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A Entrevista – Lurdes Guerreiro, diretora-geral da Endemol Portugal

David Soldado
24 min leitura

Lurdes Guerreiro, que assumiu a Direção-Geral da Endemol Portugal em 2008, após a saída do fundador Piet-Hein Bakker, faz um balanço positivo de 2016, que «já lá vai», em entrevista ao site A Televisão. Os obstáculos continuam a ser os mesmos mas o objetivo mantém-se inalterado: Provar todos os dias que «as soluções» estão do seu lado. «Não acho que tenha já feito tudo em televisão e que esteja pronta para a reforma», afirmou. 

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Começo esta entrevista por falar do Let’s Dance – Vamos Dançar, que é uma das mais recentes apostas da Endemol no entretenimento português. Como é que surge a ideia deste programa original?

Há uma abordagem do canal no sentido de procurar um determinado conteúdo. Nós, enquanto Endemol, ou vamos para um conteúdo que já existe, que faz parte do catálogo e que já foi testado ou seguimos um outro caminho que é de criar de raiz consoante as necessidades do próprio canal numa determinada altura. Foi o que aconteceu tanto de um lado [Danças do Mundo, RTP 1] como no outro [Let’s Dance, TVI]. Claro que já existe conteúdos para tudo e mais alguma coisa. Hoje em dia é difícil ser criativo até pelo acesso que se tem hoje à informação, que é completamente diferente do acesso que se tinha há 20 anos.

O programa da TVI não está, para já, a convencer os portugueses. As baixas audiências aumentam a exigência por parte da TVI ou é a Endemol que chega à frente para possíveis soluções?

Eu não fico à espera que me telefonem. Eu sei tirar as minhas próprias conclusões e sei ler audiências. O primeiro programa foi demasiado perfeito e a marca Endemol está habituada a fazer um outro tipo de programa. Eu gosto de alinhamentos mais desconstruídos, que surpreendem e que não seja a expectativa de ser só VT, atuação e comentário. Corrigimos alguns aspectos que tinham de ser corrigidos e estamos a trabalhar para fazer sempre o melhor.

Bruno Santos, diretor de programas da TVI, disse que as atuais audiências do Let’s Dance resultam na falta de afectividade entre público e concorrentes. Concorda? 

Acho que isso existiu já no segundo programa. Ao início faltou humanizar os concorrentes, torná-los em pessoas em vez de uns robôs que dançam. Faltou mostrar quem eles são e quais as expectativas que têm mas na segunda gala houve mais isso com os vídeos e as famílias. Os telespectadores têm de criar as suas preferências e têm de saber se gostam mais de uns que outros.

«Perder uma  batalha não é perder a guerra», disse também Bruno Santos. É esse o espírito vivido na Endemol? 

Claro! Ainda é muito cedo para balanços. Cada semana é uma batalha.

Mas o Extra do Let’s Dance deixou de ser emitido e o TVI Reality tem já um outro conteúdo. 

O programa de sábado pode existir por si só. Problemas todos nós temos e é um bocadinho como nas novelas. Umas vezes está a funcionar bem, outras vezes nem tanto. Aí melhora-se a trama ou um núcleo. Eu adorava ter três ou quatro programas ao mesmo tempo e todos terem 50 pontos de share. [risos] mas isso é viver num mundo perfeito que não existe.

Nenhum programa de entretenimento, atualmente, nem chega aos 30% de share. 

Pois claro. Se for comparar com o Surprise Show [SIC], que eu fazia com a Fátima [Lopes] e onde eu era chefe de redacção, tínhamos 50 pontos de share. E agora como é que se consegue isso? Consegue o futebol e às vezes nem tanto. O contexto de 2000 ou o de 1999 não é o contexto de 2017.

O contexto é diferente e os orçamentos também. Criar um programa de raiz sai mais barato do que comprar os direitos de adaptação de um formato internacional? 

Sim porque se os direitos são nossos não temos que pagar a outros. Existe aqui um outro lado muito importante que é o da distribuição. Os canais portugueses estão a olhar nesse sentido porque, para além das receitas que vêm da distribuição, existe também o orgulho e vontade de mostrar o nosso trabalho lá fora. Os canais estão mais despertos para esse lado da distribuição e o grupo Endemol Shine, que é uma máquina forte, permite essa distribuição a nível mundial.

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Tanto a TVI como a Endemol ganham com a exportação do Let’s Dance

50/50. Partilhamos os direitos.

Há algum interesse internacional?

O próximo mercado vai ser em abril. Ainda é muito cedo.

Numa entrevista dada em 2008 disse que «o mercado americano ou inglês estão mais recetivos a formatos que nunca tinham sido experimentados mas em mercados como o português isso não acontece tanto. As estações querem formatos testados, provados e ver audiências». Já não partilha, portanto, dessa opinião?

O que eu tenho sentido é que os canais têm mais vontade de arriscar até porque o facto de não se pagar direitos é, à partida, mais aliciante. As últimas experiências têm dito que existe uma abertura que, por exemplo, em 2008 não existia. Ninguém arriscava nada se olhar para 2008. Não houve programas originais em 2008, em 2009 nem em 2010. Foi mais a TVI e agora fui surpreendida pela RTP 1 de querer e de desafiar-nos para formatos originais.

O principal entretenimento da TVI é produzido pela Endemol há já alguns anos. Posso dizer que a vossa posição no canal está mais que segura ou é imprudente tomar as coisas como garantidas?

Eu não tomo nada como garantido na minha vida. Não tomo os meus clientes como garantidos e no dia em que fizer isso estou morta e enterrada. Todos os dias tenho de trabalhar e provar que tenho soluções, que consigo melhor e que as audiências da semana seguinte serão diferentes. Às vezes brinco e digo “se calhar nesta altura da minha vida não tenho que provar nada porque já fiz tanta coisa”. O passado permite é ter uma boa relação com as pessoas mas a Endemol não é exclusiva da TVI nem eu sinto como tal. O canal tem produções com outras produtoras e é assim que o mercado é funcional. Deve ser livre. Nós somos uma produtora de conteúdos independente e trabalhamos conteúdos para quem nos pede.

Rui Ávila disse em 2013, na altura diretor-geral da Shine, o seguinte: «Se não houver dinheiro para produzir um determinado programa com o mínimo de qualidade não o fazemos, por muito sucesso que ele tenha na Europa toda». Esta é uma premissa seguida também na Endemol ou não há muito espaço de manobra para determinadas exigências?

Não existe uma premissa. Não dá para trabalhar assim. Existe é um pedido de um determinado canal que quer um determinado programa e que tem um valor disponível. Se eu digo que para aquele conteúdo específico não existe o valor suficiente, então vamos encontrar alternativas para um outro conteúdo que seja parecido mas que dê para adaptar. O que eu mais faço em Portugal é adaptar. Neste meio é fundamental a capacidade de conseguir adaptar um formato que é um sucesso em mercados internacionais mas os valores são cinco, oito ou dez vezes maior que o valor praticado por cá. Deixamos de fazer? Deixamos de ter um Dancing with the stars ou uma A Tua Cara Não Me É Estranha porque não temos aqueles valores? Não! Então vamos adaptar! Se calhar em vez de ter 500 pessoas na plateia, temos 250. Em vez de termos 12 concorrentes, se calhar temos oito. Em vez de quatro jurados, temos três. Nós temos de ter é a a capacidade de adaptar um formato sem perder a sua essência.

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O dinheiro é a única coisa que distingue a nossa realidade da dos mercados internacionais?  

Eu já estive em Espanha algumas vezes e olho para a versão deles de A Tua Cara Não Me É Estranha, que tem um décor gigante, tem 500 pessoas na plateia e quatro jurados, e fico muito orgulhosa do nosso produto. O nosso mercado é de 10 milhões. Não me sinto pequenina mas temos é de ter a capacidade de manter a essência do formato e, claro, cativar o telespectador. Estou a dar o exemplo de A Tua Cara Não Me É Estranha como dou o exemplo de Os Extraordinários que marcou a televisão. Foi um produto diferente.

É injusto quando os portugueses fazem essas comparações? 

Acho muito injusto porque quem faz essas comparações também devia comparar a sua própria vida com a dos outros. Toda a gente adorava morar numa mansão com piscina mas vivemos com o que temos. Temos é que aproveitar aquilo que temos e isso passa por rentabilizar ao máximo aquilo que se tem. É difícil pegar num formato que lá fora custa um milhão de dólares, tem um décor de não sei quantos mil metros quadrados e uma equipa gigantesca e transformá-lo à nossa realidade que é bastante diferente. O décor tem menos metros quadrados, menos holofotes e as equipas têm de se desdobrar em mais de uma função. Mas esse é o nosso trabalho de todos os dias.

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2016 foi um ano positivo para a Endemol Portugal?

Foi um bom ano! Voltámos à ficção e fizemos muito entretenimento. Criámos um formato original que foi o Love on Top, gravámos Os Extraordinários, apesar de ter sido só emitido em janeiro de 2017 e foi o ano em que começamos a criar o Danças do Mundo [RTP 1].

Qual vai ser o grande desafio de 2017?

Trabalhar mais, melhor e surpreender. É um cliché mas o grande desafio passa por tentar fazer coisas diferentes. Eu, enquanto produtora, gosto de ter desafios novos e estar sempre a aprender. Não acho que já tenha feito de tudo em televisão e que esteja pronta para a reforma.

O frágil mercado publicitário e a constante contenção de custos por parte das televisões são os principais obstáculos a enfrentar?

Eu tenho o sonho de ver os meus clientes milionários [risos]. Claro que todos gostamos de trabalhar com mais dinheiro. Todos queremos trabalhar com as melhores condições no sentido de fazer mais e melhor. Nós olhamos para o mercado americano, inglês ou alemão e ficamos, com certeza, deslumbrados com aqueles decores, com a quantidade de adereços que estão no palco e com aquilo que se faz.

Outro obstáculo que a Endemol tem é a produção interna dos canais. Como é que uma produtora reage a uma situação destas sabendo que o serviço prestado está assente maioritariamente no catálogo?

São nossos concorrentes como as outras produtoras. É uma escolha do canal. Acho que o desafio das produtoras passa por mostrar aos canais de televisão que somos os melhores a fazer aquele conteúdo para que nos valorizem.

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Na sua opinião, sai mais barato produzir internamente ou externamente?

Não sei porque nunca produzi internamente [risos].

O Frederico Ferreira da Almeida [FremantleMedia Portugal] diz, numa entrevista, que sai mais barato ao canal entregar o projeto a uma produtora independente.

Não faço ideia quais são os custos de uma produção interna e como é que eles amortizam esses custos. Não tenho esse conhecimento. Acho é que pode passar a ser uma dor de cabeça a menos pedir um serviço.

Em contrapartida, a Endemol está a apostar em novos caminhos, sendo um deles a ficção. É o caso da série Miúdo Graúdo, transmitido na RTP 1. 

A série correu muito bem. Existe interesse da China, Índia e Siri Lanka tanto do formato em si como do ready-maid. Ou seja, há também interesse do que já foi feito e que depois será dobrado. Até foi caricato. Estava a ter uma reunião com o diretor de uma estação da China e o Daniel Deusdado estava à minha espera porque ia ter também uma reunião com ele. Estava a fazer a apresentação do Miúdo Graúdo e acabei por chamá-lo. Eu falei do lado da produção e ele do lado do canal, explicando porque é que a RTP 1 decidiu comprar o Miúdo Graúdo.

A série portuguesa pertence, portanto, ao catálogo da Endemol? 

O produto é da Endemol mas na distribuição partilhamos receitas com a RTP 1. Eu gostei muito desta experiência. Eu sou produtora de entretenimento e não de ficção e tive, por isso, um bocadinho de receio na altura mas a série correu-nos muito bem em termos de feedback. Os resultados são os que são mas o meu cliente ficou muito satisfeita. Foi uma aposta difícil de concretizar porque queria fazer bem feita. Agora quero continuar!

Mas se no entretenimento as portas estão abertas para todos os canais generalistas, na ficção a questão é mais complicada. A Plural é responsável pela ficção da TVI e a SP Televisão assume as novelas da SIC. Há espaço para a Endemol neste mercado?

Sim, claro! Se fizermos uma ficção por ano fico muito contente. Eu gosto de fazer coisas diferentes e continuo a tentar surpreender a mim própria [risos]. Danças do Mundo é um exemplo disso como foi o Miúdo Graúdo. Eu preciso de estímulos e de desafios novos para não estar sempre a fazer a mesma coisa.

O esforço é maior quando se é obrigada a ter a mesma boa relação com todos os canais em Portugal? 

Tem de ser porque eu sou independente e não trabalho para nenhum canal. Quando eu vou para a RTP, eu estou focada na RTP. Quando estou na TVI, estou focada na TVI e se for para a SIC estou focada na SIC. Neste momento trabalhamos mais com a TVI, FOX e RTP mas no passado já trabalhámos muito com a SIC. Ao mesmo tempo que estávamos para a SIC, fazíamos também conteúdo para a TVI e a RTP era o canal que estava mais afastado. São ciclos e não entendo isso [falta de projetos na SIC] como um mau-estar com a direcão. Não me dou mal com ninguém e tenho uma boa relação com todos os canais.

É a Endemol que chega a um diálogo com os canais ou acontece o contrário?

Sou eu que peço reuniões para apresentar formatos e é assim com todos os canais. No que diz respeito à RTP 1, entramos no último concurso público de conteúdos e estamos a entrar neste momento outra vez. É um diálogo entre as duas partes. Eu disponho ou os canais pedem a mim algo.

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A partir do dia 4 março, a Endemol lutará contra si própria aos sábados à noite com a estreia de Danças do Mundo, da RTP 1.

Sabemos lá nós se os senhores diretores de programas não mudam de opinião. Já viu a capacidade dos diretores dos canais em mudar de opinião? [risos]. A Tua Cara Não Me É Estranha estava ao sábado, não estava? Depois passou para o domingo…

Será fácil gerir essa situação caso Let’s Dance se mantenha nos serões de sábado? 

Já aconteceu pior que foi numa passagem de ano na RTP 1 e TVI e os dois em direto. O produto [Danças do Mundo] vai estar entregue na RTP 1 a tempo e horas. O canal não tem de comunicar, depois, a que horas é que vai entrar com o programa e se vai fazer breaks [intervalo] ou não. Não tem de o fazer. O meu pensamento passa por acreditar que a Endemol está a dar o seu melhor tanto num produto como no outro e que está, claro, a respeitar as expectativas que o canal tem sobre aquele produto.

E se o Danças do Mundo roubar público ao Let’s Dance

Eu não sofro por antecipação senão já estava morta. Os canais passam a vida a mudar de horários e de dias. Se tiver que ser será! Até ao dia 4 de março já fui a Cuba e já voltei [risos].

Tudo bem mas a pressão aumenta quando um projeto televisivo não está a corresponder às expectativas do canal. 

Eu tenho muitas dores de cabeça com as audiências todos os dias de manhã. Acho que os diretores de canais então…nem quero imaginar. Mas já houve uma altura da minha vida que as audiências pesavam mais. Com a experiência e idade que tenho, hoje em dia tento relativizar um pouco mais porque amanhã será outro dia e vêm outras audiências.

A Endemol Portugal celebrou recentemente o 20º aniversário. O que é que ainda falta conquistar no nosso país?

Ainda há muita coisa para fazer! Eu gostava muito de continuar a fazer ficção.

Há projetos pensados?

Sim, estão pensados! Os desafios passam pela ficção e por criar formatos. Gostava mesmo que os programas formados cá em Portugal fossem depois distribuídos lá fora. Era valioso para nós e para os canais que são nossos parceiros.

Já se fez tudo em televisão?

Não! É difícil e cada vez mais difícil criar formatos mas há sempre lugar para ser diferente. A televisão está sempre a mudar para se criar e eu sou uma otimista quanto a isso.

Como é que analisa o atual panorama televisivo português? 

O Cabo tem uma cotação extraordinária e os canais generalistas têm um grande desafio pela frente que é dar a escolher ao telespectador o que se quer ver. Já nem falo das outras plataformas, falo apenas da caixinha. Só aí é uma competição extraordinária. Agora estou sentada no sofá e apetece-me ver alguém a cozinhar. Vou ver, claro. Depois apetece-me ver animais, tenho a Vida Selvagem. Apetece-me ver informação, tenho a CNN ou BBC New.

E isso é bom ou mau para a Endemol?

Desde que me traga mais clientes é bom [risos]. É mau porque os meus principais clientes ficam com menos dinheiro e o que eu quero é que estes sejam milionários, tenham orçamentos milionários iguais aos dos Estados Unidos e que digam “Lurdes, tens aqui um orçamento enorme para trabalhar”. Eu desejo que eles [clientes] tenham a maior rentabilidade possível nos seus negócios para que eu também tenha a maior rentabilidade possível no meu.

Espera então que haja mais dinheiro em televisão nos próximos anos? 

O dinheiro da televisão tem a ver com o dinheiro do nosso país e com a sua capacidade de criar mais emprego e riqueza. Isso depois transporta-se para todos os negócios, inclusive, o negócio da televisão. Eu tenho sempre a expectativa de vender mais e gosto de ter sempre o escritório cheio de gente a trabalhar. Sinto-me bem quando faço um telefonema a dizer “Tenho este programa agora e gostava que fosses tu a fazer, a realizar, a produzir, etc”.

Não perca, em breve, a segunda e última parte da entrevista a Lurdes Guerreiro. Os temas serão os seguintes: 

(1) O crescimento da internet;
(2) O desgaste dos reality shows em Portugal;
(3) A manipulação [ou não] na Casa dos Segredos;
(4) A importância das audiências;
(5) A nova edição da Operação Triunfo
 

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Redactor.