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Liberdade 21

A Televisão
11 min leitura

“Neste mundo de competição, em que ninguém quer revelar as fragilidades, a vitória é a única saída”.

É este o lema de Liberdade 21, uma série portuguesa produzida pela SP Televisão para a RTP que contou com 2 Temporadas e que relata o quotidiano competitivo de uma firma de advogados lisboeta, a Vasconcelos, Brito e Associados e todos os casos dos episódios são baseados em casos jurídicos reais, resolvidos por sociedades de advogados portuguesas, que os disponibilizaram à RTP.

Deixo-vos com os momentos iniciais do primeiro episódio desta produção nacional.

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Personagens Principais:

Raul Vasconcelos (António Capelo) – Um dos sócios fundadores do escritório, juntamente com Helena. Pouco ortodoxo nas suas práticas profissionais, Raul revelou-se um excêntrico, contudo, é também um homem de grande carisma. A fama e o sucesso tornaram-no cada vez mais absorvido pelo trabalho. Frontal e impulsivo não consegue calar um pensamento por mais inconveniente que possa ser, o que o coloca constantemente em situações embaraçosas.

AltHelena Brito (Ana Nave) – Divorciada. Juntamente com Raul fundou a sociedade de advogados Vasconcelos, Brito e Associados. É uma mulher cheia de garra, muito dedicada ao trabalho e capaz de tudo para ganhar uma acção. Todos sabem que é ela que tem o poder de promover ou destruir carreiras dentro do escritório, e, por esse motivo, é tratada com grande deferimento pelos advogados mais novos. Por detrás da máscara de advogada dura e implacável está uma pessoa terna, sensível e com um grande coração. Mas são poucas as pessoas que lhe conhecem as fragilidades.

AltAfonso Ferraz (Ivo Canelas) – Divorciado. Cresceu a ouvir o pai contar histórias de tribunais e isso definiu-lhe o rumo. Desde que se lembra que quis ser advogado. Foi sempre um aluno brilhante, mas muito reivindicativo, lutando pelas causas em que acreditava, e sem medo das consequências, o que lhe trouxe alguns problemas com o sistema rígido da faculdade de direito. A fama ficou-lhe, sendo considerado por todos como uma personalidade forte e combativa. Com os anos tornou-se um excelente advogado de barra, destacando-se em casos na área penal. Quando terminou o curso foi convidado para um dos grandes escritórios que procurava jovens ambiciosos. Mas como é um espírito independente e avesso a hierarquias nunca se fixou e foi saltando de sociedade em sociedade até que chegou à Vasconcelos, Brito e Associados onde lhe deram o espaço e a autonomia que procurava. Ao fim de pouco tempo passou a sócio e é, logo a seguir aos fundadores, uma das vozes mais importantes do escritório.

AltSofia Martins (Rita Lello) – Solteira. É uma mulher sedutora e muito segura de si, o que intimida a maior parte dos homens. A sua especialidade é direito da família e das sucessões. Dedica-se muito ao trabalho, mas arranja sempre tempo para sair e beber um copo ao fim da noite para descontrair. Foi namorada de Afonso no primeiro ano da faculdade, quando este era Assistente. A relação falhou redondamente, mas ficou a amizade que continua a uni-los ao fim destes anos todos. A sua vida amorosa é uma montanha russa, com um namorado novo todas as semanas, mas quando as coisas acalmam acaba por se cansar e termina tudo. No entanto, a idade está a mudá-la, e agora que percebeu não ter muitos mais anos para ter um filho vai tentar desesperadamente criar uma família. O problema é arranjar o homem perfeito.

AltPedro Pimentel (Albano Jerónimo) – Solteiro. É muito metódico, preparando os casos ao milímetro. Num primeiro contacto, ajudado pela sua boa figura, parece muito simpático e cordial, mas os colegas que o vão conhecendo melhor consideram-no frio e calculista. Dedica-se a várias áreas do direito mas a sua grande especialidade é direito comercial. Pedro é uma espécie de autómato, nunca se descontrola – não há registo de alguma vez se ter embebedado, nem nos tempos de faculdade – e essa forma de ser domina toda a sua vida.

AltFrancisco Lemos (Rúben Gomes) – Solteiro. Foi contratado como estagiário, pelo que tem seis meses para provar o que vale. Está disposto a fazer tudo o que for preciso para dar nas vistas e provar o seu valor, mas os casos que lhe vão parar às mãos são completamente insignificantes. Mas, um dia, é-lhe dada a oportunidade de trabalhar num grande caso. O problema é que a inexperiência sobrepõe-se ao desejo de vencer.

Vera Tavares (Inês Castel-Branco) – Apesar do nome sonante é apenas do braço “pobre” de uma família muito bem. Bonita, simpática, comunicativa, esperta e desenrascada, é, na realidade, um lobo debaixo de pele de cordeiro. Pouco a pouco vai revelar ser também intriguista, mentirosa, falsa, manipuladora e pouco escrupulosa, capaz de recorrer a todos os meios para atingir os seus fins: a curto prazo, ser uma das escolhidas para continuar no escritório; a médio, ser sócia do mesmo. Francisco vai ser uma das suas vítimas mais frequentes, e Pedro ora cúmplice ora rival. Curiosamente, Raul, o “engatatão mor” do reino, será o único a resistir sempre ao seu charme e sedução.

AltJúlia Paixão (Cleia Almeida) – Solteira. Apesar de ter estudado teatro no Conservatório acabou, por necessidade de sobrevivência, por se candidatar ao lugar de secretária. O currículo não se adequava ao cargo, mas como gostaram do seu ar despachado decidiram contratá-la. Júlia vai apaixonar-se por Afonso, mas não faz nenhuma investida, até porque sabe que ele ainda ama a mulher. No entanto, mantém a secreta esperança que um dia Afonso olhe para ela com outros olhos.

Razões para ver:

  • Os actores são absolutamente soberbos, principalmente o trio composto por Ivo Canelas (Afonso), Rita Lello (Sofia) para mim, os pilares da série, e Ana Nave (Helena). Papeis bem interpretados, agradáveis, que prendem a atenção. O tom exacto, na altura certa, com a dose correcta de dramatismo.
  • Embora tome como inspiração as boas séries americanas das barras de tribunais como Boston Legal, não sendo propriamente uma ideia original, estamos perante um produto interessante e inovador no nosso país, comparando com o que fizemos e tivemos no passado. Para mim é um novo passo numa nova direcção para a ficção nacional que merece ser (re)considerado.
  • Os argumentistas da série usam temas pouco explorados na ficção, embora muito focados em talk shows e afins (como o do homem que mudou de sexo e não consegue mudar o género no B.I, sendo uma forma de desmitificar tabus ainda existentes da nossa sociedade.

 

Para melhorar:

  • Os casos apresentados em alguns episódios mereciam maior desenvolvimento. Para não ficarem em aberto, muitos casos foram resolvidos “cedo” demais, sem maiores explanações, sem mais “emoção” o que poderia confundir a audiência ou empobrecer a serie.
  • O mesmo se passa relativamente aos diálogos. Apesar de brilhantemente escritos e dirigidos, muitos parecem surgidos do nada, ou ligeiramente forçados, fora do “tom”.
  • Embora procure inovar, fazendo da câmara o olhar do público, muitos episódios exageravam um pouco nas mudanças bruscas de planos.

 

Curiosidades:

  • Liberdade 21 teve um crossover com Pai à força, (quando um advogado da firma representou Miguel, um médico cirurgião plástico que se viu obrigado a criar três crianças órfãs), algo, até à data, inédito em Portugal.
  • Toda a série é filmada em estilo documentário, conferindo-lhe de mais realismo. Como se as imagens captadas pela câmara fossem os nossos próprios olhos, nunca estáveis e sempre em busca dos detalhes.
  • Vários actores do remake de Vila FaiaRita Lello, Inês Castel-Branco, Albano Jerónimo, Ruben Gomes (transmitida pela RTP na mesma época de Liberdade 21) transitaram da novela para a série bem como outros actores principais da novela que aqui fizeram aparições. Caso de Simone de Oliveira, Gonçalo Diniz, Sofia Sá da Bandeira, entre outros.
  • O cenário da Vasconcelos, Brito e Associados é o mesmo da empresa de vinhos Marques Vila. O elevador, a posição da secretária, os corredores, mantêm-se nas duas “empresas”, com decoração diferente.
  • Na reposição dos primeiros 6 episódios da 1ª Temporada (transmitidos em horário nobre e em dias úteis) a série conseguiu níveis de audiência superiores.
  • Liberdade 21 é uma referência à localização dos escritórios desta sociedade de advogados, cuja morada é Avenida da Liberdade, n.º 21.
  • Todos os episódios começam com o mesmo tema “Trânsito 21”, composto propositadamente para a série, e terminam com um dos personagens a caminhar sozinho pela baixa lisboeta ao som da música “Lonesome No More“, simbolizando a solidão interior e social dos protagonistas da série, que embora competitivos e assertórios numa sociedade cruel e dura onde só importa vencer, se revelam frágeis e débeis na sua condição humana.

 

Liberdade 21 é, portanto, uma iniciativa louvável da tv portuguesa. Uma série diferente, arrojada, com vontade de explorar novas temáticas. Por isso, acredito que o grande mérito deste produto reside aí.

Alt

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