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A Entrevista – Tiago Teotónio Pereira

A Televisão
11 min leitura

Destaque2 Tiagopereira A Entrevista - Tiago Teotónio Pereira

Na telenovela portuguesa Mar Salgado, Messias Pimenta é um rapaz puro e bem intencionado que infelizmente não tem um pingo de inteligência. Na vida real, ele chama-se Tiago Teotónio Pereira e é um bocadinho diferente da personagem que interpreta. «Nunca vou permitir que abusem da minha bondade». Em entrevista ao A Televisão, o ator garante que Portugal está «doido» com Mar Salgado. E a verdade é que a novela da SIC não pára de surpreender nas audiências. «Sabe bem estar à frente. Mas não é nenhuma guerra!», assume.

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Que balanço fazes da tua participação em Mar Salgado?

Muito positivo. Está exceder todas as minhas expetativas. Nunca pensámos que ia ser o programa mais visto, que ia estar toda a gente doida com o Mar Salgado. Tenho toda a minha família a dizer «Nunca vi novelas e agora quero saber o que é que acontece».

Estás a gostar do Messias, desta personagem que te foi confiada?

Estou. Eu fiz o casting para a personagem do Sisley Dias (Diogo), que não tem nada a ver. E quando me disseram que eu tinha ficado com o Messias, fui logo ler o perfil do Messias e nem queria acreditar… Adorei!

Já tiveste outros papéis completamente diferentes do Messias. Achas que é importante para um ator fazer vários registos?

Sim, claro. Eu acho que o ator quer é experimentar todos os registos. E eu agora estou mais neste registo, de comédia. Gostava também de experimentar outros registos, mas estou a adorar.

E o que fizeste para te preparar?

Informei-me muito. Tivemos um mês e tal de coach, com ensaios, para fomentarmos bem a relação de família. Isso foi fundamental e nota-se. A principal diferença que eu noto para as outras novelas é que tu acreditas mesmo que as famílias são famílias. Tu percebes mesmo que a minha família é uma família de bairro, e acho que esse ambiente criou-se precisamente por isso – nos ensaios e nesse tempo todo que tivemos preparação.

Sim, esta novela trabalha muito o realismo, e não só a questão do bom e do vilão.

Cada personagem tem a sua história. E cada história não é só a parte dos maus. Dentro do cómico, por exemplo, tens depois a parte mais triste também. Tu vais aos nossos décors, às nossas casas e cheira tudo a peixe. Há redes que já foram usadas por pescadores. Há um realismo que ajuda.

Sentes que uma personagem cómica acaba por chegar mais rapidamente ao público?

Eu já tinha feito várias personagens cómicas, mas assim numa novela da noite (em prime time) nunca tinha feito. E está a ser uma loucura. Já nem sou o Tiago, sou o Messias! As pessoas acham que eu me chamo Messias e que não tenho dois dedos de testa.

És muito abordado na rua?

Sou! E acho que isso acontece por terem pena do Messias e também acho que há pessoas que se identificam com a personagem. Ele é boa pessoa demais.

E tu enquanto Tiago…

Também sou muito boa pessoa! Estou a brincar [risos].

Se estivesses numa situação assim, permitias que isso acontecesse (abusarem da tua bondade)?

Não, nunca permitia. Agora que já passei por isso com o Messias, não vou permitir nunca.

Mas identificas-te em algum aspeto com a personagem?

Identifico. Ele tem sentido de humor, é bem disposto, é amigo dos seus amigos, protege a sua família (a família está acima de tudo). Eu acho que sou um bocado assim. Mas ele leva tudo ao extremo!

Como é que é trabalhar ao lado de Débora Monteiro? Foi fácil a afinidade?

Nós já tínhamos trabalho juntos nos Morangos com Açúcar, mas foi uma coisa muito pequenina porque fizemos de namorados mas foi só no fim da série (três episódios). E agora tivemos que criar toda uma relação para isto ser verdadeiro. E damo-nos bem. Eu parto-me a rir às vezes com cenas dela, ela ri-se comigo… e é giro.

Recentemente vimos uma cena em que dançaste na rua e fizeste um pedido de casamento à Rute. Foi uma cena muito bem conseguida.

Estive dois dias em Setúbal a aprender uma coreografia no pavilhão dos bombeiros, porque dançar não é comigo. E como o Messias também pode ser um bocado trapalhão, eu era um bocado trapalhão. Aproveitei isso. Demorou algum tempo, mas o resultado foi muito giro.

Divertiste-te imenso.

Diverti-me e toda a gente fala dessa cena. Toda a gente quer esse pedido de casamento. Milhares de mensagens no Facebook a dizer «A Rute não merece! Porque é que fizeste aquilo?»

Sentes que as novelas chegam ao público quando as pessoas acreditam e vivem-nas como se fosse realidade?

Quando as pessoas acham mesmo que eu sou o Messias e que eu sou assim, é muito bom. Toda a gente acha que eu sou burro… Se calhar é porque estou a fazer bem [o meu papel].

Preocupas-te com as audiências da novela? Atualmente é a novela mais vista em Portugal.

Não me deixo influenciar, mas confesso que nós chegamos lá ao refeitório e temos «Parabéns! Ontem foi o nosso recorde de audiências». E aí eu vou ao vosso site (A Televisão), procuro por «audiências» e… gosto de ver. Sabe bem estar à frente [risos]. Mas não é nenhuma guerra!

Sentes que isso é fruto de um trabalho que todos os atores e a equipa estão a fazer?

Eu próprio acho que a novela está bem feita. Eu sou um espetador da minha novela. Gosto de ver, interessa-me. Olho para aquilo e nem acredito que estou ali, que faço parte daquilo tudo. Às vezes é um bocado estranho ver de fora, mas é bom.

Achas que o facto de a Globo estar a fazer a supervisão do projeto traz algum contributo especial?

Eu acho que sim, apesar de nós não termos contacto direto nem sabermos exatamente em que é que a Globo está envolvida e quem são as pessoas.

Notas algo diferente na produção?

Sim, mas já no Dancin’ Days também já tinha a Globo e noutras novelas. Eu não trabalhei nessas, não faço ideia de como é que era, mas eu não sei se é por ser a Globo estar envolvida ou por ser uma novela da noite… Mas noto que há uma grande diferença.

És enteado do Nicolau Breyner. Ele dá-te muitas dicas?

Já não moro com ele, agora moro com amigos meus. Quando vou jantar a casa pergunto se tem visto. A minha mãe vê (é fã) e ele vai vendo e vai dizendo algumas coisas. Não me dá conselhos diretamente, porque não é um espetador assíduo. Não tem tempo, mas quando vê diz que gosta. Ele apoia-me.

Ao longo do teu percurso, foi importante para ti, foi uma referência?

Foi, claro. É uma referência. Eu já andava nisto dos castings antes de ele ser meu padrasto e, pronto, quando começou a namorar com a minha mãe não mudou nada. Por exemplo, às vezes tinha uns textos para preparar para um casting e ele ajudava-me, dava-me a opinião dele. Tem sido sempre assim. Eu faço as minhas coisas e mostro-lhe para saber o feedback.

É bom teres o Nicolau perto de ti, alguém que percebe tanto desta área.

Sim. Ele estava a fazer uma novela e eu ia lá ver a novela. Faz um filme, eu vou lá assistir às gravações e aprendo imenso. Tem milhares de amigos atores em que só pelas conversas vou sempre aprendendo. Vou tirando um bocadinho de cada coisa. É um bom apoio.

De certeza que já tiveste de lutar muito por tudo aquilo que estás a fazer agora. Que mensagem dás a jovens atores que queiram começar essa carreira?

Eu sou o pior. Fico nervoso com tudo. Sempre que ouvia um não, dizia «Vou desistir. Já não dá». Eu acho que é aquele clássico do «não desistir», mas é mesmo. Tem que se ir a muitos, muitos castings. É preciso ouvir muitos «nãos» para se chegar ao «sim». E quando ouves o «sim», é ótimo. Por exemplo, primeiro soube que não ia fazer o Mar Salgado (não fiquei com o Diogo) e fiquei tristíssimo, fui fazer um casting para a RTP e não fiquei também. Em uma semana estava desempregado. Mas na semana a seguir ligaram-me: «Olha, vais ser o Messias» e mudou tudo outra vez. É sempre assim.

É uma vida de altos e baixos.

É, mas depois há a recompensa. Quando consegues um trabalho e percebes que está a correr bem, é muito bom. Mas quem corre por gosto, não cansa.

Convida então os leitores do A Televisão a continuarem a assistir à novela.

Espero ter mais trabalho para vocês continuarem a assistir e espero que continuem a assistir ao Mar Salgado, porque vai acontecer muita coisa ainda. Estamos no episódio 100 e tal e vão ser 300, portanto, não podem parar de ver.

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