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RTP2 exibe 6 documentários dedicados ao 25 de Abril

Pedro Vendeira
12 min leitura

Rtp 22

A RTP 2 vai programar entre 22 e 27 de Abril 6 documentários, três sobre figuras relevantes no combate à ditadura e três sobre “efeitos” do 25 de Abril:

SER E AGIR

“Durante muitos anos o meu avô foi só o meu avô, mas para as outras pessoas o meu avô foi especial. Ao crescer percebi que o Côco, como nós, os netos, o chamavam, fazia coisas importantes aos olhos dos adultos.
Neste filme fujo dos típicos filmes em que os netos descobrem os avós, eu já descobri o meu há muitos anos. A minha intenção é partilhá-lo com os outros. Enquadrar o seu percurso num período histórico e contribuir para a reflexão sobre o 25 de Abril de 1974. Dar a conhecer, em conjunto com alguns entrevistados, o médico, o político e sobretudo o homem que foi João Pedro Miller Guerra.”

Para ver dia 22 de abril às 23h15.

O IMPÉRIO e os ROMÂNTICOS ARMADOS

“Ao todo contávamos com nove operacionais, nove soldados sem a recruta feita e dois oficiais generais para derrubar uma ditadura de quase meio século. Como então dizíamos, basta um fósforo para incendiar o mundo” Camilo Mortágua.

1961 marca o início do fim do império português. Do outro lado do Atlântico, um grupo de jovens corajosos comandados pelo capitão Henrique Galvão sonham em deitar abaixo uma ditadura repressiva. Esperam a chegada do Paquete de Santa Maria à Venezuela e tomam de assalto o navio, gerando uma onda de choque nacional e chamando a atenção mundial para o regime que se vive em Portugal. Pela primeira vez, Salazar olha à sua volta e não tem o apoio dos seus aliados tradicionais.

Aqueles que o regime acusa de terroristas são considerados pelos Estados Unidos como combatentes pela liberdade. Pela primeira vez na História é desviado um navio para fins políticos. Camilo Mortágua estava lá.
No mesmo ano, um voo da TAP descola de Casabranca com destino a Lisboa e durante o voo é tomado de assalto por um grupo de portugueses que pretendem distribuir panfletos em Portugal e regressar a Marrocos. Pela primeira vez na História é desviado um avião para fins políticos. Camilo Mortágua estava lá.

1967, Figueira da Foz. Um grupo armado entra na agência do Banco de Portugal e faz um assalto de cerca de 1 milhão de dólares para financiar a luta armada contra o regime, naquela que ficaria para a história como a primeira ação da LUAR. Camilo Mortágua estava lá.
Três momentos simbólicos da luta armada contra a ditadura que se vivia em Portugal. O prolongamento da guerra colonial, as condições de pobreza da generalidade dos portugueses, a inexistência da tão esperada transição pacífica para a democracia e o descontentamento entre os estudantes e os operários ajudam a criar um clima crescente de oposição radical ao regime, enquadrado por uma conjuntura internacional propícia ao ambiente revolucionário. É neste contexto que 1970 marca o desencadeamento de várias ações armadas com a ARA e as Brigadas Revolucionárias a provocarem explosões em equipamentos e instalações militares de apoio à guerra colonial.

Terroristas ou combatentes pela liberdade? Camilo Mortágua é um entre muitos que sem meios mas com um grande espírito de entrega, levaram muitas vezes ao limite a luta pela democracia. Partiu de Portugal como emigrante económico aos 17 anos, voltou como revolucionário e exilado político quinze anos depois. Foi como correio da revolução venezuelana e da revolução cubana que compreendeu a necessidade de lutar pelo seu país.
Um documentário sobre aqueles que de uma forma ousada e radical ousaram afrontar a ditadura. Com testemunhos de Camilo Mortágua, Amândio Silva, Isabel do Carmo, Carlos Antunes, Raimundo Narciso, Fernando Rosas, Ana Sofia Ferreira, Miguel Cardina, José Duarte de Jesus, Joana Mortágua e Mariana Mortágua.

Para ver dia 23 de abril às 23h15.

CAPITÃO DESCONHECIDO

Conhecemos os rostos e as histórias de Otelo Saraiva de Carvalho e Salgueiro Maia. Sabemos dos regressos de Mário Soares e Álvaro Cunhal. Vimos os cravos colocados nos canos das espingardas e o Largo do Carmo inundado de populares vitoriosos. Ouvimos e cantámos “E Depois do Adeus” e “Grândola Vila Morena”. Mas o 25 de Abril de 1974 começou muito antes dos seus sons e imagens mais icónicos. Começou nos confins da Guiné e nos matos de Angola e Moçambique, nas cabeças e nos corações de soldados e capitães, revoltados com as condições em que combatiam numa guerra que não podiam ganhar.
Nos 40 anos do golpe militar que abriu caminho à democracia, a RTP regressa aos antecedentes da revolução para recordar o Movimento dos Capitães. Para contar a história de homens como Diamantino Gertrudes da Silva, que, na noite de 24 para 25 de Abril de 1974, saiu de sua casa em Viseu sem saber se alguma vez regressaria. Homens que, muito antes da entrada em cena da política, da adesão popular ou do romantismo dos cravos, decidiram arriscar a vida para acabar com a Guerra e derrubar uma ditadura que, durante 48 anos, parecera intocável.

Para ver dia 24 de abril às 23h15.

PRIMEIRAS ENTRE IGUAIS

As Primeiras Damas da Terceira República
O que têm em comum Manuela Ramalho Eanes, Maria Barroso, Maria José Ritta e Maria Cavaco Silva? São as quatro Primeiras Damas da Terceira República cujos maridos foram eleitos democraticamente, mas são também quatro mulheres ativas, mães, profissionais, solidárias, que marcaram a política e a sociedade portuguesas.
Ver o mundo pelos seus olhos, compreender o seu percurso pessoal e profissional, perceber o que mudou nas suas vidas, como encararam o seu papel, como orientaram a família, que recordações guardam das grandes personalidades que conheceram e das situações históricas de que foram testemunhas privilegiadas, é a proposta do documentário Primeiras entre Iguais.

Para ver dia 25 de abril às 23h15.

ESTÉTICA, PROPAGANDA E UTOPIA NO PORTUGAL DO 25 DE ABRIL

O 25 de abril fará da propaganda uma desenfreada exaltação, da estética um laboratório e da utopia uma excitação.
Após o 25 de Abril de 1974, a Estética e Propaganda mais significativa está ligada aos suportes Políticos de produção rápida e na maioria das vezes de baixo orçamento como o caso dos murais políticos que preencheram as paredes de todo o Portugal. É principalmente através do uso do suporte cartaz que nos surgem alguns dos trabalhos mais relevantes desse período.

A tradição cartazista, que é transversal ao design português do século XX (foi pela mão do Fred Kradolfer que entraram em Portugal), vai encontrar no contexto do PREC e nos anos que se lhe seguem um momento de crescente Criação, sobretudo via cartaz político (onde se destacam Marcelino Vespeira, Rogério Ribeiro, João Albel Manta, Charters de Almeida, Augusto Cid, Mário Correia e Robin Fior), mas também através dos mecanismos culturais, públicos ou privados (em especial A ALTERNATIVA ZERO de Ernesto de Castro e de alguns projetos de edição própria onde se destacam as descolagens de Ana Hatherly. Com um uso mais intencional da tipografia ou da ilustração, abrem novas possibilidades, a exploração e experimentação de linguagens… um certo contexto de vanguarda português.

Por outro lado surgem os cartoonistas, Cid, Sam, João Abel Manta e Vilhena. Os projetos orientam-se num mesmo sentido: festivo, provocatório e utopicamente dialogante com todos os cidadãos.
Aparecem as ações performativas dos grupos Acre (Clara Menéres, Alfredo Ribeiro e Lima de Carvalho) e Puzzle (Albuquerque Mendes, Carlos Carreira, Dario Alves, Gerardo Burmester, Graça Morais, João Dixo, Jaime Silva e Pedro Rocha). Trazer a arte e o design para a rua não foi, contudo, iniciativa apenas de artistas e designers, foi, sobretudo, um processo que mobilizou autores anónimos, que encheram os muros e paredes com inscrições, pinturas murais e grafitis a utilizaram democraticamente os materiais impressos, sobretudo cartazes e panfletos, tornando as ruas num meio, vivo e dinâmico, por vezes caótico, de comunicação. Culminam num “diálogo entre as diferentes vanguardas” na Alternativa Zero – Tendências Polémicas da Arte Portuguesa Contemporânea concebida por Ernesto de Sousa.

Aparecem novos jornais, como a Luta, o Jornal, o Jornal Novo, O Diabo, A Rua, o Avante, o Povo Livre, etc, a par da Seara Nova, da revista Opção, do Expresso, Capital, DN, Diário Popular, O Retornado, Tal e Qual, surgem também as revistas humorísticas, Gaiola Aberta.
Depoimentos de Rui Afonso Santos, Helena Barbosa, Fernando Rosas, Augusto Cid, Charters de Almeida, Henrique Cayatte, Vítor Dias, José Araújo, Pedro Lapa, Rui Mário Gonçalves, Jorge Silva, Artur Portela.

Para ver dia 26 de abril às 21h50.

TERRA DA FRATERNIDADE

Um documentário de Lourenço de Almeida Barbosa de Carvalho
A 40 anos da Revolução dos Cravos, Portugal é novamente abalado por ventos de revolta. Alvo do descontentamento popular já não é o punho de ferro político e social de uma ditadura interna mas a austeridade económica imposta por governos estrangeiros, mercados financeiros e organizações supranacionais. Todavia, a palavra de ordem que inflama as praças continua a ser a mesma: o povo é quem mais ordena.
Um pai e uma filha, com percursos distintos mas unidos na mesma luta, guiar-nos-ão numa viagem através da revolução que foi e daquela que, porventura, virá a ser.

Para ver dia 27 de abril às 21h45.

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Amante da tecnologia e apaixonado pela caixinha mágica desde miúdo. pedro.vendeira@atelevisao.com