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A Entrevista – Kevin Sussman – «The Big Bang Theory»

Diana Casanova
10 min leitura

Kevin Sussman tem 46 anos e uma carreira na representação, quer em cima dos palcos, quer no cinema, quer na televisão. O projeto que lhe trouxe mais notoriedade foi The Big Bang Theory, que vai já na sua 10ª temporada, e onde representa o papel de Stuart.

O A Televisão esteve à conversa com Kevin Sussman no âmbito da sua presença na Comic Con Portugal na passada semana e conta-lhe agora tudo o que o ator nos revelou em mais uma A Entrevista. O ator assume muitas semelhanças com o nerd que dá vida no pequeno ecrã e fala ainda de algumas histórias interessantes da série, mas não só.

Leia-a esta conversa em seguida, onde predominou, como não podia deixar de ser, a boa disposição.


Como avalias o crescimento da tua personagem em The Big Bang Theory?

Acho que porque todas as outras personagens cresceram e agora a maioria deles está em relações estáveis, a minha personagem teve uma necessidade de regredir. Quando a minha personagem apareceu na série, estava muito mais equilibrado e com o evoluir das temporadas, ele tem vindo a desmoronar, a piorar como pessoa independente. E acho que é porque eles precisam de fazer isso, porque, de outra forma, teriam uma série sobre um grupo de pessoas em relações estáveis e saudáveis [risos]… Portanto, de certa forma, tem sido uma ajuda para mim porque tenho mais coisas engraçadas para fazer.

Achas que o Stuart vai encontrar uma namorada brevemente?

Isso seria maravilhoso. Ele nunca saiu com ninguém além das raparigas principais na série e nunca acaba bem, mas sim. Não sei, mas espero que sim. Neste momento têm tantas personagens na série e são só 22 minutos… seria difícil… teria que ser alguém muito especial…

Que semelhanças existem entre ti e o Stuart?

Bem, somos ambos incrivelmente rascos [risos]. Ambos temos um mau histórico de relações. Ambos trabalhámos numa loja de comics. Ambos super neuróticos. Ambos temos terapeutas que não se preocupam connosco. Diria que há muitas [semelhanças]. [O que torna] mais fácil a parte física, como trabalhar numa loja de comics… mas a parte emocional… Qual parte emocional? [risos] é mais difícil às vezes.

É divertido para ti, enquanto nerd estar numa série tão nerd?

Sim, é maravilhoso, mas também frustrante às vezes, quando erram em coisas nerd.

Identificas esses erros?

Sim, a toda a hora. Especialmente nos jogos de tabuleiro. Sou um grande jogador de jogos de tabuleiro… Eles têm consultores para ciência, tudo o que está no quadro,… isso é totalmente fidedigno. Porque têm um físico que aconselha. Mas não têm isso para as coisas geeks, porque muitos dos argumentistas são geeks, especialmente de filmes e comics, mas não têm ninguém dos jogos de tabuleiro e às vezes estão a jogar um jogo e ninguém jogou, mas as cartas estão viradas para cima em vez de estarem para baixo. Magoa a minha alma de geek [risos].

Não te pedem conselhos?

Não, mas eu dou de qualquer forma. [risos]

Qual é a importância do Stuart no equilíbrio do grupo?

Acho que, porque as outras personagens principais todos estão em relações bastante mais maduras, eles usam a minha personagem para revisitar alguns dos problemas que os rapazes tiveram antes de estarem tão bem. Quer dizer, eles agora têm relações estáveis, bons empregos e sabes, precisam da minha personagem para tipo preencher esse vazio… De outra forma seria apenas uma série sobre pessoas em relações saudáveis e com bons empregos.

O que reserva o futuro para o Stuart?

O Stuart por natureza não tem grande futuro [risos]. Assim que algo de bom acontecer ao Stuart, acho que vou perder o meu emprego. Mas veremos.

O que achas que faz de The Big Bang Theory um sucesso tão grande?

Acho que tem de ser a combinação de vários fatores. É o elenco, o argumento, a realização, a premissa original da série. E o Chuck Lorre não aceita a intervenção dos estúdios, não tem de o fazer, porque ele é o Chuck Lorre. No fim do dia, é a visão do Chuck, não há pessoas do canal a meterem-se, a darem conselhos…

E como descreves a relação entre o elenco da série?

É fantástica. E eu estive em séries em que a relação não era assim tão boa, portanto sinto-me um sortudo. E essa é uma das razões por que acho que a série tem sido tão bem-sucedida. Não há primas-donas, toda a gente se dá muito bem. É cliché dizer, mas é uma verdadeira família. Há amor verdadeiro entre o elenco e a equipa toda. Tenho a certeza que a série não estaria ainda em exibição se não fosse [assim]. E acho que isso passa [para os espectadores].

Consegues recordar alguma situação nas gravações em que simplesmente não conseguiste parar de rir? É frequente?

Sim, bem o Simon Helberg, que desempenha o papel de Howard, é hilariante entre takes. Faz imitações, também as faz na série. Ele está sempre a dizer piadas e toda a gente é, na realidade, engraçada. Mas no outro dia estávamos a ensaiar e a Kaley [Cuoco, que desempenha o papel de Penny] nem sequer foi uma deixa assim tão engraçada, mas… O Leonard diz-lhe «eras uma atriz sem sucesso» e ela responde: «podes não dizer a parte do sem sucesso». Ela disse isto tão bem, estava tão «no momento», como dizem, e toda a gente se partiu a rir. Eu olhei para ela e ela estava tão dentro da personagem que nem se apercebeu que estávamos a rir. Naquele momento em que saiu da personagem e objetivamente olhou para nós também se começou a rir. Foi um momento porreiro. Adoro coisas assim.

[cena que foi exibida no episódio 11 da 10ª temporada, exibido nos EUA no dia 15 de dezembro de 2016]

Sentes-te mais confortável a fazer comédia do que drama? É mais natural?

Eu acho que são mais parecidos do que diferentes. Simplesmente costumo ser mais escolhido para papéis cómicos, mas o que estou a fazer enquanto ator, não me parece tão diferente assim. É só que em termos de contexto é diferente. Na realidade, acho que quando não me está a sair algo bem na comédia é porque não a estou a levar a sério o suficiente.

Não gostas de papéis dramáticos?

Gosto, mas se estiver a fazer um papel dramático então quero fazer alguma comédia, mas se estou a fazer algo mais cómico, quero fazer algo dramático…

Alguma vez foi um problema o facto de estares mais ligado à comédia?

Sou mais conhecido agora e tenho muito mais visibilidade por causa de The Big Bang Theory, então tenho de lutar contra esse facto e porque as pessoas só me conhecem como Stuart.

Tu escreves e representas, no teatro, no cinema e na televisão. Qual é a forma de arte que mais aprecias?

É um pouco como a comédia vs drama. Quero fazer o que não estive a fazer antes. Na minha carreira o mais divertido de fazer foi definitivamente The Big Bang Theory. Espero que continue por muitos anos e depois irei começar à procura de outros trabalhos na representação.

Se tivesses de escolher uma personagem para representar, quem seria?

Em geral, seria um papel no teatro. Costuma ser mais centrado nas personagens. Algo do Arthur Miller ou Tennessee Williams. Uma peça com uma personagem que atravesse todo um processo de desenvolvimento numa única noite. Não tem de ser intensamente emotivo, porque eu não tenho emoções intensas [risos].

Por fim, já estiveste no painel do Comic Con Portugal. Esperavas uma reação tão calorosa dos portugueses?

Sim, eu tinha uma ideia de como seria, simplesmente por andar pela cidade. Fui muito reconhecido, talvez até mais do que em qualquer outra cidade em que estive. Eu fiquei a pensar se haveria muita gente no painel e houve. As pessoas pareceram muito entusiasmadas o que é, ainda, um pouco estranho…, mas excelente!

Nos EUA, é menos, porque eu vivo em Los Angeles e há muitas pessoas famosas por toda a parte, [então] suponho que as pessoas estão mais habituadas. Portanto fiquei surpreendido e maravilhado pelo facto de The Big Bang Theory ser tão popular em Portugal.


Redatora e cronista