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A Entrevista – Susana Henriques

A Televisão
13 min leitura

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A Televisão – Como avalia a experiência de ter saltado da piscina do Splash! Celebridades?
Susana Henriques – Ter saltado da piscina do Splash! foi absolutamente fabuloso. Foi uma vitória pessoal conseguir voltar a fazer coisas que não fazia há anos, fruto do peso que tinha. Foi emocionante para mim, que já fui ginasta, perceber que ainda consigo fazer coisas como um mortal!

Alguma vez tinha pensado saltar daquelas pranchas àquelas alturas?
Eu tenho imenso medo de alturas e, por esse motivo, saltar de qualquer prancha seria outrora impensável!

De que forma foi abordada para participar no programa?
Fui contactada pela produção e questionaram-me se eu gostava de participar.

E aceitou de imediato?
Aceitei de imediato porque adoro desafios e adoro este desporto! Porque gosto de me superar a cada dia e este programa permite-nos isso mesmo. Por outro lado, queria inspirar mais uma vez as pessoas lá em casa. Mostrar que não há impossíveis e que nós podemos tudo se acreditarmos nos nossos sonhos e lutarmos sem desistir. Há dois anos eu estava enterrada na lama, hoje subi a uma prancha de cinco metros e fiz um duplo mortal, algo que, mesmo como ginasta, nunca tinha feito.

Contudo, a sua participação acontece alegadamente devido à desistência de Rita Ribeiro. Em algum momento incomodou-a ser a «substituta»?
Não, de todo, até porque pelo que percebi, mesmo que a Rita não tivesse tido a infelicidade de não poder participar, eu entraria na segunda série. Além disso, sendo a «substituta» ou não, o importante é que se lembraram de mim, fui convidada e amei a experiência. Foi apenas um adiantamento pelo facto da Rita não ter condições para participar.

Estava com receio das consequências que de um salto artístico podiam advir?
Receio de nos magoarmos temos sempre. Mas pior que o medo de me magoar é o medo de nem sequer tentar. Eu gosto de arriscar, de me superar e foi isso que tentei fazer a cada treino! Os chapões, as quedas, tudo isso faz parte… Mas são como os «chapões» que levamos na vida: doem, mas tornam-nos mais fortes e ajudam-nos a fazer mais e melhor.

Quais foram os seus medos nesta experiência?
Os meus maiores medos foram as alturas, porque tenho mesmo muito medo, e obviamente quando me magoei na lombar… Tive medo de dar um “chapão” mais forte que agravasse a lesão e que me impedisse de estar na semi-final.

É verdade que pediu proteção de imagem à produção?
Eu não pedi proteção de imagem. Limitei-me a pedir um fato de banho completo porque ainda não me sinto bem com o meu corpo devido à pele que ainda tenho em excesso, fruto dos 100 Kg que perdi.

O facto de quase ter chegado à grande final é sinal de quê? De que o esforço e a força valem cada vez mais a pena?
Lutarmos por nós, pela nossa saúde, vale sempre a pena! Sim, quase cheguei à final, tive muita gente a dizer-me que eu merecia mesmo lá estar mas infelizmente não foi possível. Mas o mais importante foi ter participado nesta aventura, ter conseguido superar-me mais uma vez e ter partilhado momentos inesquecíveis com pessoas igualmente inesquecíveis. O nosso grupo era simplesmente brutal. Houve sempre um espírito de entreajuda e carinho indiscritíveis. São momentos que vão ficar com certeza para sempre no meu coração.

Agradece à Júlia Pinheiro a oportunidade que lhe deu para regressar ao pequeno ecrã?
Agradeço à Júlia, não só a oportunidade de ter participado em Splash!, como todo o carinho e apoio que me tem dado ao longo destes dois anos e por torcer sempre por mim. Além de ser uma excelente profissional, é sem dúvida alguma um ser humano excecional por quem tenho um enorme carinho e vou ser grata sempre, tal como sou grata a todas as pessoas que me têm ajudaram neste meu «caminho».

Uma dessas pessoas foi Rui Barros, o seu treinador em Peso Pesado, com quem se reencontrou agora. Ele voltou a dar-lhe conselhos e a adotar a faceta de «treinador» que lhe fazia ganhar confiança?
Eu mantive sempre o contacto com o Rui mas reencontrá-lo neste contexto foi espetacular. Tive muita pena de não ter tido a oportunidade de fazer um salto em dupla com ele mas sei que o deixei a rebentar de orgulho. Ele não adotou a faceta de treinador, manteve a faceta de amigo acima de tudo. Esteve nas duas galas em que participei a torcer por mim e estava lá sempre para me dar «aquele» abraço antes de eu subir para a prancha e saltar e isso foi, sem dúvida, muito importante para mim.

Ganhou um amigo para a vida?
Sem dúvida. Um amigo, um irmão mais velho. O Rui faz parte da minha vida e vai fazer sempre! Adoro-o do fundo do meu coração e nunca vou conseguir agradecer o suficiente por tudo o que fez por mim. Se não fosse ele, eu não teria chegado onde cheguei. E sei que não há ninguém que tenha mais orgulho em mim do que ele!!

Já que falamos do programa Peso Pesado… Foi a Susana que tomou a iniciativa de se inscrever neste programa?
Sim, fui eu que tomei a iniciativa de me inscrever no programa mas muito encorajada por os amigos mais próximos.

O que faltava à Susana antes do Peso Pesado para conseguir travar a luta contra o excesso de peso?
Faltava-me a coragem de nunca desistir, de acreditar que querendo mesmo, nós conseguimos mudar e que não há impossíveis. Eu sou hoje, a prova disso mesmo.

Mas como é que uma bailarina profissional chega a atingir os 170,9 Kg?
Pesquisaram mal (risos)! Eu nunca fui bailarina profissional. Fui ginasta e não profissional. De qualquer das formas, comecei a engordar quando a minha mãe morreu. Tive uma depressão profunda, larguei a ginástica e tudo o que me fazia bem e comecei a comer compulsivamente… Depois foi uma «bola de neve» até atingir os 170 Kg.

Dois anos depois de ter participado neste reality show, é percetível que não desistiu desta luta interior. Quais são as suas maiores dificuldades, tendo em conta que muitos dos outros concorrentes perdem a capacidade de combater contra a obesidade e voltam a engordar?
Eu não desisti, nem vou fazê-lo nunca! Tive que lutar imenso para conseguir perder o peso que perdi. Para mim não faz qualquer sentido deitar todo o trabalho que fiz no lixo. A maior dificuldade é manter uma alimentação equilibrada estando desempregada. Mas sei que é só uma fase, e além disso, nem isso mesmo me faz desistir.

Ainda mantém contacto com alguns dos outros concorrentes? Têm conseguido manter a forma física?
Sim, mantenho contacto com alguns concorrentes e, infelizmente, muitos deles já voltaram a engordar… É uma luta difícil que tem que ser constante, não podemos mesmo baixar os braços. Fico triste porque passámos por muito juntos para conseguir perder o peso que perdemos mas acredito neles, nas suas capacidades e tenho esperança que voltem a lutar por eles e pela sua saúde.

E com o seu irmão, como está atualmente a vossa relação?
Mantemos o contacto embora falemos apenas esporadicamente.

Sensibilizou o público português com a sua história de vida. Estava à espera do impacto?
Quando entrei para o programa não fazia a mínima ideia do impacto que iria ter mas tinha a noção que a minha história iria sensibilizar muita gente. Não gosto que olhem para mim como coitadinha. Passei muito na vida, sim, mas foi aquilo que passei que me tornou na mulher que sou hoje! Prefiro que olhem para mim como agora, depois do Peso Pesado, como uma guerreira e uma inspiração.

Sente-se bem com a sua forma física atual?
Estou em forma, até porque continuo a treinar todos os dias. Estou muito definida muscularmente e recuperei a capacidade atlética de outros tempos. Pratico neste momento Crossfit, que se tornou numa paixão, num modo de vida e na maneira perfeita de me manter motivada. No entanto, tenho ainda muita pele em excesso que me deixa triste porque «camufla» o corpo bonito que já tenho e para o qual trabalho a cada dia e dificulta também o meu trabalho enquanto atleta.

Para quando termina a batalha contra o seu peso?
A minha batalha contra o peso não vai terminar nunca. É uma luta diária, para a vida. Faço as minhas asneiras de vez em quando, mas compenso com o treino. É tudo uma questão de equilíbrio entre o que como e o dispêndio calórico. Enquanto mantiver o equilíbrio está tudo bem.

Como está a sua situação profissional? Continua com dificuldades financeiras como revelou à imprensa recentemente?
Infelizmente continuo desempregada mas na luta, de cabeça levantada, acreditando sempre que o amanhã pode ser melhor.

Encontrar o amor também faz parte dos seus objetivos? E ser mãe, não passa pelos seus sonhos?
Encontrar o amor, faz parte dos objetivos de qualquer pessoa, e eu não sou excepção. Quanto ao ser mãe é e sempre foi um grande desejo e um grande sonho que vou com certeza realizar.

Que imagem é que pensa que os portugueses têm de si?
Eu posso apenas falar daquilo que vejo, ouço e sinto, todos os dias. Sou abordada todos os dias com um carinho indiscritível, por adultos, mas principalmente por crianças que são a loucura comigo! Sou e quero continuar a ser uma inspiração para muitos portugueses, não só pelos que travam uma luta pela obesidade mas por todos aqueles que têm sonhos e não acreditam que esses sonhos são mesmo possíveis de realizar. Eu mostrei com a minha luta que não há mesmo impossíveis e se eu consegui perder 100 Kg num ano e passado dois anos do inicio desta luta apareci em cima de uma prancha e fiz um duplo mortal, então qualquer pessoa consegue o que quiser, basta acreditar e lutar sem desistir. É essa a minha mensagem: acreditem nos vossos sonhos, lutem por eles e nunca desistam porque nós podemos mesmo tudo!

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