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A Entrevista – António Cordeiro | Mar Salgado

A Televisão
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Destaque2 Ant%2525C3%2525B3Nio%252520Cordeiro A Entrevista - António Cordeiro | Mar Salgado

António Cordeiro é Henrique Pelicano na novela Mar Salgado e não podia estar mais satisfeito com o «boneco» que lhe entregaram. Diz que gosta de fazer personagens mais populares e que tenham uma ligação forte com as pessoas comuns. E a verdade é que este Pelicano conquistou os portugueses e contribuiu para as boas audiências do projeto da SIC. «O que nos está a acontecer (mais de um milhão e meio de pessoas vêem por dia) é sinal que a história está bem contada», declara ao A Televisão.

1 A Entrevista - António Cordeiro | Mar Salgado

Quando recebeu o convite para Mar Salgado, gostou da personagem que lhe foi confiada?

Eu gosto de fazer personagens que tenham uma ligação muito forte com as pessoas comuns. E depois quando soube quem era a minha família, fiquei ainda mais satisfeito. Tem corrido muito bem. As pessoas gostam do nosso núcleo [família Pelicano], o que me deixa bastante satisfeito.

Uma das opiniões gerais de todo o público é o realismo que conseguem dar à família e a todas as personagens. Qual é o segredo para se conseguir isso?

No nosso caso, é uma ligação próxima que temos até a nível pessoal, porque eu acho que é fundamental nós conseguirmos criar uma relação de alguma proximidade do plano pessoal para depois também passar um bocadinho isso e ficar muito evidente na cena. E depois o trabalho dos atores, a ideia que cada um tem da sua personagem e como é que cada um de nós acha que uma família destas será. Isso tem funcionado bastante bem também.

Nesta novela, um dos fatores que os atores têm apontado como «essencial» para o sucesso foi o trabalho que foi realizado antes das gravações.

É sempre um ponto muito importante, porque eu já tive do lado de lá, ou seja, já dirigi muitas novelas. E quando comecei a dirigir, fui um dos grandes defensores desse trabalho à anteriori. O grande trabalho é sempre aí, quando as pessoas têm a oportunidade de ensaiar, de pensar e de olhar para o seu trabalho sem estarem pressionadas por um mapa de rodagem.

Na rua, as pessoas falam consigo sobre a novela, fazem-lhe questões, acreditam naquilo que estão a ver no ecrã?

Pelos vistos sim, porque as pessoas ficam muito ligadas. É o que eu dizia há pouco, eu gosto de fazer personagens mais populares, digamos assim, porque as pessoas fazem parte como que da nossa família e têm o mesmo tipo de preocupações que nós temos. Isso é muito aliciante e é sinal que as pessoas gostam do que estão a ver.

O facto de a Globo estar envolvida neste projeto é uma mais-valia? Traz diferenças?

Já é a segunda novela que faço com a chancela da Globo. A outra [Laços de Sangue] foi nomeada e esta pelos vistos também poderá ser, até porque esta está com muito mais projeção. Eu não estou muito ligado à estrutura de produção nem aos guionistas e não sei qual é que é a grande participação que a Globo terá. Mas mesmo que o peso seja por metade daquilo que as pessoas pensam, seguramente que a Globo tem um grande cuidado com tudo o que desenvolve e está certamente a fazer aqui um trabalho que funciona com a produção desta casa.

Preocupa-se com as audiências?

O que me interessa a mim, enquanto ator, é fazer bem. Depois naturalmente as audiências, se elas são conforme o que nos está a acontecer a nós (mais de um milhão e meio de pessoas vêem por dia), é sinal que a história está bem contada. Ficamos muito contentes e eu estou muito satisfeito que a nossa história seja muito vista, sim.

De tudo aquilo que já fez, qual foi o trabalho que gostou mais e que lhe traz mais saudade?

Eu não tenho muitas saudades do que fiz. Talvez o próximo seja o melhor.

E o Major Alvega?

O Major Alvega, naturalmente que sim. O Major Alvega é parte do meu ADN. Fui eu que inventei essa personagem, fui eu que a escrevi – com o Henrique Oliveira, que é o realizador e produtor. Voltaria a fazer uma coisa do género, mas aquilo já não…

Já não faria sentido?

Apesar de tudo, é um projeto inovador. Nunca se fez nada em Portugal.

E na altura foi completamente vanguardista.

Foi, tão vanguardista que até foi roubado por uns senhores… Mas isso seria uma conversa longa. Agora, o que eu acho é que de facto esse é um projeto nitidamente que me nobrece muito ter feito e que foi seguramente das coisas mais excitantes que fiz.

Como vê o estado da televisão portuguesa?

Eu não sou um grande espetador da televisão em Portugal. Vejo esta novela [Mar Salgado], naturalmente. Vejo às vezes o Telejornal, um jogo de futebol quando calha… Mas eu vejo muitas séries. E nós temos que pensar que há um segmento de pessoas que o que vêem mais são aquelas séries em streaming.

É bom ver o que se faz lá fora, também para aprender?

É bom ver o que se faz lá fora, porque muito provavelmente não conseguimos fazer cá (ainda). Na verdade, quando falamos daquelas séries, estamos a falar de cinema feito para televisão. Os realizadores que começam as séries, quando as pensam são nomes que fazem cinema; e os atores são atores que fazem cinema. É uma máquina que nós não temos e que eu espero que um dia tenhamos.

Nos últimos anos, as pessoas ficaram com um forte interesse em ver reality shows, novelas da vida real. Mar Salgado, uma novela de ficção, chegou a ter mais audiência que a Casa dos Segredos

Mesmo assim há um monte de gente a ver aquela coisa que eu acho absolutamente desinteressante. Os atores são muito maus, a história é muito má, a produção faz o que pode, mas aquilo é de facto muito mau. Vale o que vale. Eu prefiro ver uma série da FOX ou uma série qualquer que seja interessante do que estar a perder tempo com um tipo de espetáculo de baixa qualidade como é aquele.

Sente que em Portugal ainda há um pouco o preconceito de «se não está a trabalhar em televisão, está desempregado»?

Isso é quase uma verdade pura, porque na verdade o teatro continua a ser um parente muito pobre da atividade do ator. E as pessoas quando conseguem fazer teatro, se vivem só do teatro têm naturalmente muito mais dificuldade. E as televisões, as estruturas de produção e os produtores dessas diversas estações de televisão muitas das vezes não podem, não têm capacidade para albergar toda a gente que tem esta atividade diversa. E eu sei que há pessoas jovens que não conseguem chegar às televisões, há alguns maduros que já não chegam há algum tempo e outros que não chegaram tão cedo. O facto de aparecermos todos os dias na televisão dá-nos uma outra dimensão, mas isso vale o que vale.

Enquanto ator, o que é que ainda lhe falta fazer?

Falta-me fazer tudo. Basicamente eu quero fazer tudo aquilo que me dê muito prazer com pessoas com quem quero fazer e com quem gosto de fazer.

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eduardo.lopes@atelevisao.com

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