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A Entrevista – Artur Ribeiro

A Televisão
13 min leitura

Artur Ribeiro Destaque A Entrevista - Artur Ribeiro

Artur Ribeiro iniciou a sua carreira a escrever e a realizar curtas-metragens que conquistaram vários prémios em festivais. Nos últimos anos tem estado ligado à Plural Entertainment Portugal, tendo escrito e realizado cinco telefilmes, co-realizado a série de época Equador e sendo co-autor da mini-série Destino Imortal. Atualmente, encontra-se a desenvolver novos projetos para séries de TV, para além de leccionar aulas na Escola Superior de Teatro e Cinema.

Este ano, a convite de Luís Esparteiro, Artur Ribeiro aceitou ser guionista da nova novela da TVI, Belmonte. A história, que gira à volta de cinco irmãos adotivos, tem hoje a sua antestreia no canal quatro. «Da nossa parte, como argumentistas, prometemos nunca engonhar o enredo e manter o interesse vivo e entusiasmante ao longo deste percurso longo que, se nos quiserem acompanhar, vão de certo ser recompensados», disse o autor em entrevista exclusiva ao A Televisão.

Fotogaleria: Apresentação de Belmonte

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A Televisão – Artur, esta é a sua primeira novela. Como reagiu quando recebeu o convite de Luís Esparteiro para escrever Belmonte?

Artur Ribeiro – A princípio, com apreensão. Estou mais habituado a formatos de curta duração: filmes (como Duplo Exílio, ou RPG – Real Playing Game), telefilmes (Primeira Dama, Orfã do Passado, etc.), mini-séries (O Dom, Redenção ou Destino Imortal). E, em termos de argumento, a série mais longa que tinha escrito foi Um Lugar Para Viver (13 episódios). Por isso, apesar de considerar que gosto de contar histórias em qualquer formato, olhei com respeito para o trabalho que seria contar uma história em 150 ou 200 episódios. Contudo, comecei por aceitar o desafio do Luís escrevendo uma proposta para uma telenovela original, que o Luís gostou muito. Só que no entretanto a TVI tinha adquirido o formato Hijos del Monte e ele pediu-me para primeiro fazer esta adaptação.

E aceitou de imediato a proposta?

A princípio não quis aceitar. Por ser uma adaptação, não me entusiasmava tanto como um original meu, mas quando me foi dada liberdade para adaptar a história para a nossa realidade, criar novas personagens e levar a trama por outros caminhos, acabei por aceitar e abraçar com entusiasmo este desafio.

O que é que o público pode esperar desta trama?

O público pode esperar uma trama que, sem fugir ao formato da telenovela, o irá surpreender tanto em termos de argumento como de realização, representação e fotografia. Em termos dos textos e história, estou com a minha equipa a fazer um trabalho que marque a diferença não só em termos de estrutura narrativa e dramática, como também nos diálogos, na caracterização das personagens, etc.

Vamos ser surpreendidos?

O público pode esperar muita coisa e acabar por ser surpreendido, pois não temos uma visão maniqueísta da narrativa. A nossa visão dramatúrgica é que há uma fronteira ténue entre o bem e o mal. E as nossas personagens vão encontrar-se sempre nessa linha, comportando-se com a complexidade que fazem o ser humano e revelando o seu melhor e o seu pior em circunstâncias extraordinárias.

Conte-nos então um pouco da história de Belmonte.

Apesar de ser passada na atualidade, enraizada na nossa realidade e cultura, eu vejo a história da família Belmonte quase como um épico medieval Shakespeariano, em que a família Belmonte é o equivalente a uma família real em que o rei morre e a partir daí se dá uma disputa do trono pelos herdeiros. E isso leva a que todo o reino entre em conflito, para além das batalhas que se travam dentro do próprio castelo – neste caso, a Herdade Belmonte – onde vivem os cinco irmãos adotivos que descobrem, aquando a morte do pai no Brasil, que este tinha lá uma mulher e filha, que regressam para ficarem com a parte da herança que lhes cabe.

Esse regresso não vai ser nada pacífico…

Este regresso não é pacífico por várias razões. Por um lado, não são aceites pelos irmãos, excepto João (Filipe Duarte), que sente uma empatia grande pela meia-irmã, Paula (Graziela Schmitt), mas que contudo está noivo de Julieta (Carla Galvão), a sua namorada de sempre e futura «princesa/rainha». Por outro lado, a morte do «rei» pode não ter sido um acidente como se quer fazer querer e, se alguém matou o rei, porquê e com que interesse?

Com Sol de Inverno e Amor à Vida na SIC, a concorrência promete ser pesada. Acha que Belmonte vai vencer nas audiências? Que prognósticos faz?

Sinceramente, acho que quanto mais pesada for a concorrência, melhor é para todos nós (criadores), e melhor também será para os espectadores. Isso deverá levar a um aumento da exigência de qualidade e, ao mesmo tempo, a uma maior aposta na inovação e criação. Penso que a luta vai ser renhida, mas acredito muito nesta história, nestas personagens, nestes atores, nestes realizadores, nestes técnicos e no resultado final de Belmonte, que irá de certeza suscitar muita curiosidade da parte dos espectadores.

E depois da curiosidade satisfeita? O que é que vai acontecer?

E, depois da curiosidade satisfeita, conquistar o público para esta viagem longa que vamos encetar com a família Belmonte e os habitantes deste Alentejo e Estremoz ficcional. Da nossa parte, como argumentistas, prometemos nunca engonhar o enredo e manter o interesse vivo e entusiasmante ao longo deste percurso longo que, se nos quiserem acompanhar, vão de certo ser recompensados. Por outro lado, acredito venha interessar até um público que normalmente diz que não vê novelas, embora acabe muitas vezes a espreitá-las e a segui-las, mesmo que às escondidas.

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Sei que tem marcado presença nos bastidores, o que lhe permite alguma inspiração na escrita. Que balanço faz da forma como estão a acontecer as gravações?

Como sou também realizador, embora neste caso esteja só como autor, interesso-me muito em participar em toda a fase de preparação e desenvolvimento do projeto, próximo da realização, direção de atores, produção, etc. Aliás, esta foi igualmente uma das razões que me levou a aceitar o convite do Luís Esparteiro, pois tivemos sempre a ideia de eu fazer um pouco a ponte entre a realização e a escrita de argumento para melhor ligar as duas áreas. E, por isso, trabalho sempre muito próximo do Tó Correia, diretor de projeto, e do Adriano Luz, que tem a cargo a direção de atores.

Então, esta relação próxima entre a autoria e as gravações é fundamental.

Foi fundamental na altura dos ensaios afinar a escrita das personagens para o que os próprios atores traziam, e continuo a manter-me sempre atento às gravações, até porque é inspirador ver e ouvir o que os atores fazem e criam. A qualquer momento, podem surgir questões que acabam por dar ideias narrativas. Logo, esta relação próxima entre a autoria e todos os sectores é muito importante.

E o ritmo de escrita da novela, como está a correr?

O ritmo da novela é basicamente o ritmo da minha vida, ou seja, 24 horas por dia.

Está satisfeito com o elenco escolhido?

Muito. Temos um elenco fabuloso, um mistura de talentos, de uma entrega e dedicação fantásticas.

Entre outros nomes, Joana Solnado, que foi mãe há um ano, está de regresso à representação. A sua personagem vai surpreender?

Está a Joana, está o Filipe Duarte, estão atores que não é comum ver em televisão, mas que são excelentes atores, como a Carla Galvão. Temos atores que já foram protagonistas a fazerem aqui personagens que podem parecer mais pequenas, mas, nisto é que acho que é um dos nossos grandes trunfos. A verdade é que todas as personagens vão surpreender e, nesta trama, se por vezes vos parecer que há uma personagem que é mais secundária, não se deixem enganar.

Porquê?

Ao longo deste percurso de longos meses vamos ter histórias que quase dariam uma novela para cada uma das personagens e os núcleos dramáticos são todos igualmente importantes.

Como avalia a prestação de Filipe Duarte, um dos protagonistas?

O Filipe traz para a personagem uma dimensão que ultrapassa o melhor que possa imaginar quando a escrevo. Não é fácil interpretar as personagens que são bons carácteres e ele traz outros níveis de complexidade à personagem: os seus conflitos interiores e angústias, que estão latentes, mesmo que no exterior o comportamento do João possa parecer mais seguro e equilibrado. Ele tem um sentido dramatúrgico muito apurado e um entendimento da personagem que lhe traz uma realidade muito profunda.

Quantos episódios estão previstos?

Para dizer a verdade, nem tenho a certeza. Quando chegar aos 100, pergunto.

A agente de Mafalda Pinto propôs o nome da atriz para o papel que foi entregue à brasileira Graziella Schmitt. Acha que seria uma boa contratação?

Não tenho opinião sobre algo que nem tenho conhecimento, mas o que posso dizer é que a Graziella encarnou a nossa Paula na perfeição e ainda a levou mais longe, em termos de profundidade e dimensão.

Com Belmonte, a TVI pretende repetir o sucesso que foi Equador (2009)?

São dois formatos diferentes, no entanto, no Equador tive a experiência de co-realizar e posso dizer que muito da abordagem que vejo estarem a ter com a realização desta novela é próxima do Equador. E depois ainda temos o facto de haver muitas pessoas no elenco que estiveram no Equador. É o reencontro do Filipe Duarte com o Marco D’Almeida, com a Manuela Couto, a Joana Solnado, etc.

Para terminar, como avalia o atual panorama televisivo em Portugal?

Naturalmente que a crise obriga a cortes em tudo, mas preocupa-me se deixar de haver espaço e orçamentos para se fazerem outros formatos como se faziam há poucos anos: telefilmes, mini-séries e séries.

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«Penso que a luta vai ser renhida, mas acredito muito nesta história»

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Extra: esta semana, há mais uma entrevista sobre Belmonte!

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«Sou atriz e sei que as audiências são importantes para os canais, mas não são aquilo que me preocupa. Acredito que quem trabalha é recompensado! Antes de estar a fazer Belmonte para a TVI, integrei o elenco de Dancin’ Days na SIC. Sempre me ensinaram a não cuspir no prato onde se come» – Bruna Quintas (Rosário em Belmonte)

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