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Black Mirror

A Televisão
5 min leitura

Os espelhos são, desde a sua “descoberta”, um dos mais interessantes objetos não só pela sua excelente morfologia que os faz os principais protagonistas de algumas séries de terror como também  como também pode ser algo com o qual, muito facilmente, nos perdemos. Digo perder porque muitos de nós se deixam iludir pelo que vêem do outro lado esquecendo-se da realidade deste lado e cuja vida é absolutamente dominada por uma imagem tão ficcional quanto uma história com dragões. Mas no meio desta “desgraça” encontramos uma vantagem nestes objectos: a análise introspectiva da nossa raça e dos costumes que esta pode ter não pondo de lado a relação com o nosso mais próximo.

E é nesta categoria que se insere uma das séries mais interessantes que vi o ano passado. Black Mirror, constituída, até à data, por uma temporada de três episódios de hora e meia cada, leva-nos a explorar três histórias muito particulares cujo objetivo serve a crítica social e a crítica aos nossos modos de viver e de agir.

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Ora, numa primeira abordagem olhamos a influência das redes sociais na população em geral e no seu domínio absoluto na opiniõ pública e, sendo eu um fã destas redes, não posso dizer que não fiquei surpreendido com tudo aquilo que me foi mostrado porque, de facto, se pararmos um pouco para pensar, seja no Twitter ou mesmo no Facebook, estas redes são especialíssimas no que toca à troca de informação pessoal que muitos de nós, por vezes, tendem a esconder.

Numa segunda abordagem, estamos presos num edifício negro cujas pessoas que lá vivem pedalam sem parar para gerar energia e pontos que vão permitir obter comida e água e realizar todas as suas tarefas de higiene básicas. E o caro leitor lê isto e pensa que o episódio não tem nada de especial. Mas desengane-se porque este foca-se na influência dos reality shows na vida dos espectadores e reforça uma posição: por mais moralistas que possamos ser, em algum momento da nossa vida, dissemos não a tudo por um momento de fama ou, simplesmente, porque com isso viveremos melhor.

Na terceira e última abordagem da série, algo mais futurista, olhamos uma sociedade cujo acesso a tudo o que são serviços públicos é feita através de uma máquina, instalada na orelha, que permite reviver tudo aquilo que nós já vivemos em algum ponto da nossa vida. Não é, claramente, uma maneira saudável de se viver especialmente se estivermos tão convisctos em alguma ideia que não desistimos antes de olhar a todas as imagens e ver o que nelas realmente se esconde.

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Se o caro leitor que me lê, hoje, pensar naquilo que aqui disse ou mesmo se decidir ver a série, poderá pensar que, apesar da história ser algo banal, a mesma tem um fundo de terror, algo que mexe connosco e nos assusta. No fundo, sabemos que tudo isto que aqui se passa é verdade mas que recusamos a aceitar uma realidade que é cada vez mais “real” e algo que definirá o nosso Futuro. Não somos ilhas mas, da maneira como tudo está, sê-lo-emos algum dia e apesar de querermos lutar contra isso, é impossível fazer frente a algo inevitável.

E o mais curioso de tudo isto é o não me lembrar do nome das personagens porque não é importante. O que realmente sobressai é a personificação que os actores fazem de todos nós, como que um estereótipo, e é isso que mais assusta em tudo isto. Somos previsíveis e dotados de uma rotina. Caminharemos, por isso, para este “fim”? Caminharemos para uma separação entre pequenas comunidades como no início dos tempos? Apesar de inevitável, podemos atrasar esta sucessão de acontecimentos? Perguntas filosóficas que nos questionamos se algum dia serão respondidas.

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