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Sobre a TV [Parte 1]

A Televisão
8 min leitura

Após dois meses de hiatus, os Holofotes regressam com um olhar mais fresco, mais ousado e interessante sobre a televisão portuguesa. Este regresso está agendado já há imenso tempo mas, por motivos profissionais, tem sido adiado semana após semana, o que me deixou bastante triste. Evidentemente, o desejo de escrever é tanto que estou eu, à uma e meia da manhã, a escrever-vos não só porque merecem mas porque as ideias fluem como um rio em direcção à sua foz.

Regresso com uma crónica tripartida de nome “Sobre a TV”. O leitor deve estar a achar que a ideia é algo desinteressante, monótona e menos boa. Mas está enganado. Nesta primeira parte, vamos reflectir sobre os generalistas da nossa pequena caixa mágica. Numa segunda parte, passamos ao Cabo e numa terceira, à TV do mundo.

Começamos a viagem pelos generalistas: RTP, SIC e TVI.

A RTP é aquela que mais me tem agradado nestes últimos tempos.

Lado B Bruno Nogueira Sobre A Tv [Parte 1]

“O Cubo”, concurso semanal apresentado por Jorge Gabriel, tem tomado proproções brilhantes nas noites de domingo. O suspense, a pressão, os jogos, tudo culmina naquele

s singelos 50 minutos de emissão que me deixam a pedir o episódio da semana seguinte. A RTP peg

ou na ideia e fez dela, o melhor concurso, senão o melhor programa actual da nossa TV. “Lado B”, com o humorista Bruno Nogueira, tem dado, igualmente cartas. Um talk-show interessante com algumas piadas à mistura tornam-no numa boa alternativa, nas noites de sábado embora o horário tardio o desfavoreça em termos de audiência, prefazendo uma média de 4 pontos de rating durante toda a emissão.

Por outro lado, “Super Miúdos” é algo que não me chama. A ideia não é boa e o programa é pior. Não é por causa da apresentadora porque até gosto bastante da Sílvia Alberto. Contudo, a ideia perde a graça a meio do programa… Faz sentido colocarem questões difíceis a miúdos que nem cultura têm para aquilo? São espertos mas não exageremos. A ideia de ser diário não favoreceu o programa em anda, frise-se.

Onde está o Malato? Onde está o “Um Contra Todos”? Onde está “A Herança”? Eu cá sinto imensas saudades destes programas que realmente me faziam puxar pela cabeça. Não era má ideia colocarem estes dois programas a dois dias úteis da semana (apenas) e para além de se recuperar o formato, não fartavam (porque, a meu ver, acabaram porque a RTP cansou o espectador de tal overdose diária durante meses sem paragem).

Os trunfos da RTP são realmente os concursos e as suas séries. “Cidade Despida” veio dar um outro olhar sobre aquilo que se pode fazer em Portugal. Uma série policial protagonizada por Catarina Furtado, que não sendo uma excelente actriz consegue ter um protagonismo qb, sem exagerar. “Conta-me como Foi” marcou-se como a série histórica mais bela, mais interessante, mais maravilhosa da nossa televisão criando uma legião de fãs que não a deixa de acompanhar aquando da sua exibição. “Liberdade 21”, que tem estado afastada do pequeno ecrã, revelou-se, igualmente, com bastante potencial e gostaria de a rever a ocupar o horário nobre da RTP em detrimento de certos programas.

O regresso do tão amado “5 Para a Meia-Noite” marcou o início de mais uma época de Verão que promete ser divertida na companhia de Filomena Cautela, Fernando Alvim, Nilton, Pedro Fernandes e Luís Filipe Borges. Contudo, é algo estranho ver um programa com o nome “5 Para a Meia-Noite” e apenas começar perto da uma.

Como vos referi no início, a RTP é aquela que mais me tem surpreendido, nestes últimos tempos. Tem-se mostrado versátil e tem ocupado o seu primetime com programas light, perfeitos para quem quer ter um Verão descansado na companhia do Serviço Público.

A SIC é que tem estado mais apagada. Nem com os jogos do Mundial, a SIC chega àquele ponto que a faz diferente da RTP ou da TVI. Luta em vão.

“Salve-se Quem Puder” voltou. Voltou, diariamente. Má escolha da SIC, de novo. A SIC não aprendeu, no ano passado, que a fórmula SQP não funciona 5 dias por semana? É mau ver um programa bom, cair no abismo. No início, via o programa porque achava imensa piada. Mas começou a fartar-me por ser sempre a mesma coisa, todos os dias… Há gente que gosta, mas como não se pode agradar a gregos e a troianos, a SIC decide ir pelo caminho mais fácil.

“Aqui Não Há Quem Viva” voltou, igualmente. Sem ideias para comédias mais novas, a SIC apostou na repetição desta e, ao que parece, não tem desapontado Nuno Santos.

“Achas Que Sabes Dançar” continua a criar seguidores por esse Portugal fora. Tem feito furor e é uma fórmula ganha para a SIC nesta época de Verão.

Mas…Onde está o TGV? Onde está um programa de Verão ao ar livre, com água e lama e loucuras até mais não? Onde está a fórmula fresca da SIC, este ano? Supostamente, a SIC tinha comprado o formato “Wipeout” que consiste num TGV ao ar livre mas com muito mais dinamismo. Tinha. E onde está ele produzido?

A SIC está apagada, sem chama. Não admira que, por vezes, fique em terceiro lugar no ranking das audiências. Ganha o domingo e mesmo assim, tem dias. Onde está a SIC revigorada, a SIC alegre, a SIC que valia a pena ver, a SIC que Nuno Santos prometeu? Onde está?

Se a SIC está apagada, a TVI agarra-se à sua fórmula de sucesso e não a larga. 4 novelas diárias desde as 21h até às 24h é dose mas há quem aguente! Ainda hoje, uma fiel amiga referiu em conversa: “Achas que vejo alguma coisa da TVI?”. E não é só ela que partilha da mesma opinião. De facto, a TVI está direccionada, unicamente, para a faixa social dos 50+. Os programas desde o início do dia até ao fim da noite servem, unicamente, para completar os gostos de uma sociedade velha. E a TVI aproveita-se disso. Produz novelas em massa (e é de louvar o trabalho dos actores e das equipas de produção) e não se preocupa ser a sensação do momento, a que marca pela diferença. É triste ver uma televisão com potencial para mais, optar pelo caminho mais fácil.

É interessante ver que o panorama televisivo mudou drasticamente: a RTP passou a tomar a dianteira deixando as outras para trás, tornando-se a melhor opção para um Verão quente que, ainda agora começou.

Contudo, a RTP nem sempre consegue o melhor primetime e isso origina a fuga de muitos espectadores em direcção ao Cabo mas esse tema fica para outra crónica!

 

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