Na sequência do estudo de Sergio Denicoli que denuncia existirem «fortes indícios» de corrupção no processo de implementação da Televisão Digital Terrestre(TDT), a Comissão de Trabalhadores da RTP(CT) considera que a estação pública «tem sido cúmplice dos ganhos indevidos que acumulam os operadores da televisão por cabo. A cumplicidade consiste nomeadamente em permitir que o visionamento dos canais da RTP continue a ser cobrado pelos operadores do cabo, quando na verdade ninguém deve pagar para ver canais de serviço público (como aliás já acontece nos Açores e Madeira, mas só aí)».
Em declarações à agência Lusa, os trabalhadores da estação pública de televisão e rádio exigem, a inclusão imediata de «todos os canais da RTP» em sinal aberto, um objetivo a que querem obrigar o conselho de administração da empresa a atender e sugere que uma decisão assim encontre a sua legitimidade no «incumprimento» por parte da Portugal Telecom do «memorando que obrigava a PT a uma correta distribuição do sinal, num momento em que já existem milhares de queixas a atestar o contrário».
Recorde-se que conforme noticiado pel’ A Televisão, sete meses depois do apagão do sinal analógico, as falhas de sinal da Televisão Digital Terrestre portuguesa continuam, falhas que segundo Sérgio Denicoli,«poderiam ser evitadas» e que beneficiam sobretudo «grupos económicos, cujos laços com o poder político são evidentes».
.
«Por todos os motivos – e mesmo se não se provar que existiu algum ilícito -, o memorando tem de ser anulado por incumprimento», sustenta a CT da RTP, para quem a estação «é parte legítima na luta pela anulação por incumprimento e deve assumir as suas responsabilidades num processo de introdução da TDT, começando por exigir a colocação de todos os seus canais em sinal aberto».