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Na Globo ganha-se milhões!

A Televisão
12 min leitura

Na Globo (Brasil), para além de boas condições na gravações das suas produções, de garantirem casa, alimentação, carro, seguro de saúde, direitos conexos e participação em lucros, há também um alto salário.

Lê na íntegra a notícia avançada pelo “Correio da Manhã”:

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Actores portugueses enriquecem no Brasil

30 mil euros por um papel na Globo

Ricardo Pereira, protagonista de ‘Como uma Onda’, em reposição na SIC, é um dos portugueses que mais ganha no Brasil. Cerca de 30 mil euros é o valor que o actor recebe por mês agora que está a gravar ‘Negócio da China’, da Globo, a segunda telenovela brasileira em que assume o papel principal. Ricardo Pereira tem este ordenado garantido até Abril/Maio do próximo ano. Mas as gravações podem continuar caso a novela, da autoria de Miguel Falabella, for um sucesso de audiências no Brasil.

Apesar de Ricardo Pereira ser protagonista, o autor de ‘Negócio da China’, cuja estreia está prevista para 6 de Outubro, nunca escondeu a admiração por outros actores portugueses, nomeadamente Teresa Guilherme, Maria Vieira e Joaquim Monchique. Falabella fez questão de os levar para o outro lado do Atlântico depois de ter escrito papéis especificamente para eles. Para Joaquim Monchique e Maria Vieira, este convite significa a primeira incursão no mundo das telenovelas.

O desejo de uma maior projecção internacional, além de uma carteira substancialmente composta, levou também outros portugueses a terras de Vera Cruz. Maria João Bastos, Joana Solnado ou Lídia Franco já rumaram ao outro lado do Atlântico, para participarem em produções ‘made in Brasil’. No entanto, para estes actores, a inclusão em telenovelas brasileiras significa, à partida, uma maior projecção internacional e a certeza de um ordenado superior ao vulgarmente praticado em Portugal. O realizador e produtor Atílio Riccó, que actualmente dirige a novela juvenil ‘Rebelde Way’ para a SIC, disse à Correio TV que os actores portugueses, por um contrato de exclusividade em Portugal, ganham por mês ‘entre 12 e 15 mil euros’. No Brasil, um actor de primeira linha como Tony Ramos, que está há mais de três décadas nos quadros da Globo, ganha, com um contrato de exclusividade, o equivalente a 33 mil euros. ‘É inegável o desfasamento entre o mercado português e o brasileiro relativamente ao investimento que se faz nos actores’, explica.

No Brasil paga-se mais do triplo que em Portugal. Até aos argumentistas. ‘Sei perfeitamente que para aceitar escrever uma novela em Portugal teria que ganhar muito menos do que aquilo que ganho no Brasil. Estou a par das condições do mercado português’, admite Aguinaldo Silva.

‘Além da experiência de conhecerem um país novo e ‘diferente’, o facto de os actores portugueses poderem contracenar com os brasileiros, mestres na representação, vale como um curso intensivo’, explica o argumentista, autor das novelas ‘Duas Caras’ e ‘Senhora do Destino’, já exibidas na SIC. Lídia Franco confirma que os actores portugueses vão ganhar ‘mais ou menos o triplo do que ganham em Portugal’. ‘É bastante compensador porque se aprende. Além disso, junta- -se dinheiro para os dias das vacas magras’, continua a actriz, que, em 1996, viajou até ao Brasil para desempenhar o papel de Guiomar em ‘Xica da Silva’, novela da extinta Rede Manchete e já exibida em Portugal na TVI. Contas feitas, Lídia Franco terá ganho, naquela altura, cerca de 15 mil euros por mês. Quem também se prepara para amealhar alguns euros extras é a actriz Maria Vieira. ‘Com certeza que vou para o Brasil ganhar muito mais. É um cachet bastante simpático’, refere a propósito da sua participação em ‘Negócio da China’. Mais de 20 mil euros é quanto a actriz deverá receber por mês. ‘Vou ganhar muito mais do que aquilo que recebia quando trabalhava com o Herman [José] e nós já éramos mais bem pagos do que a maioria dos actores que participam em novelas portuguesas’, conclui Maria Vieira. Para logo acrescentar: ‘Além do dinheiro, este convite representa muito para mim, até porque é a primeira vez que vou participar numa produção deste tipo. Quem sabe não surgirão, posteriormente, convites para representar numa novela portuguesa…’ De quantias certas é que todos se escusam a falar. ‘Não se pode fazer, de certa forma, uma tabela fixa, até porque cada actor, quer em Portugal, quer no Brasil, tem o seu valor’, esclarece Ricardo Pereira, que também participou em ‘Prova de Amor’, novela da Rede Record recentemente transmitida pela RTP 1.

Sobre a visibilidade que os actores ganham no Brasil, Aguinaldo Silva compartilha da opinião de Maria Vieira. ‘Veja-se o exemplo do Nuno Melo, que adquiriu um sucesso significativo em Portugal aquando da sua participação na novela brasileira ‘Senhora do Destino’, em 2004. Depois de fazer a novela no Brasil, onde desempenhou o papel de Constantino, não se pode negar que ele teve, justamente, um ‘upgrade’ [evolução]. Hoje faz vilões memoráveis na televisão portuguesa’, conclui o guionista brasileiro. ‘Recorde- -se, também, a interpretação do Nuno [Melo] na novela ‘Vingança’’, exibida na SIC, onde desempenhou o papel de Luís Ramalho. Já o actor, que actualmente grava ‘Equador’ no Brasil, uma produção portuguesa da TVI/Plano 6 afirma: ‘Há quatro anos, na Globo, o meu cachet era igual ao que tinha em Portugal, mas com condições óptimas que significavam um bom aumento salarial’ (ver caixa). ‘Equador’, uma série adaptada por Rui Vilhena do romance de Miguel Sousa Tavares, conta ainda com a participação de outros actores nacionais com provas já dadas no Brasil, como Maria João Bastos – que participou na novela brasileira ‘O Clone’ – e Joana Solnado, que integrou o elenco de ‘Como uma Onda’. À semelhança destes, cujos cachets aumentaram substancialmente, também outros nomes já integraram o elenco de telenovelas brasileiras, fazendo engordar a respectiva conta bancária. Falamos de Angélico Vieira, que participou em ‘Dance Dance Dance’, e Nuno Lopes, conhecido pelo seu papel em ‘Esperança’.

‘Os actores são contratados por obra e existe uma escala de valores que varia consoante o protagonismo, a experiência e a atracção que o actor exerce sobre o telespectador. E depois existem aqueles que recebem por dia de gravação’, salienta Aguinaldo Silva. Uma outra curiosidade em relação ao trabalho no Brasil deve-se aos ‘timings’ de pagamento. ‘Na Globo recebia ao mês e na Manchete à semana’, afirma o actor Nuno Melo. Contudo, Lídia Franco explica: ‘Ganhar à semana é um hábito anglo-saxão. Eu, por exemplo, quando me estreei nos palcos, com a Companhia do Teatro Estúdio de Lisboa, dirigida pela Luzia Maria Martins, recebia, tal como os meus colegas, o ordenado semanalmente, talvez porque a nossa directora vinha de Inglaterra e continuou em Portugal esse costume.’ À semana ou ao mês, o que interessa mesmo é quanto se factura. E no Brasil não é pouco.

NUNO MELO

5 A 10 MIL EUROS

Trabalhar no Brasil é uma mais-valia. ‘As condições são óptimas: aumento salarial, alimentação, carro, casa, seguro de saúde, direitos conexos e participação em lucros.’

LÍDIA FRANCO

15 MIL EUROS

A popular actriz, além ‘de juntar dinheiro para os dias das vacas magras’, diz que trabalhar no Brasil também significa ter mais tempo para si. ‘Não há assuntos para resolver.’

MARIA JOÃO BASTOS

20 MIL EUROS

Além de dinheiro, a actriz ainda ganhou a amizade de Letícia Spiller. O beijo que trocaram na boca durante um evento ficou célebre.

AS FAVORITAS DE FALABELLA

Maria Vieira e Teresa Guilherme são amigas de Miguel Falabella e, para as ter nas suas produções, o autor ‘paga-lhes’ bem. Os talentos da actriz e da apresentadora não escaparam ao olho crítico do autor, que as convidou para ‘Negócio da China’. Estão ambas confirmadas na nova produção depois de terem visto satisfeitas uma série de exigências. Teresa Guilherme vai ser paga a peso de ouro, enquanto Maria Vieira exigiu, além de um aumento do cachet inicial, condições especiais: levar o marido, Fernando Rocha, o cão, ‘Xulo’, ficar num alojamento com lavandaria, serviço de pequeno-almoço no quarto e acesso à internet – para que Fernando possa trabalhar no seu novo romance.

MERCADOS DE OURO

O actor Joaquim de Almeida confirma à Correio TV que trabalhar para lá das fronteiras compensa. ‘Um actor nos Estados Unidos da América chega a receber, por episódio, numa série televisiva, cerca de 34 mil euros’, diz. Joaquim de Almeida não tem pruridos em falar de valores – de outros actores, claro –, e ao fazê-lo confirma que o mercado internacional, nomeadamente EUA e Espanha, são verdadeiras minas de ouro para os actores nacionais. O protagonista de ‘Os Sopranos’ (RTP2), James Gandolfini, ‘chegou a receber, por 13 episódios da série, cerca de sete milhões de euros’. Outro bom exemplo está mesmo aqui à porta. Em Espanha, diz o actor português, actualmente a trabalhar e a viver na Califórnia, também se ganha bem mais do que em Portugal. De igual modo, Ana Cristina Oliveira optou por trocar o nosso país pelas terras do Tio Sam, onde já integrou o elenco de filmes como ‘Miami Vice’.

DE VERA CRUZ PARA PORTUGAL

A actriz Sílvia Pfeifer, que integra o elenco de ‘Maré Alta’, em reposição na SIC, veio para Portugal para fugir à violência do Brasil. Também Atílio Riccó, que segue firme à frente das produções da Terra do Nunca para a SIC, está no País desde 2001, ano em que foi convidado para imprimir um pouco do conhecimento brasileiro às telenovelas nacionais. Fugiu, igualmente, da violência do seu país. Já Aguinaldo Silva, autor da Globo, não descarta a hipótese de vir para Portugal escrever uma novela.

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