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A Entrevista «Masterchef» – Sílvia

Diana Casanova
8 min leitura

Silvia Masterchef

Na décima segunda semana de Masterchef Portugal, Sílvia foi a preterida e deixou a competição, mas mostra-se satisfeita com o seu trajeto e expectante para os seus projetos futuros.

Ao ser expulsa nesta fase, acha que acaba por ser como morrer na praia? Como encarou este desfecho?

Não, não. Não foi. Para mim foi um grande objetivo e estou feliz assim. Muito feliz.

Achou justa a decisão?

Achei justa, achei. Concordei plenamente [com a opinião dos jurados], sem dúvida.

Mas nunca escondeu que era um objetivo seu vencer o programa.

Não. Era um objetivo vencer o programa mas eu fui sempre na eliminação e por isso ficou claro que era mais fácil sair.

E o que acha que correu mal nesta prova em específico?

Em específico correu mal a proteína. Não tratei bem a proteína, eu já sabia que ia ter este [desfecho]. Eu já sabia que o meu prato não estava bom. Não estava perfeito e por isso já estava à espera. Depois da oitava prova de eliminação estava à espera. Porque não posso conseguir sempre fazer o meu melhor, é claro. Era a altura de sair, talvez pelo cansaço.

O seu marido também cozinha. Quem é que manda aí na cozinha em casa?

Ninguém [risos]. Somos os dois, cozinhamos juntos e gostamos de cozinhar juntos, de fazer tudo juntos. Esta foi assim uma brincadeira, não é uma competição, é amor pela cozinha. Uma paixão que partilhamos.

Costumam trocar ideias ou críticas?

Normalmente sim, costumamos partilhar ideias, mas é verdade que nós temos pratos diferentes. Eu gosto mais de fazer umas coisas e ele outras. Então não há muita competição. Normalmente eu gosto mais de fazer salgados, massa [gostamos] os dois, ele gosta mais de fazer sobremesas, arroz e massa caseira. Ele faz a pizza. Normalmente eu faço os temperos, os molhos… É uma coisa dividida, partilhada. Acabamos por nos complementar.

Já tinha tentado, sem sucesso, participar no Masterchef em Itália. Acha que lá o nível de exigência é mais elevado? A concorrência é mais feroz?

Não sei, porque eu participei no primeiro casting no primeiro Masterchef Itália que era desconhecido. Então não estava preparada, não sabia qual era o formato, nunca tinha visto. Estamos a falar de há cinco ou seis anos. Em Itália há mais competição, muito mais, porque os jurados são horríveis, são muito, muito duros. Temos o Joe Bastianich que é conhecido também do Masterchef USA. É diferente, é claro que há mais competição porque em Itália toda a gente que participa agora, não quando eu participei, está a preparar-se um ano ou dois, a treinar só para entrar e conseguir. Eu fui mais [pela] paixão. Mas a verdadeira cozinha, aí a competição é mais dura. Os empratamentos são todos muito preparados. Eu acho que tiram cursos.

Considera, portanto, que há mais preparação dos concorrentes em Itália?

Não, é que há mais tempo que o Masterchef está [em exibição em Itália]. E é claro, aí também se ganha imenso dinheiro. As pessoas participam porque sabem que vão ganhar muito dinheiro. É diferente, um curso de cozinha… Aqui é mais paixão pela cozinha, em Itália falamos de dinheiro.

O que acha que correu mal na altura na sua participação e o que mudou para agora no Masterchef Portugal ter conseguido chegar aos finalistas?

Era a primeira edição, há anos eu não estava preparada. Não conhecia o programa. Depois de cinco ou seis anos a ver as edições do Masterchef percebi que era preciso um nível diferente. Quando comecei eu julgava que era para amadores.

Como se preparou para o Masterchef Portugal?

Eu digo sinceramente, não estava à espera de ser chamada. Quando me chamaram comecei a treinar um pouco, cerca de um mês e estudei muito na casa. Estudei muito quando estava já dentro.

Com origem em Roma, como definiria o seu estilo enquanto chef?

Eu mostrei a Silvia na cozinha. É claro, é [uma cozinha] italiana. Depois tenho influências várias.

A cozinha portuguesa.

Eu gosto da cozinha portuguesa. Li muitos livros e revistas. Comi muito [risos]. E então tento misturar porque a comida portuguesa de certa forma é muito parecida com a da minha cidade – Roma. Tem alguns elementos comuns. É uma cozinha de recuperação, de algumas partes de alimentos que normalmente as pessoas não aproveitam. Tento misturar as duas [cozinhas].

O que acha que o futuro lhe reserva agora?

Tenho muitos projetos. Tenho os braços abertos para todos os projetos que espero que cheguem. Tenho as ideias, que estou a desenvolver sozinha e com o meu marido. Estamos a tentar lançar uma marca nossa de receitas italianas feitas com produtos portugueses. E este é o nosso objetivo de produzir aqui e com produtos portugueses. Além disso, espero treinar porque o objetivo será abrir um restaurante. E o meu sonho é escrever um livro de cozinha portuguesa para Itália.

Acha que o Masterchef lhe vai abrir portas?

Espero que sim, mas que seja pela minha capacidade culinária. Quero também aprender. Tenho de estudar e crescer. Mas espero que sim, espero que esta seja uma boa oportunidade.

Não sente saudades da arquitetura?

Não sinto, porque a arquitetura é um processo criativo e a cozinha é muito criativa. Eu quando cozinho sinto-me muito à vontade para colocar tudo aquilo que tenho na minha cabeça e no meu coração. Que é a mesma coisa quando faço um projeto, um desenho, o que seja. Eu acho que são muito parecidas [a arquitetura e a cozinha].

A Sílvia mostra ser uma pessoa dinâmica e com interesses diversificados – livros, culinária, … É uma necessidade esta diversidade?

Sim, eu não consigo pensar só numa coisa. Eu acho que todas as pessoas criativas são assim. Eu tenho imensas ideias e cada dia fico com ideias e vamos ver o que consigo desenvolver. Eu escrevo, desenho e faço música, cozinho… Sou eu. Pretendo fazer isto na minha vida.

Portanto, vai ficar por Portugal.

Sim, claro. Acho que daqui a um ano e meio os meus filhos podem pedir nacionalidade portuguesa.

Redatora e cronista