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A Entrevista – Maria Botelho Moniz

A Televisão
18 min leitura

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Maria Botelho Moniz chegou à televisão como atriz, na série online T2 para 3, mas, por uma questão de «necessidade», tornou-se apresentadora. «Não tinha trabalho e tive de me fazer à vida». Das novelas passou para o Curto Circuito, da SIC Radical, e, desde então, continua a lutar diariamente para vingar neste meio. Atualmente integra a equipa do daytime da estação de Carnaxide e até já deu um «pulinho» na apresentação do Grande Tarde. Maria espera que os responsáveis do canal tenham gostado da sua colaboração e revela ainda o seu sonho: «Uma coisa tipo Ellen seria perfeito».

Substituíste a Andreia Rodrigues no Grande Tarde durante duas semanas. A missão foi concluída com sucesso?

Saio com o sentimento de missão cumprida, fiz tudo aquilo a que me propus, criei grande empatia com os apresentadores que tinha comigo, a reacção online foi incrível durante essas duas semanas e acho que consegui mostrar que evoluí e que estou pronta para mais desafios.

Como reagiste ao convite?

Fiquei histérica. Recebi o telefonema quando estava a preparar as emissões do Super Bock Super Rock e estava longe de pensar que seria sequer uma hipótese. Eu nem sabia que a Andreia ia de férias, quanto mais que eu poderia ser uma escolha. Fiquei muito feliz, é bom quando reparam no nosso trabalho e nos recompensam por ele.

O público do daytime está habituado a apresentadores veteranos, já com vários anos de carreira. Consideras que foste bem recebida pelas pessoas lá em casa?

Fui muito bem recebida desde o primeiro dia por quem estava a ver em casa, e desde o primeiro instante que recebi mensagens de apoio de pessoas que assumidamente não me conheciam e me estavam a dar as boas vindas e a dizerem-me que estavam a gostar de me conhecer pela primeira vez. Recebi dezenas de mensagens de pessoas a perguntar de onde vinha e se estava para ficar, dezenas de mensagens a elogiar o facto de terem apostado em sangue novo e numa energia diferente da que estavam habituados.

É com verdade que se conquista o público?

O público é mais inteligente e aberto a novidades do que aquilo que por vezes lhe dão crédito e acredito que o público, seja de que formato televisivo, faixa etária ou estrato social, se conquista com verdade. O público sabe sempre se estamos a fazer as coisas com verdade ou não, se sentimos genuinamente o que dizemos. Foi assim que conquistei o público que já trago comigo e é assim que pretendo continuar a fazê-lo.

Como foi trabalhar com o João Baião e a Luciana Abreu? Achas que conseguiste acompanhar estes dois «furacões»?

São duas das pessoas mais generosas que conheci e se estas semanas serviram para alguma coisa, serviram para os ficar a admirar mais como profissionais e ainda mais como pessoas. Receberam-me de braços abertos e sorriso rasgado e nunca me fizeram sentir a mais ou desamparada. Acho que consegui acompanhar a energia dos «furacões», e acho que consegui trazer uma energia nova que também lhes soube bem.

Os críticos dizem que o trio de apresentadores João Baião, Andreia Rodrigues e Luciana Abreu não resulta muito bem…

Apresentei vários programas em trio no Curto Circuito e sempre foi uma dinâmica que achei muito difícil. É complicado encontrar o equilíbrio e os tempos de cada um e conseguir que todos os momentos funcionem. É muito mais fácil encontrar o balanço entre duas pessoas (mas inevitavelmente há momentos em que um conduz e o outro adopta o lugar de sidekick e vise-versa). Com três pessoas o desafio é maior. Quanto ao caso do Grande Tarde, não concordo que não funcionem enquanto trio, acho graça ao facto de serem todos muito diferentes e de todos conseguirem trazer a sua personalidade para o programa. Formar um trio coeso nunca é fácil mas acho que a Andreia, o João e a Luciana fazem-no muito bem.

Os teus fãs (e colegas deste mundo da televisão) escreveram várias mensagens de parabéns nas redes sociais através da hashtag #EuViAMariaComOBaião. Isso deu-te mais motivação?

Claro que dá motivação saber que as pessoas não só estão a ver o nosso trabalho como estão dispostas a ser parte ativa na equação. Lançar uma hashtag e vê-la funcionar e ser usada para me enviar apoio e carinho é muito importante.

Houve alguma mensagem que te tocou em especial?

Todas as mensagens me tocaram. Aquelas partilhadas por amigos são sempre especiais, mas as que mais tocam são as que chegam de pessoas que não conhecemos e que nos chegam da forma mais pura e genuína. É muito bom sentir que estamos a conquistar pessoas que não nos conheciam antes.

Nunca escondeste que o teu grande sonho é ser a «rainha do daytime». De facto, já estiveste mais longe.

Continuo muito longe. Ser a «rainha do daytime» como costumo dizer, não é apenas apresentar um programa de manhã ou à tarde. Não é isso que traz o estatuto. É dominar o horário, o formato, é ser presença e escolha indiscutível, é transmitir segurança em todos os momentos, é ter a capacidade de tomar decisões rapidamente e é chegar ao nível em que a tua opinião não só é tida em conta, como é o barómetro para a tua equipa. É ser mais que uma cara, e isso pouca gente consegue.

Enquanto «rainha do daytime», que género de programa gostavas de apresentar?

Um programa com ritmo, com humor, que divertisse enquanto ensina ou enquanto passa uma mensagem importante. Um formato descomplexado e onde qualquer pessoa se sentisse à vontade para conversar, e onde todos se sentissem confortáveis para rir, mesmo que da desgraça. Gostava de ver na televisão pessoas que não se levassem demasiado a sério. Falta isso na nossa televisão, apresentadores que saibam rir de si próprios e que se entreguem ao ridículo de vez em quando. Uma coisa tipo Ellen seria perfeito.

O A Tarde é Sua, da TVI, continua a liderar nas audiências. O que é que falta ao Grande Tarde para chegar a número um?

A Tarde é Sua existe há anos e já tem o seu público fiel. O Grande Tarde estreou ainda não fez um ano, como se espera que já tivesse quebrado a fidelidade que já existe com o programa concorrente? Acredito que o programa consiga chegar a número um, mas é ingénuo achar que isso pode ser feito de um dia para o outro. É preciso olear a máquina, encontrar o que funciona e o que não funciona, manter o público que já se tem e conquistar público novo, e isso é um trabalho moroso e de muita tentativa-erro.

De que forma este novo passo, no Grande Tarde, pode influenciar o rumo da tua carreira?

Isso é impossível responder porque nem sempre o rumo depende de nós, depende de outras pessoas que têm uma lista infindável de talentos à sua frente e que têm de tomar decisões. Mas espero ter mostrado que sou capaz de fazer e encaixar em vários formatos, que tenho versatilidade enquanto apresentadora sem perder quem sou. Falei de forma diferente de quando estava à frente do Curto Circuito, mas a personalidade manteve-se e quem já me seguia reconheceu isso. Espero que me traga coisas boas, mas não vivo na ilusão de pensar que isto quer dizer que a minha vida vai mudar de alguma maneira, já não tenho idade para pensar dessa forma.

Esperas agora ser chamada para apresentar mais programas da SIC?

O que espero é que os responsáveis do canal tenham visto e tenham gostado. O resto logo se vê.

Já há uma petição online «Queremos a Maria Botelho Moniz a apresentar um programa na SIC».

Soube há dois dias, recebi uma notificação do Google e a minha primeira reação foi soltar uma gargalhada. Nunca me passou pela cabeça que alguém pudesse ter essa vontade, quanto mais tentar pô-la em prática. Fiquei muito lisonjeada com o gesto.

Estreaste-te como apresentadora no Curto Circuito em 2011, mas a tua grande paixão sempre foi a representação. Como foi a passagem da Maria atriz para a Maria apresentadora?

Complicada e apenas se fez por necessidade. Não tinha trabalho como atriz e tive de me fazer à vida. Foi estranho passar a falar na primeira pessoa, e passar a ser chamada na rua pelo meu nome próprio e não pelo nome de uma personagem. Agora já me habituei e já não consigo imaginar-me a fazer apenas uma das duas coisas.

Estás zangada com a representação?

Nunca me poderia zangar com aquilo que me realiza por completo, apenas não tenho tido trabalho na área. Mas tenho muitas saudades.

Que «bagagem» é que o CC te deu para te tornares a apresentadora que és hoje?

Quase tudo o que sei sobre apresentar um programa, aprendi no Curto Circuito. Estas duas semanas no Grande Tarde não teriam corrido como correram se não tivesse tido a experiência que tive no CC, o programa foi essencial para o meu crescimento. Poucas pessoas têm a oportunidade de fazer programas em direto e já vi situações de direto deixarem apresentadores mais experientes que nós muito nervosos. Para nós, estar em direto horas sem fim é o «pão nosso de cada dia». Já não ficamos nervosos nem intimidados com o «bicho papão do direto», e isso é meio caminho andado para estarmos com uma postura mais descontraída, porque isso já não é um problema.

O CC é realmente uma grande escola?

Aprendi mais do que ler um teleponto. Aprendi a fazer entrevistas a qualquer tipo de pessoa, a fazer alinhamentos de raiz, a escrever e formatar guiões, a fazer produção, a produzir conteúdos, a criar passatempos, a dinamizar redes sociais, a fazer reportagens, a editar… tudo. Não seria tão descontraída e segura como apresentadora se não tivesse passado pelo Curto Circuito.

Saudades das tardes passadas em conjunto com o João Paulo Sousa e a Carolina Torres?

Sim, algumas saudades de estar atrás da bancada ao lado deles e muitas saudades de estar em direto todos os dias.

Achas que ambos têm à sua espera uma carreira promissora?

Acho que ambos são muitíssimo talentosos, mas dizer que têm à sua espera carreiras promissoras, não o posso fazer. Infelizmente uma carreira não depende do talento de alguém, há muitos fatores que influenciam o rumo de uma carreira. Mas se olharmos apenas para o talento, sim, acredito que tenham grandes carreiras pela frente. Vejo o João Paulo Sousa a ser o próximo «namoradinho de Portugal», e quanto à Carolina, acho Portugal pequeno demais para ela.

Atualmente estás a trabalhar no Queridas Manhãs e no Grande Tarde

Sim, continuo como repórter do Grande Tarde e a produzir o conteúdo apresentado pela Ana Marques no programa Queridas Manhãs, essas são as minhas funções diárias e adoro o que faço. Quando me propus para estagiar no daytime foi com o intuído de aprender como se faz um programa que tem uma equipa muito maior que o Curto Circuito, num canal generalista e com outro tipo de responsabilidades. Se queremos ter a hipótese de um dia estarmos à frente de um programa, temos de saber o que é preciso fazer para o «pôr de pé» e não podemos ter pudor em pedir para aprender. Tudo o que tenho aprendido nos bastidores é crucial para fazer um trabalho melhor em frente às cameras. Isso já acontecia no Curto Circuito, mas quis ir aprender como se faz a uma escala maior.

Também costumas fazer a cobertura dos festivais de verão na SIC Radical. Conta-me, como é dar a cara pelos festivais de verão e colaborar nestas reportagens que envolvem tanta adrenalina e tanta entrega por parte dos apresentadores?

É muito divertido, até porque a equipa hoje em dia varia pouco e damo-nos todos muito bem. Há sempre um espírito de equipa e de entrega maravilhosos e isso é meio caminho andado para tudo correr bem. É muito cansativo, são muitas horas em direto e com um público no recinto que é difícil de adivinhar o que vão dizer ou fazer, mas é dos trabalhos mais divertidos que me podem dar!

O quão difícil é vingar no mundo da televisão? Com que dificuldades te tens deparado?

Diria que é quase impossível! Quantas pessoas já ficaram pelo caminho? E não nos podemos nunca esquecer que podemos ser os próximos a cair no esquecimento. Ninguém está livre disso. Deparo-me diariamente com as mesmas dificuldades que toda a gente, é uma luta constante por um lugar ao sol, é viver na esperança que todo o trabalho que fazemos (mesmo que sentados numa secretária) seja notado. Mas é igual em qualquer profissão, esta é apenas mais pública e com menos lugares para ser ocupados.

Há dias mais instáveis que outros, claro. Sentes-te preparada para continuar a lutar pelo teu sonho?

Faço-o desde os 18 anos, não era agora que ia desistir.

Se um dia a televisão não tiver mais lugar para ti, tens um plano B?

Acredito que haverá sempre lugar para mim, porque não vejo o trabalho em televisão como apenas o trabalho que é visto pelo ecrã. Atrás de uma pessoa que dá a cara por um programa, há uma equipa de 60 a trabalhar para esse produto final. Acredito que se o meu futuro não passar por estar em frente às câmaras, passará por estar nos bastidores, como já estou todos os dias, 12 horas por dia. O que me move é a paixão pela televisão, não a paixão pela fama, e para apaixonados por televisão há sempre lugar nem que seja a tirar fotocópias.

Sempre falaste muito abertamente acerca da morte do teu namorado. Passado este tempo todo, como é que está essa «ferida» impossível de curar? Confirmas a frase: «O tempo não cura, apenas atenua a saudade»?

Quem disse essa frase nunca perdeu ninguém. Confirmo que o tempo não cura, mas a saudade só aumenta. A ferida está aberta e assim ficará por algum tempo.

«O sorriso é a saída para qualquer situação», disseste numa entrevista. A frase ainda continua a fazer sentido para ti?

Cada vez mais, como dizem os pinguins do filme Madagáscar: «Smile and wave…»

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