Augusto Santos Silva foi o rosto da rubrica de comentário político Os Porquês da Política e agora viu-se confrontando com uma «rescisão unilateral» do contrato que o unia à TVI, cuja comunicação terá sido feita por carta. Ainda assim, o político do Partido Socialista destaca o gosto com que participou neste formato, numa publicação sua no Facebook, transcrita em seguida.
1. Eu gosto (em breve: gostei) imenso de fazer ‘Os Porquês da Política’. É (em breve: era) um diálogo duro, exigente e sobre todos os temas relevantes da atualidade política portuguesa e europeia.
2. Tanto era assim que acedi quase imediatamente ao honroso convite da Matéria-Prima Edições para co-escrever um livro com o jornalista Paulo Magalhães (de quem me tornei amigo e admirador) sobre esses mesmos temas.
3. O livro está agora a sair. O lançamento em Lisboa será no próximo dia 7 de julho e no Porto em 13 de julho.
4. Dado o facto de entretanto a TVI ter rescindido unilateralmente o contrato e assim determinado a morte da rubrica televisiva, o livro, que tinha e tem uma origem e uma natureza completamente autónoma, vai ficar também como testemunho de como essa rubrica foi… e poderia ter continuado a ser.
5. Suponho que se chama a isto a ironia da história.
As razões que foram apontadas para esta rescisão têm a ver com as críticas que Augusto Santos Silva terá feito nos últimos tempos relativamente às mudanças de horário que o formato Os Porquês da Política vinha sofrendo. «A TVI já estará farta de comentadores inscritos em partidos políticos e, como já lá tem fartura que chegue de inscritos no PSD, não precisa de um inscrito no PS», terá publicado na sua página de Facebook e terá sido esta uma das frases que terão irritado mais Sérgio Figueiredo, diretor de informação da TVI, refere o Expresso.
O homem forte da informação de Queluz de Baixo não se alongou sobre o tema, referindo apenas que «a direção de informação da estação está muito grata pelo prestígio e qualidade de comentário que nestes últimos anos emprestou à TVI24».
Entretanto, perante a associação das críticas que fez à sua saída da TVI, Augusto Santos Silva fez a seguinte publicação no Facebook:
Imaginem por um momento que eram verdadeiras as razões que o Público diz ter apurado para o meu afastamento: as críticas públicas que fiz às alterações do horário da minha rubrica na TVI24:
1. Estaríamos perante a punição por delito de opinião, não?
2. Ou, dito de forma mais básica: estaríamos perante a dificuldade de aceitar, nos outros, a liberdade de expressão, não?
3. Outra coisa que não consigo perceber: porque é que as fontes não se assumem.
4. Liberdade de expressão é também isto: a pessoa identifica-se e fala; assim os outros podem saber com quem devem argumentar.
5. Jogo de sombras e liberdade, não me parece que rimem.
Ao Expresso, o político acaba por assegurar que «a TVI exerceu o seu direito contratual e ao exercê-lo afastou-me de antena», deixando a dúvida no ar: «não sei se tecnicamente é censura».
