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A Entrevista – Pedro Granger

A Televisão
17 min leitura

A Entrevista Pedro Granger

Popularizou-se na TVI, em telenovelas como Jardins Proibidos e Dei-te Quase Tudo, mas mais recentemente esteve a um passo de apresentar a versão portuguesa de um grande formato de entretenimento internacional, X Factor. A indecisão da SIC levou-o a aparecer no ecrã da RTP, em O Elo Mais Fraco e Festival da Canção. Está n’A Entrevista e chama-se Pedro Granger.

O PASSADO E O PRESENTE

A Televisão – Inicio esta conversa com uma pequena provocação… Sendo que o Pedro ficou conhecido por ser um apaixonado por relógios, costuma chegar atrasado aos seus compromissos [risos]?
Pedro Granger – Tenho o defeito (sim, porque hoje em dia parece que é defeito) de ser pontual. Procuro estar sempre quinze minutos antes da hora marcada. Odeio esperar, e fazer os outros esperar por mim é um conceito que não consta no meu dicionário.

aTV – Já passou pelos três principais canais portugueses. Sentiu sempre uma necessidade de mudança? O que o fez querer mudar de ares?
P.G. – Isto da vida de artista tem destas coisas. É importante não nos acomodarmos muito num sítio, não dormirmos à sombra da bananeira e procurar mudar, inovar, ir à procura de coisas novas, daí a necessidade de mudar de ares de vez em quando. Se estamos sempre no mesmo sítio às tantas não saímos da cepa torta. Já dizia o outro: “Parar é morrer”.

aTV – Como distingue cada um dos canais?
P.G. – Como distingo? [risos] Sei lá! Uma pessoa olha para a televisão hoje em dia e são os três tão parecidos. Mas continuo a achar que quem faz os canais são as pessoas, e aí sim há diferenças.

aTV – Por que razão não tem apostado na sua carreira de ator como há uns anos? Está a redirecionar a sua carreira para uma área que aprecia mais?
P.G. – Isso não é verdade. Não tem sido é na televisão. Tenho feito cinema. Ainda agora acabei uma curta-metragem, estou também a terminar um filme do Tino Navarro e já tenho mais um filme marcado para este ano.

aTV – Qual foi a série ou novela que mais o marcou fazer?
P.G. – Pois… Esta não é muito fácil de responder. A Lenda da Garça (agora em repetição na RTP Memória) foi a primeira e por isso importante, os Jardins Proibidos marcaram o arranque de uma nova TVI e também foi especial, em Sedução, do Rui Vilhena, tinha um papel bestial e em Dei-te Quase Tudo, que portagonizei com a Vera Kolodzig, continua a ser até hoje a mais vista de sempre, por isso não consigo escolher uma única série ou novela.

aTV – Ator ou apresentador, com qual delas se identifica mais?
P.G. – «Eu tenho dois amores, que em nada são iguais, mas não tenho a certeza, de qual eu gosto mais», já dizia o Marco Paulo.

aTV – Quais são as suas referências na ficção? E no entretenimento?
P.G. – Tantas! [Al] Pacino, [Robert] De Niro, Edward Norton… No entretenimento lembro-me que uma das principais razões que me fez querer fazer o Ídolos foi ter gostado da dupla inglesa de apresentadores, o Ant & Dec .

aTV – Qual foi o programa de entretenimento que mais gostou de integrar?
P.G. – O Rédea Solta [transmitido na TVI24 em 2009] foi muito especial porque era um programa apresentado, escrito e desenvolvido por mim, mas estaria a mentir se não dissesse que foi o Ídolos [da SIC]. Aquela primeira edição, então! Foi uma lufada de ar fresco na televisão na altura.

aTV – Como vê esta febre dos remakes televisivos, quer de produtos de ficção quer de repetição de formatos de entretenimento?
P.G. – Quando são bons vejo bem, quando são maus simplesmente não vejo. Mas, por exemplo, quando a SIC voltou com o Ídolos achei uma ótima ideia. Claro que fiquei com pena de não poder aceitar o convite para apresentar a nova edição porque estava na TVI, mas vistas bem as coisas, o programa foi muito bem feito pelo João [Manzarra] e pela Cláudia [Vieira], e acabou por ser importante nas vidas deles como as duas primeiras edições foram para mim e para a Silvia [Alberto].

aTV – Desde o ano passado que as audiências têm estado envoltas em polémica. Qual é a sua opinião sobre este novo sistema de medição de audiências no nosso país?
P.G. – Não vou comentar esse assunto, peço desculpa. Sou ator e apresentador, não sou programador nem diretor, cada macaco no seu galho, cada galinha na sua capoeira.

A RTP

aTV – Como avalia a sua prestação em O Elo Mais Fraco? Voltaria a aceitar o convite para apresentá-lo?
P.G. – Foi muito divertido. Foi-me pedido pelo Hugo Andrade (diretor de programas da RTP) e pelo Frederico Ferreira de Almeida (diretor da Fremantle) para apresentar o programa num registo mais divertido, mais gozão, diferente do feito até agora, e foi muito engraçado o processo de construção daquela “personagem” que apresentava o programa. Foi engraçado ver que as pessoas de início estranharam mas depois foram aderindo cada vez mais. Principalmente os mais novos. Fomos o primeiro quiz show deste género que conseguiu uma adesão enorme do público mais nov. Eram para ser 60 programas e acabámos por fazer quase 200. E claro que voltava a apresentá-lo.

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aTV – Como qualifica a experiência de dar a cara pelo Festival da Canção? Tem pena que a RTP não aposte nele para este ano?
P.G. – Era uma coisa que queria fazer há muito tempo. Isso e apresentar os Jogos sem Fronteiras [risos]. Claro que tenho pena mas acredito que é só uma fase passageira e que daqui a um ou dois voltamos a fazer.

aTV – Qual é o seu ponto de vista no que concerne à privatização da RTP?
P.G. – Hum… Acho que é importante haver pelo menos um canal público, mas no estado em que as coisas estão, e mantendo pelo menos um canal público, um canal privado novo é mais que bem-vindo, é quase essencial para ver se isto tudo abana um bocado. O mercado está praticamente estagnado e mesmo com a queda de publicidade a que se tem assistido, era bom haver um novo “player” [jogador] para ver se isto anima.

A SIC

aTV – De que modo a SIC evoluiu no que diz respeito à ficção?
P.G. – Imenso. Só quem for completamente maluco da caixa dos pirolitos poderá dizer o contrário. Não nos podemos esquecer que há quase 15 anos a SIC teve o Médico de Família que marcou a ficção nacional no nosso país, mas desde a , e sem contar com os telefilmes, a SIC nunca conseguir furar com a sua ficção. Hoje em dia há uma aposta séria e de enorme qualidade, o que é bom para a estação, para o público e para todos os profissionais que trabalham nesta área.

aTV – Esteve há mais de um ano a um passo de estar na SIC a apresentar a versão portuguesa de X Factor. O que realmente aconteceu?
P.G. – Havia essa possibilidade, sim, mas como sabe o programa acabou por não ir para a frente.

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aTV – Ainda pode vir a apresentar esta adaptação, por exemplo, em 2013?
P.G. – Nunca escondi que é o programa que mais quero apresentar, mas tendo em conta a conjetura atual do nosso país, acho pouco provável.

aTV – Como foi regressar à antena, embora que por poucas horas, no programa da SIC Vale Tudo? Significa este aparecimento que o Pedro possa vir a participar em futuros projetos nesta casa?
P.G. – Foi de chorar a rir (tirando uma ou outra nódoa negra com que acordei no dia a seguir). É um programa simples mas muito bom, eficaz e muito bem feito, que prova como se pode fazer boa televisão nos tempos que correm. Quanto ao voltar à SIC, sou um ator e apresentador que está no mercado, sem exclusividade com nenhum canal, podendo por isso trabalhar em todo o lado.

A TVI

aTV – O que o fez sair da TVI, em 2011?
P.G. – Em 2011 decidi não renovar o contrato de exclusividade que tinha com a TVI porque queria fazer outras coisas profissionalmente. Queria fazer cinema , apostar mais na apresentação e na TVI o que tinha para fazer era a segunda edição da Casa dos Segredos, coisa que não queria mesmo . Como disse no inicio desta entrevista às vezes é preciso mudar, sair do sítio de onde estamos, ir à procura de outros desafios.

aTV – Como classifica o estado atual de produção ficcional da TVI?
P.G. – Eu não sou crítico de televisão (o que quer que crítico de televisão seja ou queira dizer) mas penso que mesmo havendo menos dinheiro (e isso às vezes nota-se no resultado final) a TVI, e a Plural, mais concretamente, continua a ser uma grande produtora de ficção nacional.

aTV – Vê-se a regressar, num futuro próximo, à TVI? Já recebeu, desde a sua saída, algum convite?
P.G. – Já recebi mais do que um. Não pude aceitar porque estava a fazer outros trabalhos, e não vejo razão nenhuma pela qual, mais tarde ou mais cedo, não regresse à TVI, muito pelo contrário. Tal como já disse, isto de estar no mercado também tem algumas vantagens. Estar disponível para trabalhar em todos os canais é uma delas.

aTV – Teceu recentemente no seu Facebook elogios a Luís Cunha Velho. Acha que finalmente a TVI está em boas mãos?
P.G. – Claro que elogiei o Luís. Só o podia elogiar mesmo. Poucas pessoas conhecem e percebem tão bem a TVI como ele. O Luís é um grande profissional, uma grande pessoa. A TVI está em boas mãos.

aTV – A TVI estava a ser mal gerida pelos antigos diretores?
P.G. – Desde a saida do Zé Eduardo [Moniz] que a TVI já conheceu melhores e piores timoneiros. Acho que o barco tem agora um bom comandante. Bom não, muito bom.

aTV – É do conhecimento público a amizade que nutre pela Júlia Pinheiro. Como olhou para a guerra alimentada pela imprensa com a Teresa Guilherme? A Casa ficou a ganhar ou a perder com esta perda e consequente aquisição?
P.G. – Já trabalhei e gosto muito da Júlia mas também gosto da Teresa. Sobre essa “guerra” não tenho nada a dizer, e quanto ao programa não me parece que seja uma questão de ter ficado a ganhar ou perder mas sim do próprio conteúdo. A Júlia puxava mais pelo lado dos segredos, que eram a matriz do programa, e a Teresa vai mais pelo lado “Big Brotheriano” da coisa. São abordagens diferentes, há quem goste mais de uma e quem goste mais de outra.

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aTV – Porque criticou a atual Casa dos Segredos na sua página de Facebook? O reality-show piorou desde a primeira edição, na qual participou como apresentador?
P.G. – Eu não critiquei o Secret Story , simplesmente pus um post a dizer que era domingo à noite e não havia nada para ver na televisão. Não se deve cuspir no prato onde já se comeu, mas também não devemos perder o espírito crítico sobre as coisas . Não é uma questão do Secret Story ter melhorado ou piorado. Está diferente, e isso é inegável. Hoje em dia é um reality show mais sensacionalista que aquele que a Júlia, a Leonor [Poeiras] e eu apresentámos. Há quem goste mais, há quem goste menos. Quanto a mim é simplesmente um formato do qual eu não sou o maior fã, daí nao ter querido fazer a segunda edição.

O FUTURO

aTV – A parceria com Sílvia Alberto fez sucesso na antena da SIC. Faria sentido recuperar essa ligação a longo prazo, ainda que noutro canal?
P.G. – Claro que sim. Aliás, não foi por acaso que o Hugo Andrade decidiu pôr-nos a apresentar o Festival da Canção juntos, coisa que segundo a reação do público correu muito bem. Gosto mesmo muito de trabalhar com a Silvinha. Aliás, penso que trabalhar em dupla com ela ou com a Leonor Poeiras faz e fará sempre sentido. Por alguma razão digo que a Nônô e a Sininho são as minhas meninas.

aTV – Já integrou os mais diversificados projetos em televisão. Que programas ainda lhe faltam fazer?
P.G. – Espero que muitos, caso contrário é mesmo “arrumar as botas e ir para casa”. Em televisão gostava de fazer mais comédia.

aTV – O que difere no Pedro do início da sua carreira com o de agora?
P.G. – Para alem das rugas, a alegria de muitos projetos que gostei muito de fazer, algumas desilusões e um muito maior espirito crítico e seletivo.

aTV – A que estação gostaria hoje de vir a participar num projeto?
P.G. – Isso depende do projeto, claro!

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aTV – Vê-se a deixar o mundo da televisão?
P.G. – Sinceramente? Às vezes só apetece mesmo bater com a porta e ir pregar para outra freguesia, mas acho que acontece isso em todas as profissões. Mas depois, vistas bem as coisas, há projetos e pessoas que valeram e valem tanto a pena .

aTV – Divulgou-me recentemente, em declarações ao A Televisão. que o seu regresso à TV estava a ser negociado. Em que ponto se encontra?
P.G. – Como tenho estado a fazer cinema não pude aceitar alguns projetos, houve um outro que acabou por não ir para a frente, por isso estou agora na fase de conversações para este novo ano. Eu gosto de fazer televisão mas tenho andado por outras paragens. e vistas bem as coisas… nem só de televisão vive o homem. [risos]

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