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A Entrevista – Especial «O Beijo do Escorpião»

A Televisão
26 min leitura

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Orgulhosos do seu trabalho, António Barreira e João Matos abrem o jogo e contam como se escreve uma história a quatro mãos. O facto de se conhecerem há mais de uma década e de já terem trabalhado juntos noutras novelas ajuda o trabalho desta dupla. Os autores estiveram à conversa com o A Televisão e desvendaram segredos de bastidores do Beijo do Escorpião, e ainda falaram sobre a concorrência…

1 A Entrevista - Especial «O Beijo Do Escorpião»

O Beijo do Escorpião surpreendeu tudo e todos. A sensação é a de dever cumprido?

António Barreira – Obviamente que a sensação é a de dever cumprido. Foi uma história que exigiu muito esforço, dedicação e empenho, mas, no final, sentimos que o navio tinha atracado em bom porto. No final, sentimos um misto de satisfação, alívio e nostalgia.

João Matos – A sensação é a de que conseguimos contar uma história que cativou o público, o apaixonou e levou-o a querer saber mais. Provocou-o com algumas histórias mais polémicas e por fim colocou-o na dúvida: quem matou o Fernando? Uma pergunta que só terá resposta no capítulo derradeiro.

Como é que se escreve uma novela a quatro mãos?

AB – É fácil escrever uma história a quatro mãos. Costuma dizer-se que duas cabeças pensam melhor do que uma e é mesmo verdade. Eu e o João temos uma forma muito parecida de pensar. Completamo-nos bastante, ainda que tenhamos vivências diferentes. E isso ajuda na construção duma história. Cada um põe um pouco das suas vivências.

E como é que se constrói uma história de sucesso?

JM – Uma boa história escreve-se com paixão. Pelo trabalho, pelo contar a história, pelo viver das personagens. Escreve-se com uma dedicação de 24 sobre 24 horas. Estar atento ao que se passa, estar atento às tendências e sobretudo à atualidade, são premissas importantes. E depois, querer, honestamente, narrar a vidas de cerca de 30 pessoas que só existem no ecrã, mas cujas peripécias, ódios e paixões, têm a capacidade de apaixonar mais de um milhão de pessoas, todos os dias.

Nunca houve desentendimentos entre vocês?

AB – Que eu me recorde nunca houve nenhum desentendimento entre nós. Eu e o João Matos sabíamos a história que queríamos contar. Às vezes, podem existir discussões sobre a forma como os factos são contados. Mas essas discussões são mais que saudáveis, porque é daí que «nasce a luz» (ainda que sejamos os dois Sportinguistas ferrenhos). Mas todas as atitudes dos personagens eram discutidas por nós e acabávamos sempre por chegar a um consenso. E sempre de forma muito rápida, porque sabíamos qual era o nosso objetivo.

JM – Houve sempre um espírito de discussão criativa, até à ultima frase, do último capítulo. Mas ajuda quando conhecemos bem o parceiro de escrita, quando o respeitamos e quando, acima de tudo, sabemos que ambos queremos a mesma coisa: o sucesso da nossa história. Se isso estiver claro, todas as discussões acabam por ser produtivas e funcionam para melhorar a história.

Aposto que acordaram muitas vezes com a ansiedade de «O que é que a Alice vai fazer hoje?»

AB – Essa ansiedade persegue-nos durante todo o processo de escrita e até mesmo quando já terminou. É uma coisa quase esquizofrénica, porque cada um de nós existe enquanto pessoa, mas tem várias pessoas dentro de si, que são aquelas personagens com quem convive praticamente durante um ano, vinte e quatro horas por dia. E não é fácil, porque, às tantas, parece que não distinguimos as emoções dos personagens das nossas próprias emoções. E, quando a escrita termina, sentimos um vazio gigante, como se, de repente, todas aquelas «pessoas que viveram connosco durante 24 horas» tivessem morrido num instante.

JM – Ainda acordo com essa ansiedade, apesar de já ter acabado de escrever a novela. Foi algo que me acompanhou durante um ano.

Se a criatividade falhar, como é que se dá a volta por cima?

AB – Num processo industrial como a escrita duma telenovela, não há margem para haver esse tipo de falhas. Quando tínhamos bloqueios, pegávamos no telefone e ligávamos um ao outro, às vezes de madrugada. Ou então fazia uma pausa e tentava pensar em tudo, menos na novela. E aí a solução aparecia quando menos esperava. Creio que algo semelhante também se passava com o João. Mas a nossa troca de e-mails era constante – aquilo a que chamamos um «bate bola» continuado, com um a chutar uma ideia, o outro a devolvê-la mais completa (ou complexa) e por aí adiante.

JM – A criatividade, por definição, não falha, reinventa-se. Por vezes é preciso parar, dar um passeio, estar com a família, ir a um concerto, jogar uma partida de futebol, para dar tempo à inspiração para fazer reboot. Mas todos os guionistas de telenovela sabem que não se podem dar ao luxo de ter bloqueios criativos. Quando estão na iminência de os ter, sabem que têm de fazer os possíveis para que a inspiração volte, porque há uma novela para escrever, um episódio por dia para entregar.

Quando conceberam a Alice, perceberam logo que a Sara Matos era a atriz ideal para o papel?

JM – A Alice nasceu durante um telefonema de uma hora entre mim e o António. E não nasceu sozinha. Nasceu logo com a Rita. Sabíamos que queríamos uma mulher sedutora, sem escrúpulos, sem tabus e sem limites. Por oposição a uma mulher justa, mãe, empreendedora, bondosa. E foi assim que elas as duas foram construídas, na sua génese. Quando passámos à fase de escolha de elenco, ambos achámos que a Sara seria a escolha certa. Mas ela estava noutra novela, por isso, descartámos essa hipótese. No dia em que apresentámos a versão final do projeto na TVI, fomos surpreendidos com a possibilidade de a Sara poder fazer este papel e ambos concordámos de imediato.

Foi um processo muito trabalhoso construir este lobo em pele de cordeiro?

AB – Nós queríamos uma vilã que, sempre estando no limite, conseguia dar a volta por cima. Ou seja, quando o público pensasse que ela ia cair, um revés fazia com que ela se safasse. Era um autêntico Génio do Mal (aliás, foi o título provisório da novela). E lembro-me de, numa conversa com o João Matos, comentarmos que a Sara Matos era a atriz ideal para este papel. Mas a Sara estava a fazer a novela Belmonte. Quando estávamos numa reunião na TVI para discutir o elenco da novela, a própria TVI sugeriu o nome da Sara para o papel.

E qual foi a vossa reação?

AB – Eu e o João ficámos boquiabertos. Só nos lembro de termos trocado um olhar e um sorriso, como que a dizer que nos «leram os pensamentos». Obviamente que este lobo em pele de cordeiro era uma personagem cheia de nuances e tínhamos sempre que ir arranjado forma de alimentarmos os esquemas dela. Esse era um dos nossos desafios constantes, mas que creio que conseguimos superar. Além de que a Sara fez um trabalho brilhante ao dar vida à Alice. Aliás, todos os atores do elenco estavam no tom certo dos personagens e isso faz com que o resultado seja muito feliz.

A TVI tem feito uma aposta consistente na Sara Matos, desde os Morangos com Açúcar, até ao Dança com as Estrelas, que venceu, no ano passado e, agora, como protagonista desta novela. A atriz está a ser encaminhada para o papel de «namoradinha de Portugal»?

AB – A única coisa que posso dizer é que a Sara Matos é uma excelente atriz.

JM – Essa questão deve ser dirigida à TVI.

Há quem defenda que a Sara Matos é uma estrela criada pela TVI e que qualquer atriz (com as devidas competências, claro) podia encarnar a Alice.

AB – Podemos sempre dizer que qualquer ator pode fazer o papel feito por outro. Mas a realidade é que a Alice foi feita pela Sara e, neste momento, não consigo ver outra pessoa a fazer a personagem. Mas isso aconteceria também se fosse outra atriz a fazer a personagem – iria ver sempre a Alice com a cara dessa outra atriz, porque cada ator empresta o seu cunho pessoal aos papéis que desempenha, ao ponto de já não conseguirmos ver outras pessoas naquele lugar.

Os canais criam as estrelas ou as estrelas têm o seu próprio brilho?

AB – Eu tenho outra postura: acho que o tempo separa o trigo do joio e só permite que os bons permaneçam. Se depois são estrelas ou não, dependem da gestão que fazem das suas próprias carreiras.

Em que é que O Beijo do Escorpião se distingue de outras novelas?

JM – O ritmo da narrativa foi sempre uma preocupação. A verosimilhança, a ideia que em cada núcleo teríamos um tema atual, moderno e contemporâneo, eram uma prioridade. O trabalho que foi feito entre a autoria e a direção de projeto e de conteúdos da Plural foi sempre no sentido de dar credibilidade às histórias, de estar em cima dos temas quentes, de manter as emoções, em todos os plots, ao rubro. A entrada no projeto do José Eduardo Moniz veio acentuar e acelerar esse processo, dando-lhe uma dimensão ainda maior.

7 Ab A Entrevista - Especial «O Beijo Do Escorpião»

O que me dizem acerca do regresso de José Eduardo Moniz, agora como conselheiro de ficção?

AB – Só posso dizer bem. Eu comecei a minha carreira como autor com o José Eduardo Moniz. Jamais esquecerei a aposta que ele e o André Cerqueira fizeram em mim quando decidimos arrancar com a Fascínios. O José Eduardo Moniz não só percebe de ficção, como gosta de ficção. E trabalhar nesta área é um caso de paixão: ou se ama muito ou não vale a pena, porque é extremamente violento. Por isso, só se pode fazer isto com muito amor. E o José Eduardo Moniz está sempre a colocar-nos perante desafios, que só nos estimulam a superá-los. Isso dá-nos uma vontade tremenda de fazer mais e melhor.

JM – É um prazer e um enorme privilégio para mim poder trabalhar e aprender diariamente com o José Eduardo Moniz.

Após a saída de José Eduardo Moniz da TVI, em 2009, houve ali uma quebra na inovação. As pessoas começaram a queixar-se que a TVI fazia novelas por fazer…

AB – Essa história de inovar é algo que me faz espécie. O que é, afinal, inovar? É contar uma história que nunca tenha sido contada? Na minha opinião, todas as histórias já foram contadas desde as tragédias gregas. O que muda é a forma como a mesma história é contada. Mas cada caso é um caso e as situações devem ser avaliadas para cada momento. Eu lembro-me que a última novela que o José Eduardo Moniz aprovou na TVI, antes da sua saída, foi o Meu Amor, da minha autoria, e que viria a ser premiada com um Emmy Internacional. Mas depois disso já fiz o Remédio Santo, que foi nomeada para outro Emmy. Fala-se muito na história de inovação, mas nunca ninguém precisou o que é isso.

Inovação é não seguir sempre a mesma fórmula.

AB – Eu costumo dizer que uma boa história, bem contada, com os ingredientes que vão de encontro às necessidades e gostos do público em determinado momento, é sempre uma história de sucesso. O que para nós, autores, é difícil é tentarmos colocar-nos na pele daqueles milhares de pessoas que se sentam todos os dias em frente à televisão e quase que tentarmos adivinhar o que é que eles querem ver. Como devem calcular, não é nada fácil. Mas é isso que fazemos quando nos propomos a contar uma história.

João, houve ou não um período de «toma lá mais do mesmo» na TVI?

JM – Não concordo com a avaliação. A TVI colocou a ficção portuguesa no topo das audiências através de mais de uma década de trabalho árduo, investimento continuado e muita aprendizagem e capacidade de inovação. Formou guionistas, atores, técnicos e executivos nesta área e colhe diariamente os frutos desse investimento. Qualquer programador deve estar atento à evolução dos públicos e dos consumos televisivos para se manter na frente. É um trabalho diário e cujo resultado final é avaliado pelas audiências.

Nos primeiros episódios da novela, a medição de audiências revelou que as cenas de amor homossexual eram das mais vistas pelo público. A missão principal era mostrar o lado que os homofóbicos não percebem, que é os homens amarem-se como um homem e uma mulher?

AB – Tivemos que ter em consideração que a sociedade ainda tem preconceitos e tabus em relação à homossexualidade e tivemos que os inserir na história, ou não estaríamos a ser realistas. Mas o casal Paulo e Miguel ganharam uma legião de fãs pelo mundo inteiro. Basta ver no YouTube a quantidade de canais que existe dedicados à história de amor dos dois. E aqui louvamos o trabalho do Pedro Carvalho e do Duarte Gomes que se entregaram de corpo e alma aos personagens. Mas todos os atores com quem tivemos a honra de trabalhar nesta novela só nos deram alegrias.

Creio que vocês também tentaram dar muita força às mulheres desta trama, tentaram dar-lhes um papel preponderante. Elas são o ponto forte da novela?

AB – As mulheres não são apenas o ponto forte da novela. Têm uma preponderância cada vez maior na sociedade. Atualmente, grandes cargos a nível político, social e financeiro são exercidos por mulheres. Se queremos uma novela realista, que fale da sociedade atual, temos que mostrar esse papel preponderante e proactivo das mulheres. Daí que ganhem uma força muito grande e tenham destaque.

JM – As mulheres do Beijo do Escorpião são todas personagens muito fortes. Dominadoras, chefes, empreendedoras. Em contraste com os homens, que são mais indecisos e mais reféns das suas pulsões. Não foi propositado, mas encaixa na linha de querermos ser realistas e contemporâneos. Embora, à medida que as histórias avançam conseguimos perceber que os homens não são fracos, mas mais discretos, na forma de lidar com as situações.

Falemos então sobre um tema que vocês não gostam de comentar: o horário de exibição do Beijo do Escorpião.

AB – Não me cabe a mim, enquanto autor, pronunciar sobre isso, nem concordar ou discordar. A TVI é a dona do produto e faz com aquele o que bem entender. A minha função é unicamente escrever. Sou autor e não programador. E, como tal, só tenho que respeitar as opções que o canal faz para um produto porque acredito na capacidade das pessoas que estão nesses lugares. Nós funcionamos como uma equipa e só assim é que é possível ganhar.

JM – Acredito sempre que a TVI escolhe os melhores horários para os seus produtos e o faz com a certeza de que os está a defender e está a retirar deles a mais valia que é eles contribuírem para o seu share diário.

Mas não foi fácil chegar ao primeiro lugar…

AB – Nós estreámos contra uma novela que já estava em exibição há vários meses e tinha um público fidelizado. E aqui vou dar uma resposta enquanto público: se começo a ver uma coisa que até me agrada, porque raio vou deixar de acompanhar para começar a ver outra coisa que agora começou? A não ser que a nova produção me fisgue de alguma maneira e desperte o meu interesse para eu a veja. Mas para isso é necessário tempo para que um produto se imponha. Neste campo a TVI foi exemplar e persistente. Manteve sempre a aposta feita em O Beijo do Escorpião até que esta conquistasse o seu espaço. E assim aconteceu.

JM – Qualquer novela precisa de tempo para atingir o público, criar fidelidade, entusiasmar, tornar-se moda. Quando começámos, a moda era a novela da concorrência [Sol de Inverno]. Partimos de trás e conseguimos chegar à frente. Manter a concorrência, vencer. Sempre achei que o percurso seria este. E que, tal como numa maratona, se faria passo a passo. E acabou por acontecer exatamente assim.

O que resultou na novela da noite da SIC?

AB – Confesso que não vi a novela Sol de Inverno para ter uma opinião formada. Meia dúzia de episódios não são suficientes para ter uma opinião balizada e bem fundamentada. Sei que teve um bom leque de atores e se tinha boas audiências é porque tinha elementos que agradavam ao público. Mas quando estou a escrever uma novela eu só vejo a minha novela, porque acredito que é a melhor de todas. Só isso me faz fazer um trabalho completamente verdadeiro, no qual creio a mil por cento. Só dessa maneira essa verdade consegue transparecer para o espetador.

JM – Os ingredientes estão lá desde o início: boa história, excelente elenco, realização cuidada, produção atenta. As armas são as mesmas. É por isso que todos os dias, são dias de derby televisivo.

8 Ab A Entrevista - Especial «O Beijo Do Escorpião»

De um dia para o outro, tudo mudou: O Beijo do Escorpião começa a ser a novela mais vista de Portugal. O que motivou esta reviravolta na ficção nacional?

AB – Com a chegada do José Eduardo Moniz, com o afinar de algumas agulhas e com a aceleração no ritmo narrativo, conseguimos fisgar mais espetadores, que ficaram presos à história. Daí que as audiências tivessem subido. Mas isso só é possível quando vamos ajustando o produto ao gosto de quem o assiste. E foi isso que fizemos. Sem desvirtuar a história e provocando reviravoltas constantes, fomos espicaçando o espetador, que se foi sentindo cada vez mais preso, até ficar agarrado à história.

JM – A aposta na linha de história de Lloret del Mar e nas suas consequências, primeiro, e depois na destruição do casamento da Rita foram dois pontos muito altos. E a seguir, o assassinato do Fernando. Era o momento certo para dar a volta na história e para colocar a novela na boca do mundo. E foi o que aconteceu. Mas o sucesso é fruto de um trabalho de equipa que envolve não só a escrita, mas a realização, a produção e a promoção da novela. Tudo se afinou e funcionou em harmonia. E os resultados confirmaram que a aposta era vencedora.

O que destacam do último episódio? Já sei que vai ficar provado que nem sempre os bons vencem os maus.

AB – O último episódio é exatamente aquilo que nós gostávamos que fosse. Estão a tirar ilações precipitadas quando dizem que nem sempre os bons vencem os maus. É melhor esperarem para ver no ar as surpresas que preparámos e estão fechadas a sete chaves. Mas o último episódio segue a linha de toda a novela.

JM – O último capítulo vai deixar-nos boquiabertos, comovidos, espantados, apaixonados e sobretudo presos ao desfecho da trama principal. Todos os núcleos vão ter um final digno das histórias que foram contadas. Será a rendição de uma trama que foi feita com muito cuidado e profissionalismo, muito trabalho de equipa e sobretudo, muita emoção. Vai valer a pena ver o último episódio.

Em trabalhos futuros, é possível superar o sucesso do Beijo do Escorpião?

AB – Quando arrancamos para um trabalho futuro, a ideia é sempre superarmo-nos. É essa paixão, esse desejo de fazer melhor, que me motiva e mantém agarrado à profissão. Quando perder essa paixão, é melhor dedicar-me a outra coisa qualquer.

JM – Queremos sempre fazer melhor, superar-nos, aprender com os erros. Esse é o verdadeiro caminho do sucesso. Fazer melhor, todos os dias. Contar histórias que apaixonem as pessoas, as façam pensar, rir, chorar e sejam uma companhia no final de um dia de trabalho. Essa é a essência deste trabalho.

Tudo indica que agora a tendência das novelas é encurtar. Apoiam esta «tendência»?

AB – Aqui vou dar uma posição meramente pessoal: eu acho que nenhuma novela devia ultrapassar os 180 episódios. No máximo deveria ir aos 200. Obviamente que existem vários fatores que fazem com que uma novela seja esticada, mas uma novela com menor número de episódios permite que o ritmo narrativo seja mais frenético, mais acelerado e que a quantidade de acontecimentos seja muito maior num menor espaço de episódios. Isso faz com que o espetador tenha necessidade de assistir à novela todos os dias, sob pena de perder o fio à meada.

JM – Uma história deve ter um tempo e um espaço. Tal como num livro, deve ter um princípio, um meio e um fim. Dependendo da história isso pode significar que se conta em 120 ou em 220 capítulos. No caso do Beijo do Escorpião acho que a história ficou bem contada em 192…

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