fazer parte de um grupo de teatro até aos 17 anos, que tive de abandonar quando vim para Lisboa. Curiosamente vim para a capital estudar uma coisa que não tinha nada a ver com teatro, e foi exatamente por causa desse afastamento que me apercebi que o que eu queria era ser atriz.

A internacionalização como atriz é um objetivo de vida?

Sim, sem dúvida.

Que personagem é que gostava de dar vida?

Não existe uma personagem específica que eu gostasse de dar vida, porque eu gosto de muitas. Gosto muito das personagens do Anton Chekhov, do Abel Neves, e de muitos outros. Mas as personagens mais desafiantes para mim são aquelas que me levam para fora do meu quotidiano. A Nina foi uma dessas, que me proporcionou mexer em armas, ter ensaios de lutas, enfim… coisas que não fazem parte do meu dia a dia. Desafiam-me personagens com características mentais, emocionais e físicas diferentes das minhas. Gostava, por exemplo, de interpretar uma personagem paralítica ou com uma doença grave… No fundo, personagens com conflitos diferentes dos meus.

1 A Entrevista - Mariana Mestre

Entrevista de David Soldado e Eduardo Lopes

Agradecimentos: Énio Rodrigues, Karacter

david.soldado@atelevisao.com | eduardo.lopes@atelevisao.com

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