O leitor sabe que eu tenho uma imensa fixação por sĂ©ries. Aliás, transpareço isso nem que seja numa palavra em cada palavra de cada crĂłnica. NĂŁo obstante, decidi acompanhar a mini-sĂ©rie da TVI, que agora, a meu ver, inovou (nĂŁo muito) na sua estrutura: grafismo de notĂcias mudado e uma aposta em mini-sĂ©ries ainda que esta mudança seja muito primitiva, ainda. A meu ver, a TVI devia ter mudado o seu grafismo geral e separadores porque os que se encontram, actualmente, em exibição transbordam de teias de aranha.
Bem, depois de um pequeno comentário Ă TVI propriamente dita, opino sobre o fenĂłmeno que foi 37. Quando de inĂcio, um amigo meu mo tinha mencionado, fiquei um pouco curioso sobre o que, de facto, aquele nĂşmero representava. Eu e e ele inferimos imensas coisas e gozámos com o facto de poder ser um nĂşmero de sapato porque para alĂ©m de ser improvável, era algo…estranho. No fim, acabou por ser o nĂşmero de sapato.
Gosto da polĂtica da TVI… SĂŁo mini-sĂ©ries de 6 episĂłdios mas transmitem 3 com hora e meia de duração. Isto dá ao espectador uma ideia de querer vazar o produto ou atĂ© que a TVI prefere as suas novelas ao domingo e quanto mais depressa despachar as mini-sĂ©ries, mais tempo fica para as exibir. Esta atitude nĂŁo abona a favor da TVI porque pode fazer render o produto e nĂŁo o faz.
37 foi uma mini-sĂ©rie que me impressionou. Impressionou porque Ă© algo inovador, algo nunca antes feito cá e se já algo foi feito, foi em pequenas dimensões. Impressionou pelo seu final previsĂvel, sem nexo, completamente infundado e sem qualquer saborzinho doce que caracteriza o fantástico escritor que Ă© o Rui Vilhena.
Rui Ă© capaz de criar um produto de altĂssima qualidade, ao nĂvel de muitas produções norte-americanas e foi isso que foi mostrado nos primeiros cinco episĂłdios, ou melhor, os dois episĂłdios iniciais e um pouco do Ăşltimo. Já a Ăşltima meia-hora que correspondeu Ă descoberta do assassino, as provas surgiam como a chuva que cai do cĂ©u numa tempestade, parece que foi tudo espetado para o Ăşltimo episĂłdio, de forma a conseguirem dar um final consistente, bem feito e satisfatĂłrio ao espectador. Pois, enganaram-se. A meu ver, o final foi completamente mal arranjado e, como referi acima, muito previsĂvel porque faltava meia-hora para o final já eu sabia quem era o assassino com tanta pista Ăłbvia dada! O final nem parece que foi escrito pelo Rui Vilhena, Ă© o que concluo.
O máximo que podiam ter feito era dar mais um ou dois episĂłdios para que as pistas fossem surgindo, o suspense aumentasse ainda mais para chegar ao clĂmax da acção, o momento em que tudo converge para aquele momento de grande intensidade dramática. NĂŁo. Foi tudo ao revĂ©s. NĂŁo gostei.
Sabe, leitor, quando o assassino foi descoberto e o episódio acabou, eu fiquei boquiaberto em frente ao televisor perguntando-me se era aquele o final. E foi, de facto. O Rui podia ter dado uma reviravolta naquele final, sei lá. Algo que me adoçasse a boca. Algo que me fizesse feliz por breves instantes. Nada. Zero.
Assim concluo uma crĂłnica. Triste, desapontado. NĂŁo sei se era eu que estava com as expectativas em alta por ser o autor ou por esperar algo digno de ser em Portugal e lá fora. AtĂ© pensei que 37 podia ser algo de um franchise para outros paĂses, mas…desisti. O Rui desiludiu-me e espero que o seu prĂłximo trabalho seja ainda mais arrojado e ainda melhor e que o seu final seja bastante melhor e bastante mais chocante.